Fernanda Fehring – Brown’s Hotel Londres

Por Fernanda Fehring

“Quando estou em Londres, eu não fico em hotéis, eu fico no Brown’s” – a famosa frase atribuída a Winston Churchill resume bem o que este hotel representa. Era o preferido na capital inglesa do mais emblemático primeiro-ministro inglês, e há razões de sobra para isso.

Muita gente não sabe, mas o Brown’s – que completa 185 anos de existência – é o hotel mais antigo de Londres e sua história se confunde com a da própria cidade. Muitos episódios históricos se passaram ali, como a primeira ligação telefônica da Europa feita por Alexander Graham Bell, ou o livro “The Jungle Book” escrito por Kipling no próprio hotel.

Fato é que o hotel vem recebendo hóspedes ilustres desde a sua abertura, que vão desde a Rainha até Jacques Cousteau, mas mesmo para um hotel com tamanha tradição, o Brown’s apresenta um frescor, um aconchego e uma leveza admiráveis.

O lugar é inglês por excelência e sua importância histórica e beleza de seus ambientes os torna um dos mais interessantes e charmosos hotéis da cidade. É, incontestavelmente, um dos endereços mais elegantes de Londres, mas o serviço oferecido no hotel, apesar de extremamente profissional, tem uma informalidade absolutamente adorável.

O hotel

A história do Brown’s começa em 1837 quando James e Sarah Brown – então mordomo e “lady-in-waiting” do renomado poeta Lord Byron e sua esposa – adquiriram uma casa em 23, Dover Street, que seria a primeira das 11 townhouses que formam o hotel hoje em dia. O local é batizado de Brown Private Hotel e sua abertura coincide com o início da era Vitoriana, já que a Rainha Vitória ascende ao trono, aos dezoito anos, exatamente neste mesmo ano – mais tarde, a própria rainha vira cliente regular dos chás da tarde do hotel.

Nos anos seguintes, mais townhouses são adquiridas e em 1860 o hotel é vendido à Família Ford, que continua sua expansão e adquire o St George’s, um hotel adjacente que é fundido com o Brown’s. A partir de então, o local torna-se ponto de encontro dos membros das casas reais europeias e da elite política americana.

O Brown’s serviu também de refúgio literário para muitos escritores como Mark Twain, JRR Tolkien, William Faulkner, Somerset Maugham, George Orwell, Rudyard Kipling, Stephen King e Agatha Christie – que supostamente baseou seu livro At Bertram’s Hotel no próprio Brown’s.

Em 2003, o hotel foi comprado pelo renomado grupo hoteleiro Rocco Forte, capitaneado pelo patriarca da família, o hoteleiro Sir Rocco Forte, seus filhos Lydia, Irene e Charles, e sua irmã Olga Polizzi – cofundadora e diretora de design do grupo. A aquisição foi seguida por uma enorme renovação e reforma, com um investimento de 24 milhões de libras.

A compra do hotel por um grupo hoteleiro tão forte e sólido foi importantíssima para manter uma verdadeira joia como o Brown’s em plena forma. O grupo Forte conseguiu manter intacta a aura de ícone que o hotel carrega há tanto tempo e adicionou uma pitada de frescor e modernidade à propriedade. Junte-se a essa combinação um serviço de excelência alegre e informal, e o resultado é um dos hotéis mais encantadores da Inglaterra.

Localização

A localização do hotel é simplesmente espetacular! Situado no coração de Mayfair, um dos bairros mais exclusivos da capital inglesa, o Brown’s fica a poucos minutos de alguns dos pontos mais bonitos e visitados de Londres, como o The Mall e Buckingham Palace.

O bairro é um microcosmos do que há de mais elegante na cidade. Seja na moda, através de algumas das lojas mais sofisticadas da Bond Street, seja nas artes, com a conceituada Royal Academy of Arts e as galerias de arte da Cork Street, e até na gastronomia, com alguns dos bares e restaurantes mais renomados de Londres. A informalidade descolada e a força criativa do Soho, a poucos quarteirões dali, trazem um toque de charme e irreverência para a região.

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Mas se a vontade for apenas passear e aproveitar a beleza da cidade, o Brown’s está também maravilhosamente situado, já que está cercado por cinco dos mais lindos parques de Londres, como o Green Park e o St James’s Park, os belíssimos Hyde Park e Kensington Gardens, e o divino Regent’s Park.

Acomodações

O hotel conta com 115 quartos e 32 suítes, mas como suas acomodações foram espalhadas por várias townhouses, a propriedade mantém uma atmosfera intimista, e a sensação de estarmos em um hotel butique é real.

