Gucci verão 2016 - Foto: divulgação

Gucci verão 2016 – Foto: divulgação

Por Luigi Torre

A imagem é, de fato, vintage. A visão e atitude, contudo, é das mais atuais e relevantes na moda. Com apenas três coleções, Alessandro Michele, foi capaz de redefinir a imagem da Gucci por completo.

Em sua segunda temporada, seus códigos já estavam claros (ainda que não 100% entendidos) para todos os ali presentes — muitos dos quais já os carregavam no próprio corpo (a marca já colhe, em altos números de vendas, os frutos das mudanças): o resgate de elementos do passado, a estética geek, a mistura de tecidos exuberantes e supertrabalhados, os efeitos trompe l’oeil. Para o verão 2016, tudo ganha continuidade.

Agora, ainda mais colorido, excêntrico e livre. Como se o estilista, mais à vontade e seguro, aumentasse seu tom de voz. Sua colagem de referência e suas pesquisas se a profundam. Se antes os anos 1970 falavam mais alto, agora é difícil apontar uma década ou período específico. É tudo junto e misturado. Renda com lurex, com bordados, com tricô, com couro. Curto, mídi, longo, justo, solto. Um caos criativo dos mais desejáveis, e de descrição e definição quase impossível. É sensorial.

Como justificativa Michele cite o conceito de dèrive, dos Situacionistas. Segundo eles, caminhando pelas cidades guiados por instintos (e não mapas), colecionamos memórias, emoções e símbolos. Sem lógica, sem regras. Bem como se processo criativo — livre e emocional.

E bem como nossas vidas hoje, com bombardeios contínuos e 360o de imagens e informações. Alguma dúvida sobre a a forte ressonância de suas coleções?