Por Cecilia Madonna Young
Honesto, melancólico e emocionante. Essas palavras descrevem o som de Phoebe Bridgers, uma cantora de 28 anos que fará sua estreia nos palcos brasileiros neste domingo (06.11) durante o festival Primavera Sound, na capital paulista. Com músicas trazendo claras referências ao rock acústico de artistas como PJ Harvey e Fiona Apple, a jovem já tem no seu currículo dois álbuns solos, “Stranger in the Alps” e “Punisher”. Além disso, possui um álbum com sua banda Boygenius (junto a Julien Baker e Lucy Dacus), com o grupo chamado Better Oblivion Community Center (junto a Conor Oberst, conhecido por seu trabalho no Bright Eyes) e um dueto com a gigante Taylor Swift.
Com quase dois milhões de seguidores no Instagram, Phoebe se parece com qualquer garota normal com questões e dúvidas que pessoas de sua idade estão enfrentando ao buscar seu lugar no mundo. Quando questionada sobre um futuro terceiro álbum, ela foi honesta e contou à Bazaar que não tem nada em mente. Pelo menos por enquanto. “Não sei dizer se vou me interessar pelas mesmas coisas. Se vai ser o que sempre fui ou se vai haver uma separação de quem já fui”, filosofa.
Uma dessas pessoas que Phoebe Bridgers já foi é uma punisher (justiceira, em tradução livre), mas cujo significado para ela tem outro sentido – e batiza seu mais recente álbum. “É alguém que não sabe que é desinteressante. Sinto que isso vem com uma sensação de certa superioridade”, explica. A faixa-título descreve a relação de fã entre ela e o seu ídolo, Elliott Smith (morto em 2003, aos 34 anos de idade), mas Phoebe comenta que ser punisher não é algo exclusivo aos músicos. “Pode ser o novo namorado da sua mãe, que tem uma política horrível, ou alguém que está tentando te explicar algo que você já sabe. Ou está tentando te dar um elogio, mas apenas insultando você, por exemplo”, explica.
A cantora recorda de um encontro recente, com um estranho na rua, que foi punisher com ela. “Uma pessoa veio até mim e falou: ‘eu não escuto suas músicas, mas minha irmã te ama, então nós temos que tirar uma foto’. Por que ele não apenas mentiu?”, ela conta, rindo. Quando o papo é as suas letras de suas músicas, Phoebe diz não ter muito medo de se expor: “Acho que sempre me desafio a me manter interessada, sem preocupação sobre quem vai ouvir isso depois. Essa é a melhor maneira de ser honesta no seu trabalho. Não estou realmente preocupada com o que as pessoas vão pensar sobre o que escrevo”.
A cantora também se mostra bem relaxada em relação a qualquer tipo de interpretação de terceiros sobre as suas canções. “Gosto disso. Às vezes, as pessoas veem coisas que não pretendia retratar e que eu nem sabia que estava fazendo. Fico presa nas imagens da minha cabeça, então gosto quando as pessoas apontam coisas que não vi”.
Após cancelar a sua vinda ao Brasil, em março deste ano, a cantora americana contou à Bazaar como está animada para conhecer esse ânimo e amor do público brasileiro. “Adoro ver as diferenças entre tocar em diferentes países”, confessa. “Gosto quando as pessoas cantam alto, isso mostra que elas estão se divertindo e isso me faz sentir bem. Conheço algumas pessoas que odeiam e eu não sou uma dessas. Gosto quando vejo as pessoas animadas, então estou realmente muito ansiosa.”
Primavera Sound
Phoebe Bridgers se apresentará para uma plateia calorosa e animada no segundo dia da primeira edição brasileira do festival Primavera Sound, que acontece neste fim de semana (entre os dias 5 e 6 de novembro), na Arena Anhembi, mas com programação espalhada por toda a cidade de São Paulo.