Por Anna Paula Buchalla
Uma ótima notícia acaba de ser divulgada por cientistas americanos: a descoberta de um novo hormônio que pode aumentar a expectativa de vida em até 40%. Uma pesquisa da Universidade Yale, nos Estados Unidos, e recém- publicada na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, identificou que o hormônio, batizado de FGF21, protege o sistema imunológico dos efeitos da idade e pode ainda ajudar a tratar obesidade, câncer e diabetes tipo 2. Pode estar aí a fórmula para o superremédio da juventude.
Não é de hoje que os cientistas buscam nos hormônios respostas e promessas de uma vida mais longa e saudável. Afinal, já se sabe que eles são a chave de tudo: do humor ao peso, do sono às emoções. Graças aos avanços na biotecnologia, é possível fabricar hormônios quimicamente idênticos aos produzidos pelo organismo. Há os gerados pelos músculos que agem nas células de gordura; os que provocam fome e emitem sinais de saciedade; tem aqueles que comandam o metabolismo (sim, são justamente os que têm o maior poder de fazer engordar ou emagrecer), os que fornecem energia às células e os que determinam o ritmo de funcionamento do coração.
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Em duas áreas da medicina, o uso dessas substâncias tem se revelado particularmente atraente: nos tratamentos antienvelhecimento e na perda de peso. Terapias à base de hormônios vendem a promessa de um corpo mais magro, com músculos, com mais disposição e menos doenças. “A reposição hormonal hoje se aplica aos principais hormônios do corpo, com funções diversas”, explica o endocrinologista Maurício Hirata, diretor da Clínica Biohirata. “Mas isso não é uma receita de bolo: há benefícios, mas também riscos envolvidos”, alerta.
GH, o hormônio do crescimento, DHEA, melatonina, estrógeno, progesterona, testosterona… São muitas as opções de doses e combinações hormonais com a promessa de revigorar, emagrecer e devolver a juventude perdida. “Mulheres que sofrem ondas de calor, insônia, desconfortos, secura vaginal e perda de libido se beneficiam muito da reposição de estrógeno e progesterona”, diz o endocrinologista. Mesmo ponderando os perigos que a terapia de reposição hormonal, a TRH, oferece ao coração (estudos a associaram ao aumento do risco de infartos, derrame e câncer de mama), em muitos casos o tratamento é mais do que indicado. “Costumo dizer às minhas pacientes que a fase que antecede a menopausa, por volta dos 40 anos, é uma segunda puberdade piorada, já que as alterações dos hormônios provocam efeitos negativos, como rugas e aumento da gordura abdominal.” O aumento de peso nesta época pode chegar a uma média de 10 quilos. “Na menopausa, a reposição de hormônios femininos melhora o sono, as queixas relacionadas à perda de humor ou de libido somem, e a pele e o cabelo melhoram”, diz. “Para evitar os riscos, utilizo doses mínimas de estrógeno, o que provoca menos efeitos colaterais, e progesterona em intervalos maiores, de dois meses, por exemplo.”
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Homens com níveis baixíssimos de testosterona podem também tirar o melhor da dosagem extra. “Se a reposição não ocorre, o paciente pode ter depressão, desânimo, baixa de libido e perda de massa óssea e muscular”, afirma o médico. Mas há ressalvas na TRH, segundo Hirata. Ele cita como exemplo o hormônio do crescimento, o GH, apontado como a substância da juventude. “Ele possui efeitos estéticos inegáveis, como perda de peso e ganho de músculo, mas também provoca o crescimento de células tumorais”, alerta.
O assunto está em alta nos Estados Unidos, e, ao que tudo indica, a chave da vida mais longa pode mesmo estar nos hormônios sintéticos, com estrutura química e molecular exatamente igual à dos produzidos pelo organismo. Mas, infelizmente, essa matemática não é tão simples. Seus níveis no sangue são difíceis de medir e de regular por causa das variações fisiológicas. “Também faltam estudos que atestem a eficácia e a segurança a longo prazo da maioria deles”, afirma Hirata. Mas o futuro aponta para tratamentos promissores: um deles está quase saindo do forno. Pesquisadores descobriram recentemente que a irisina, hormônio com ação nas células de gordura, fez com que roedores emagrecessem o equivalente a 4 quilos em seres humanos em apenas dois meses. Pode estar aí o próximo super-hormônio para perda de peso. Será?