
Cantora apareceu com o cabelo mais escuros em evento britânico, realizado no início do mês (Foto: Max Mumby/Getty Images)
Ellie Goulding sentiu uma espécie de conexão humana e com a natureza durante o período da pandemia. Sem soar piegas, vale frisar. Durante o período de lockdown severo, a cantora britânica mudou da badalada capital londrina para o interior da Inglaterra, deu à luz seu primeiro filho, Arthur Ever, de seu relacionamento com o marchand Caspar Jopling e lá se dedicou aos estudos na música, como tocar violão e piano e, também, à composição. “Tenho escrito consistentemente. Por alguma razão, quando vou ao estúdio, quero escrever músicas animadas e não baladas”, conta ela à Bazaar – de volta à sua casa em Londres.
“Amo o álbum (Brightest Blue, seu anterior), mas desta vez é sobre se mover, cantar e se divertir um pouco mais do que o normal ou apenas escapar através da dança”, complementou em entrevista por videochamada em agosto passado quando ainda não podia divulgar muitos detalhes sobre o aguardado trabalho. Com os cabelos mais escuros, e após o lançamento dos singles Easy Lover (com Big Sean), Let it Die e All By Myself (parceria com Alok e Sigala), a cantora anunciou na semana passada o lançamento do seu sexto álbum Higher Than Heaven (Universal Music), previsto para o dia 3 de fevereiro de 2023. “Estou ansiosa para que ouçam este álbum, abracem e dancem. Encontrem sua própria sexualidade e escapismo a este mundo maluco”, escreveu a cantora ao anunciar o álbum nas redes sociais junto com a setlist. Leia a íntegra do papo em que fala sobre a nova era, música e o lado empresária:
Harper’s Bazaar – Gostaríamos de saber sobre a mensagem por trás dessa nova era…
Ellie Goulding – É muito mais sobre eu gostar de cantar, escrever e de usar a dance music como escapismo que vem acompanhada disso. Foi um momento difícil para todos nós durante a pandemia. Então, meu primeiro pensamento foi fazer um álbum dançante, não de baladas. Brightest Blue foi muito o que aquela época representava. Amo o álbum, mas desta vez é sobre se mover, cantar e se divertir um pouco mais do que o normal ou apenas escapar através da dança.
HB – Quando te entrevistamos no lançamento anterior, você estava se mudando para uma fazenda, bem no comecinho da pandemia. Como as coisas funcionaram para ti lá e pode ser sentida na música, agora?
EG – Fiquei mais criativa durante o lockdown. Percebi que estava evitando tocar violão, escrever… De repente, tive esse tempo livre e me reconectei completamente com a natureza. Fiz tantas caminhadas lindas. Morávamos em uma cabana em Oxfordshire (distante 90 km de Londres) porque meu marido (Caspar Jopling) estava estudando em Oxford na época. Ele ia para lá todos os dias e eu ficava sozinha em casa. Lia livros, caminhava, me exercitava – o que é algo esclarecedor para mim. Limpa a minha mente.

Cantora em performance no The Earthshot Prize 2022, no MGM Music Hall, nos Estados Unidos (Foto: Chris Jackson/Getty Images)
Era a primeira vez, em muito tempo, que passava um tempo sozinha. Consegui escrever muita música e acabei voltando ao estúdio. Fui forçada a fazer coisas fora da minha zona de conforto, como tocar meu violão. Percebi que tinha de aprender minhas músicas no violão, mas nem todas eu escrevi nele. Então, foi bom. Foi um desafio, mas gostei. Como se apresentar no banheiro, no (programa do) Jimmy Fallon, e coisas assim…. Foi interessante. Tenho boas lembranças dessa época. O mundo havia parado e isso parecia uma coisa boa. Apesar de ninguém saber para onde o futuro estava nos levando, foi uma chance de, realmente, sentir que tínhamos uma conexão universal pela primeira vez.
HB – E você aprendeu algo mais, além de tocar suas músicas no violão?