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Há oito categorias de quartos diferentes e todas são bastante espaçosas, com dimensões que variam entre os, já generosos, 28 metros quadrados do executive room, até os magníficos 160 metros quadrados da Kipling Suite. Esta última faz parte do portfólio Signature Suites que têm características como lustres de cristal, pé direito altíssimo e molduras nas paredes, e são consideradas algumas das mais bonitas de toda Londres.

Em 2019, os quartos passaram por uma reforma e ganharam ares mais leves e modernos, com estofados de veludo, cortinas em tons neutros e camas king superconfortáveis. Todos contam com wifi, cafeteira, minibar, cofre e têm vista adorável para a Abermale ou Denver Street. Os banheiros são espaçosos e as amenities, supercheirosas, foram desenvolvidas por Irene Forte.

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Gastronomia

A gastronomia do Brown’s é excelente. O restaurante do hotel, o encantador Charlie’s, serve café da manhã, almoço e jantar em um espaço amplo e adoravelmente decorado. Com um lindo papel de parede de flores e pássaros, sofás de veludo em estilo retrô e abajures espalhados pelas mesas, o ambiente tem um ar irresistivelmente romântico e sofisticado. And very, very British!

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No comando da cozinha, o chef executivo Adam Byatt, dono de uma estrela Michelin, e o chef de cozinha Matthew Sterling, apresentam uma culinária muitíssimo saborosa. No menu, clássicos ingleses e europeus como crab Arnold Bennet (minha pedida), Salmão defumado servido comme il faut – cortado no carrinho em frente ao cliente, e fígado de vitela com purê de batatas. Tudo absolutamente divino!

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Aos domingos, os jantares no Charlie’s são regados ao som de jazz a partir das 19 horas – um dos programas mais gostosos da cidade. Na hora do almoço, é servido também o Sunday Roast, ou cozido de domingo, considerado um dos melhores de Mayfair.

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Mas o hotel ainda tem outros dois espaços lindíssimos em sua propriedade. O Drawing Room é o deslumbrante salão que serve o chá da tarde recheado de delícias como scones, finger sandwiches e fumegantes potes de chá. O ambiente, que conta uma performance divina do pianista Tobey Malone tocando sucessos de Cole Porter, Ella Fitzgerald e Frank Sinatra, é deliciosamente poético.

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E para completar, o Donovan Bar é uma das estrelas do Brown’s e um endereço conhecido mundo afora por quem ama um bom drink, já que foi eleito um dos melhores bares do mundo. O bar ocupa um espaço intimista e sofisticadíssimo, inspirado na vida do renomado fotógrafo dos anos 1960 Terence Donovan. Por trás da carta de drinks, um dos grandes mixologistas do mundo, Salvatore Calabrese, não decepciona com suas criações irresistíveis.

Na entrada do bar, uma surpresa para os hóspedes: a garrafa de conhaque mais antiga do mundo datada de 1733 e com direito a certificado de autenticidade. O preço de uma dose dessa relíquia? Seis mil libras esterlinas!

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Wellness

O hotel leva muitíssimo a sério o assunto “bem-estar” e oferece uma ótima academia, com personal trainers disponíveis sob demanda, um excelente spa subterrâneo com três salas para tratamentos faciais e corporais e ainda um mapa com rotas de corrida nos parques adjacentes – para aqueles que não dispensam seu jogging matinal.

O Brown’s conta ainda com quatro bicicletas antigas Pashley e disponibiliza uma cesta de piquenique com pequenas delícias para serem degustadas durante um passeio sobre rodas. O hotel oferece ainda um mapa com uma rota de bike sensacional que passa por alguns dos mais importantes monumentos londrinos.

Se houver programa mais charmoso e irresistível do que esse eu desconheço.

Brown’s Hotel
33 Albemarle St, Londres
W1S 4BP, Reino Unido
roccofortehotels.com
@browns_hotel

@fernandafehring é formada em Hotelaria, Gastronomia e Turismo pela Universidade de Surrey, na Inglaterra, e em Cozinha pela École Le Cordon Bleu, de Paris. Foi expatriada por 18 anos, morando em países como Inglaterra, Alemanha, China, França e África do Sul. Mas é no Rio de Janeiro que Fernanda se sente mais feliz. Formada pela McQueens de Londres, Fernanda teve um ateliê de flores durante seis anos no Rio. Trabalha atualmente como curadora de viagens e colunista, e sua grande paixão são as viagens de natureza e de isolamento. País preferido no mundo? África do Sul. Viagem dos sonhos? Alasca.