Quando se fala em força muscular, há tabus que ainda rondam o universo feminino. Um deles é achar que isso tem a ver com homens e que mulheres não podem ter músculos delineados por conta dos baixos níveis de testosterona. De fato, um homem adulto possui entre 241 e 827 ng/dl (nanogramos por decilitro de sangue) desse hormônio relacionado à hipertrofia (aumento da massa muscular). Mulheres adultas têm entre 14 e 76 ng/dl. Mas, na prática, o cenário não é desfavorável como parece. “Tudo é questão de programar o treino de acordo com o objetivo desejado”, avisa Luiza Fellet, profissional de educação física, dona do Studio Personalizzare Vip Training, de Piracicaba (SP).
Segundo ela, se uma mulher tem predisposição genética e faz um treino de musculação com cargas elevadas, vai aumentar a massa muscular e a força até em regiões como braços e tronco. “Ficar pouco ou muito musculosa tem mais a ver com as particularidades de cada uma, com alimentação e treino, já que não existe uma receita de bolo que sirva para todas”, diz. Sim, o volume de massa muscular a ser conquistado fica a critério e gosto de cada mulher, lembrando, ainda, que força não está necessariamente ligada a hipertrofia, já que dependente de outras fatores, como a adaptação dos músculos ao movimento que se realiza.
É importante também salientar, trazendo a questão para o campo estético, que corpo bonito e equilibrado leva em conta a simetria, quando se busca o aumento da massa muscular, qualquer que seja a proporção dela. Em outras palavras, todas as regiões do corpo devem ser exercitadas igualmente dentro de suas características. É preciso garantir, por exemplo, que pernas e glúteos não destoem de tronco ou braços e vice-versa. “E o mais importante: estar ciente de que o ganho de força, que vem, de fato, da massa muscular, independentemente do volume dela, é uma necessidade de toda mulher. A estética é mera consequência”, diz Luiza.
A profissional de educação física selecionou alguns bons motivos para se buscar essa importante aptidão física através de um treinamento eficiente, seguro e individualizado. Isso, aliás, é o ponto de partida da metodologia Personalizzare, adotada no estúdio dela, que segue ferramentas próprias de treino, levando em consideração a necessidade e características de cada mulher em adquirir força. Eis os motivos para você ser forte:
Autoestima
Oras, quem não se sente bem tendo força na medida certa e de sua vontade, de modo que a musculatura salte aos olhos? Isso é um conceito básico de saúde mental: se estamos felizes na própria pele, a vida fica mais leve.
Longevidade
Viver mais, com qualidade, passa pela manutenção da massa muscular, engrenagem importante no bom funcionamento do aparelho locomotor. Quando se tem músculos fortes e saudáveis, é possível garantir, entre outras funções, o direito de ir e vir sem a ajuda de terceiros, principalmente com o avanço da idade. A partir dos 36 anos o corpo começa a perder massa muscular. E isso pode atingir níveis patológicos, caso você não se cuide. Você já ouviu falar de sarcopenia? Trata-se da diminuição global e progressiva da força e da massa muscular. Considerado uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS), esse problema atinge até 13% das pessoas com mais de 60 anos e 50% com mais de 80. Ou seja, é imprescindível exercitar os músculos agora para não ter que correr atrás do prejuízo depois.
Prevenção de doenças
A hipertrofia, que é uma das adaptações fisiológicas que leva ao aumento de força, impacta na diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares, como cardiopatias e hipertensão, e metabólicas, como obesidade, diabetes e osteoporose.
Emagrecimento
Você entendeu: músculo e queima de gordura têm tudo a ver. Antigamente a redução ou manutenção do peso pedia atividade aeróbica como corrida, caminhada ou bike, além, claro, de dieta. A ciência mostrou, no entanto, que ajuda muito fazer um trabalho de ganho de massa muscular e, consequentemente de força, pois o metabolismo (processo de transformação dos nutrientes em energia) fica mais acelerado mesmo quando você está relaxada assistindo televisão. Afinal, há demanda calórica para manter a musculatura adquirida. Há estudos que apontam que esse gasto é de 13 calorias por dia, em estado de repouso, a cada quilo de músculos. “Evidentemente, isso faz parte de um plano global de eliminação de gordura em excesso, que não descarta a seleção de alimentos que se consome, já que dificilmente alguém consegue manter ou perder peso sem qualquer critério à mesa, mesmo fazendo exercícios e tendo uma montanha de músculos”, diz Luiza.
Rendimento esportivo
Imagine o que seria de uma tenista ou corredora sem força muscular. Por razões óbvias, ela não teria qualquer condição de se sair bem na modalidade. E não é apenas uma questão de desempenho. Provavelmente, viveria machucada, pois músculos fortes garantem a sustentação de importantes peças do corpo, como as articulações do joelho. “Isso também serve, nas devidas proporções, às pessoas que praticam qualquer modalidade esportiva por puro prazer ou entretenimento”, afirma Luiza. Aliás, quem é “atleta de ocasião” está ainda mais vulnerável a lesões por não possuir um condicionamento de base, que passa pelo ganho mínimo de força muscular.
Boa postura
O mesmo princípio se aplica ao alinhamento corporal: musculatura forte em regiões que dão sustentação à coluna ajudam, por exemplo, a evitar desvios de qualquer natureza. É preciso, ainda, garantir um equilíbrio de força em regiões opostas, porém interligadas, como peitoral e costas, para que o corpo fique no prumo certo. Aqui caímos de novo na questão da simetria, que abrange tanto o lado estético quando o de funcionalidade dos movimentos”, diz Luiza.
Cotidiano sem perrengues
Mesmo que você não seja uma esportiva nata de qualquer nível, adquirir força é importante para que o seu dia a dia seja, digamos, mais tranquilo ou menos penoso. Por exemplo: na hora de subir ou descer uma ladeira, quando tiver que carregar uma sacola mais pesada, abrir um vidro de palmito ou deslocar os móveis do lugar durante uma repaginada da sala.
Gravidez
Gestantes também se beneficiam com o ganho de força que, aliás, pode ser adquirido durante esse período, através da atividade física, mediante aval médico. “Isso também tem a ver com a questão de simetria e postura corporais, já que o eixo de equilíbrio muda à medida que a barriga cresce. Sem contar que musculatura pélvica forte é útil na hora do parto”, afirma Luiza. Tem mais: controlar o peso durante a gestação, que passa pelo trabalho muscular, é importante para evitar o diabetes mellitus tipo 2, que provoca infecções, entre outras complicações. De acordo com estudo feito no Hospital Albert Einstein, em São Paulo (SP), o risco de diabetes é 7.5 vezes maior em mulheres que apresentam quadro de obesidade no início da gestação.