
Untitled #92 (1981) – foto: divulgação
MAIS NOVO MUSEU de Los Angeles, The Broad atraiu cerca de 500 mil visitantes em oito meses. Pois chegou a hora de substituir a exposição inaugural do acervo pela primeira grande individual. A escolhida é a americana Cindy Sherman, que não tem suas obras expostas na cidade há duas décadas. Para Cindy Sherman: Imitation of Life, o curador Philipp Kaiser escolheu 120 obras da artista que se relacionam com cinema – um caminho natural para a capital da sétima arte. “Trata-se de um resumo bem completo da carreira da artista entre 1975 e 2016, mas, ao mesmo tempo, enfatiza a relação dela com a cultura cinematográfica”, diz Kaiser à Bazaar. “Parecia um ângulo óbvio para seu público em LA.” O próprio título da mostra já faz referência ao longa Imitação da Vida (1959), de Douglas Sirk. “Estou particularmente empolgado, porque Sherman criou dois enormes murais baseados em fotografias antigas com retroprojeção, que convidam o visitante a entrar em seu mundo.”
Desde que Eli e Edye Broad, criadores do museu a partir de seu acervo, descobriram a fotógrafa na década de 1980, adquiriram mais de 120 de seus trabalhos. “Ela é uma das mais influentes artistas contemporâneas vivas, se não a mais”, diz Kaiser, que foi diretor do Museu Ludwig,em Colônia, e curador do Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles (Lacma) e do Museu de Arte Contemporânea em Basel. “Seu trabalho disseca identidade e representação no âmbito da cultura de massa. Por se fantasiar e se fotografar, ela gera obras de intensa beleza e perturbação, apropriando-se da linguagem do cinema, da televisão, da propaganda e até de grandes pinturas. Sua persistência em focar no eu fragmentado por mais de 40 anos é radical e única.”
Nas séries de fotografias, Sherman atua sozinha, multiplicando seus papéis: é diretora, fotógrafa, maquiadora, cabeleireira, figurinista e modelo. Sua obra brinca com estereótipos femininos por meio de personagens e ambientações diferentes. Assim, discute o próprio papel das imagens no mundo contemporâneo.

Untitled #70 (1980) – foto: divulgação
A exposição traz algumas de suas séries mais famosas, como Film Stills (1977-1980), Centerfolds (1981), Fairy Tales (1985), Historic Portraits (1989-1990), Sex Pictures (1992) e Clown Pictures (2003-2004). “É difícil escolher minhas favoritas, mas sempre fui enamorado das primeiras Film Stills”, afirma Kaiser, sobre a sequência inspirada em produções hollywoodianas dos anos 1950 e 1960, no filme noir e no cinema de arte europeu. “A maneira como ela pulou de série em série ao longo dos anos é extremamente fascinante. Cada uma responde às outras, as contradiz e as expande, criando um cosmos único que está sempre sendo reinterpretado.” Cindy Sherman: Imitation of Life também apresenta o longa Office Killer (1997), dirigido pela artista, e é acompanhado de um catálogo de 144 páginas com ensaio do curador e uma conversa entre Sherman e a cineasta Sofia Coppola.
Nascida em Glen Ridge, Estado de Nova Jersey, em 19 de janeiro de 1954, Cindy Sherman estudou Artes Visuais no Buffalo State College. Começou se dedicando à pintura, mas a trocou pela fotografia por achar que nada mais podia ser dito com tintas. Ao longo da carreira, fez várias colaborações com o mundo da moda, de Rei Kawakubo a Marc Jacobs, criando propagandas e fazendo editoriais, inclusive para a Harper’s Bazaar. Sua Untitled #96 (1981) foi vendida, em 2011, por US$ 3,89 milhões, um recorde para a época. De 11 de junho a 2 de outubro :: thebroad.org