Por Cibele Maciet
Acostumada com os holofotes, Svitlana Golovchenko começou cedo, aos 19 anos, a trabalhar para grandes marcas, como Gucci, Chanel e Yves Saint-Laurent. Cinco anos depois, mudou de métier e foi parar no marketing de grifes de luxo em agências de Nova York, onde acabou estudando arte.
Na Big Apple conheceu o conterrâneo Robert Mishchenko, espécie de gênio em seu país que, aos 15 anos, lançou uma revista que estampou rostos conhecidos como os de Poppy Delevingne, Erin O’Connor, Andreja Pejic. EM 2015, lançaram juntos a March11, marca que estourou e apresentou à moda internacional o estilo eslavo e a vyshyvanka, trabalho minucioso de bordados feitos à mão bem tradicional, que aparece em blusas e vestidos.
Svitlana decidiu fazer uma pausa. Ela abandonou a parceria e retornou ao seu país em tempos de conflito com a Rússia: o desejo de frequentar a universidade e estudar psicologia falou mais alto. Dois anos depois, a estilista de 30 anos retorna à moda, sua paixão desde a infância. A partir daí, lança sua própria etiqueta, a Svitlaya, contração de seu nome, que significa luz, brilho. “Minhas coleções são inspiradas na natureza, principalmente nas delicadas flores miosótis e peônias, e oliveiras”, conta.
Os requintes de detalhes são visíveis. “Na minha primeira coleção de verão, usei tecidos como linho e seda em mangas bufantes, decotes com borlas artesanais, caftãs. Blusas e vestidos foram bordados com flores e frutas em cores primárias e suaves”, explica. “Me inspirei nas estampas ucranianas do século 19 para os bordados, que são cortados e costurados manualmente, a partir da técnica appliquée.“
Na coleção de inverno, apostou em galhos e ramos de flores em tecidos nobres, como veludo e algodão, com bordados de flocos de neve e rosa-chá. O universo da marca é misterioso e lúdico, passando por looks joviais e fluidos. “A faixa grossa com pompom é feita com miçangas vindas da Republica Tcheca, para marcar a cintura de camisas e minivestidos, um dos temas-chave da coleção”, diz. Os tecidos são importados da Itália, mas tudo é feito na Ucrânia, com três ou quatro costureiras trabalhando em cima de cada peça.
“A ideia é criar obras de arte, e não simplesmente costurar bordados em vestidos. Cada peça é única e uma combinação de cores e elementos particulares”, conta ela, que depois de se dedicar a outras áreas, diz que achou o equilíbrio na moda. A fase de estabilidade também passa pela vida pessoal. Svitlana planeja um filho para o próximo ano. “Encontrei meu par e já estou trabalhando assiduamente no assunto”, brinca.