Por Luigi Torre
Sexy sem ser vulgar nunca fez tanto sentido, nem foi tão atual. Com a moda pedindo por normalidade, o closet sensual passa por algumas reformulações. Conforto máximo, praticidade acima de tudo e imagem discreta são as palavras de ordem.
O novo sexy tem muito a ver com naturalidade. Aparece em transparências discretas, em detalhes nas costas ou no próprio modo de usar a peça. Mais do que a pele nua e crua – superexposta –, um sedutor jogo de esconde-e-revela. Uma sensualidade velada, que instiga mais pelo que cobre do que pelo que está à mostra. Exige imaginação, sem entregar, pronta e facilmente, o que realmente se deseja.
A imagem é muito mais sofisticada e elegante. Não por acaso, próximo ao je ne sais quoi das mulheres francesas. Pense em Carine Roitfeld, diretora global de moda de Bazaar, pense na diva Caroline de Maigret e na atriz Léa Seydoux, também perfilada nas páginas desta Bazaar (pág. 214). Impossível ser mais sexy do que elas. O cinema francês, aliás, tem sido uma das principais vitrines para essa nova abordagem. A alta sensualidade (e sexualidade) do filme Azul É A Cor Mais Quente é explícita em muitas cenas, mas igualmente presente naquelas que as antecedem. Algo parecido acontece no mais recente filme de François Ozon, Jovem e Bela.
A moda acompanha tudo isso. Olhe para o crescente sucesso do franco-americano Joseph Altuzarra e terá o melhor exemplo. Combinações simples de camisa e saia-lápis, com alta dose de sensualidade. Christopher Bailey, com seus vestidos soltos para o resort 2015 da Burberry, atinge o mesmo objetivo. Por aqui, Alexandre Herchcovitch e Reinaldo Lourenço são alguns dos que já vêm, há algumas temporadas, apostando nesse caminho.
Faz sentido. O momento socioeconômico não é dos mais animadores. Reformas e recuperações ainda são sentidas fortemente em alguns países. Sem contar na crescente instabilidade política dos mais recentes acontecimentos na Europa e no Oriente Médio. E já que ninguém vive sem sexo, mesmo em tempos menos festivos, melhor que seja de uma forma discreta. Em linguagem popular, comendo quieto.