EG – Estava tocando um pouquinho de piano, algo que normalmente não faço. Fiz muitos bolos. Corri bastante (ao ar livre) pelas rodovias enquanto estavam livres, sem trânsito. Foi muito lindo! E a área que nós moramos tem lindos campos. Foi bastante pitoresco.

Capa do álbum, previsto para ser lançado em 3 de fevereiro de 2023 (Foto: Reprodução)
HB – Como se deu a escolha do nome do álbum, Higher Than Heaven, e qual a mensagem por trás dele?
EG – Não pretendo me renovar completamente. Esta é apenas outra versão de mim que existe desde que me tornei mãe (de Arthur Ever), na pandemia. Escrevi durante toda a gravidez e estava escrevendo depois que dei à luz – em maio de 2021. Tenho escrito consistentemente. Por alguma razão, quando vou ao estúdio, quero escrever músicas animadas e não baladas. Mais sobre como está se sentindo, acreditar e seguir os instintos.
HB – Você trabalhou com Greg Kurstin para o início dessa nova era, em Easy Lover. Pode nos contar quem mais está entre as produções?
EG – Trabalhei com um produtor chamado (Hudson) Kuz, que já fez bastante coisa. Tem trabalhos com Dua Lipa (Levitating, Love Again e Boys Will Be Boys). Ele é ótimo, canadense… Também trabalhei com Andrew Wells, que faz coisas voltadas para o Rock, mas que já assinou produções para Halsey. Também tem Lostboy (Peter Rycroft). Ele é um gênio, fez muitas músicas de pop britânico e assinou Let it Die, o que é incrível…
HB – E o que pode dizer sobre o single All By Myself, que fecha o álbum, previsto para fevereiro?
EG – A música é sobre quando sente que está perdida em um relacionamento, não é quem costumava ser, ou está dizendo a alguém que você não gosta (mais) e precisa acabar com isso. É como se alguém não fosse a melhor versão de si mesmo por causa de um relacionamento ruim. É dar aquele conselho: “é preciso cortar”.
HB – E qual ritmo liga as faixas ou o que estava ouvindo em estúdio, que pode ser um fio condutor e pode ser sentido como reflexo nesse novo momento?
EG – Esta é a minha era mais dançante. E, ao ouvir você, preciso pegar essa lista (pausa para pegar o celular) Jamie XX, Christine and The Queens. Active Child, Normani, Khalid, Francis and the Lights, Kanye e James Blake. Estes estão na playlist geral, da vida. Na de academia, por exemplo, tem Diplo, Beyoncé, Fred Again, Kendrick Lamar, Burna Boy, Wizkid, The Blaz… É bem diverso, vai em todos os lugares… Mas não acho que o álbum soe como algo parecido.
HB – Você pensou em alguma outra colaboração para este álbum?
EG – Não. Mas estou pensando em fazer algumas colaborações (para o próximo ano). Sei que alguns artistas podem gostar, nós gostamos de estender a mão… Mas espero que as coisas aconteçam um pouco mais organicamente, como conhecer alguém em estúdio. Mas, colaborações femininas, eu preciso fazer.
HB – Muitos artistas estão fazendo seu début em outras áreas, como marcas de cosméticos. O que você gostaria de lançar, que esteja fora do espectro musical?
EG – Qualquer coisa que faça, seja na beleza ou de moda, teria de ser focada em sustentabilidade e coisas recicláveis, biodegradáveis…. Produtos mais sustentáveis e ecologicamente corretos, porque não acho que precisamos de mais coisas materiais. Precisamos começar a pensar em como reutilizar, reciclar… Se fizesse uma comida ou uma bebida, seria. Tem uma bebida (da qual é dona, chamada Served Hard Seltzers), uma bebida gaseificada, feita com frutas descartadas, que as pessoas acabam não usando. E os lucros vão para instituições de caridade ambientais. É também o primeiro seltzer neutro em carbono. Fazendo o bem, coisas boas vão para um bem maior.