Antonia Frering

Atriz Antonia Frering – Foto: Divulgação

É indiscutível que Antonia Frering tem uma mente fervilhante e criativa. Seja fazendo crescerem as plantas da horta que cultivou durante a pandemia, seja com quadros no Instagram ou dando vida a papéis no teatro, televisão e cinema, seu impulso por criar a mantém ativa, com uma energia louvável e um alto astral contagiante. Em seu trabalho mais recente nas telas, ela interpreta Deise, mãe da personagem de Isabelle Drummond na comédia “Minha Família Perfeita”, que estreia nesta quinta-feira (25.08) nos cinemas.

“É um filme leve, suave, gostoso de ver. Sabe aquele filme que você sai feliz? Eu acho que dá prazer ver esse filme. Está uma graça, indico”, brinca Antonia, que mudou o visual para adotar as madeixas num tom de mel e as roupas mais largas da personagem. “Queria mudar mesmo, tanto que na hora as pessoas falavam que não estavam me achando no trailer. Eu gostei daquela proposta diferente.”

Elenco de “Minha Famílai Perfeita”, em que Antonia Frering interpreta mãe de Isabelle Drummond – Foto: Divulgação

Mudança não é uma palavra estranha ao vocabulário da atriz. Decidiu perseguir a carreira quando já era mãe de três filhos, apesar do desincentivo de quem estava ao redor. Inclusive de uma indústria – e uma sociedade, no geral – que cultua a juventude e culpa as mulheres pela passagem natural do tempo, de forma desproporcional em relação aos homens.

Os exemplos são vários: Brad Pitt, 58, e George Clooney, 61, são considerados símbolos sexuais até hoje. Meryl Streep, por outro lado, recebeu três convites para interpretar bruxas no ano em que completou 40. O recado não fica muito mais claro do que isso.

Nesse mundo que persegue incessantemente a juventude, Antonia preferiu correr atrás dos seus sonhos, sem pensar em barreiras. “Não existia um problema porque acho que eu não tinha que explicar nada para ninguém, mas sempre havia questionamentos. ‘Agora que seus filhos cresceram você foi fazer isso?’ Sim, fui. Estou fazendo meu trabalho, estudando, tenho direito de fazer o que for e a vida proporcionar como qualquer outra pessoa”, declara, com ponto final. 

Agora, Antonia usa o que aprendeu para incentivar outras pessoas a continuarem alimentando sua criatividade. Para quem a acompanha no Instagram – são mais de 300 mil seguidores por lá –, não restam dúvidas de que ela tem muita sabedoria a compartilhar. No quadro “De Repente 50”, são várias dicas para uma vida mais plena, independentemente da idade. Mas, a principal, segundo ela, é esta:

“Acho que o mais importante mesmo é você ficar feliz com seus anos, com as suas vitórias, as suas conquistas. E pensar em quantas outras conquistas você terá pela frente. Eu bato muito nessa tecla porque escuto muito o seguinte: ‘Agora não dá mais, meus filhos já saíram de casa, já me aposentei’. Eu tento fazer tudo que eu posso para melhorar a minha cabeça e a minha saúde. Você precisa saber que tem a oportunidade de continuar criando.”

Antonia Frering – Foto: Divulgação

Para alguém que começou com a experiência física intrínseca aos palcos, o Instagram foi uma das formas que ela encontrou de continuar se reinventando. Tudo começou com pílulas bem humoradas na pandemia, mas foram surgindo muitas dúvidas de etiqueta. Em um universo onde a onda é estar a postos para apontar o dedo ao próximo, ela decidiu nadar contra a correnteza.

“Não sou muito apaixonada (por etiqueta). Mas tinha tanta gente pedindo tanta coisa. Eu consegui encontrar um jeito suave de fazer, até com o cotovelo à mesa para conversar. Estou ali para falar como eu faço, não para falar que como eu faço obrigatoriamente está certo”, ressalta.

Falando em mesa, ela prepara outro lançamento que nasce neste mês. Trata-se de uma linha de louças, velas, candelabros e artigos de decoração, em parceria com a Cian Candle, que promete encantar seus seguidores que amam lifestyle.

Fugindo das imposições do que os outros acham ideal, Antonia tem aprendido que o melhor estilo de viver mesmo é saber lidar bem com as próprias limitações. “O perfeito é o que eu consegui fazer de melhor, o que eu consegui dar naquele dia naquele momento”, define.

Apaixonada por entregar de si para os outros, ela lembra que, em primeiro lugar, é preciso “cultivar a si mesma”. “Até porque para você dar de si você tem que estar bem com você, senão você não consegue dar de você, ajudar ninguém, criar nada. É uma coisa que as pessoas meio que esquecem, cuidar de si próprias.”

Como toda mente inquieta, ela propõe mais questionamentos do que respostas. As soluções milagrosas, sabemos, caem por terra com o passar dos anos. A única certeza que fica é a importância de continuar propondo novas reflexões a cada dia. “Acho que isso é o gostoso da vida, você nunca querer parar de aprender”, resume. Afinal, enquanto há o que aprender, é tempo de arregaçar as mangas, se jogar no mundo e continuar criando.