“Estar em um set onde o feminino pulsa muda tudo”, afirma Emanuelle Araujo sobre “Olhar Indiscreto”

Nas últimas semanas, manchetes sobre o teor sexual e a abordagem do universo de BDSM da série “Olhar Indiscreto” provavelmente cruzaram suas redes sociais ou navegação por portais de notícia – principalmente, quando o assunto é Cléo, personagem de Emanuelle Araujo. “Para além da parte sexual, existe uma parte psicológica da Cléo que é muito comprometida. E isso foi um grande desafio para mim. Tive que pesquisar bastante, estudar sobre esse universo, até para compor esses lados todos”, conta a atriz, em entrevista à Bazaar, sobre o tópico que mais a chamou a atenção na produção e que, para ela, não ganhou o espaço merecido na mídia.

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O thriller psicológico da Netflix conta a história de Miranda (Débora Nascimento) e suas habilidades de espionagem, que acabam sendo utilizadas para vigiar sua vizinha de frente, a prostituta de luxo Cléo. Quando a personagem de Emanuelle viaja e pede que Miranda cuide de seu cachorro, a hacker mergulha no universo da pessoa que costumava assistir, se emaranhando em uma trama de assassinato e paixão.

“Logo que li o roteiro, percebi que era uma série bem instigante. A Cléo tem várias facetas. Quando a Luciana [de Oliveira, diretora geral da produção] me convidou, ela disse ‘estou te convidando para fazer três personagens’ e é verdade. A Cléo tem toda uma virada, em que ela começa de uma forma e se transforma em outra. Foi muito bom realizar e ver o sucesso pelo mundo”, comenta.

Emanuelle conta que, quando recebe um roteiro, não se preocupa com os caminhos dele, mas, sim, com o quão bom é a personagem e a história. Quando esses dois fatores a convencem a participar da produção, a atriz mergulha em qualquer que seja o universo em que sua personagem gira em torno. “Com a Cléo foi assim. Mergulhei no universo que é, sim, sexual, em que ela tem total liberdade. Pesquisei isso, como faço com meus personagens. Mas Cléo é bastante diferente de mim em vários aspectos, o que acho uma delícia, porque adoro compor uma psique que não seja a minha e percorrer mundos que não estou acostumada”, explica.

Por ter esse universo amarrando a produção, a atriz pesquisou sobre os temas sexuais sem tabus ou preconceitos, para se aproximar o máximo possível da liberdade que ela representa. Mas, um dos maiores desafios para ela, foi se blindar do peso emocional que envolve contracenar uma história com uma forte carga psicológica. Nos últimos anos, Emanuelle Araujo acredita que conseguiu desenvolver ferramentas para criar um corte entre a personagem que desenvolve por tantos meses e sua vida pessoal. A artista não divide detalhes, mas confirma que criou rituais tanto para entrar quanto para sair dos personagens, conseguindo se distanciar e viver sua vida fora do trabalho.

Um dos pontos que gera mais orgulho na atriz é a mensagem que a série carrega para o mundo ao ser um thriller psicológico liderado por mulheres. “Trabalho há muito tempo nesse mercado, então estou acostumada com os ambientes masculinos. Estar em um set onde, antes de qualquer coisa, a gente já percebe o feminino pulsando ali, isso muda tudo: a visão, o comportamento, o diálogo, a comunicação. Estamos falando de uma plataforma que está em mais de 190 países. Ou seja, são culturas femininas diferentes, não apenas o universo feminino brasileiro. Por exemplo, a série ficou em primeiro lugar durante várias semanas na Turquia, que é um lugar onde o empoderamento feminino está sendo necessário”, afirma.

Na entrevista feita entre compromissos e preparação para o Carnaval, Emanuelle promete que 2023 vai ser um ano cheio de projetos que demonstram o leque de possibilidades em sua carreira. Além da divulgação da série, a artista cita uma série de comédia gravada na Bahia, o longa musical sobre Sidney Magal e Magali (em que interpreta a mãe de Magali) e o filme “O Barulho da Noite”, dirigido por Eva Pereira, como alguns trabalhos que serão acrescentados ao seu currículo.

“Fico muito aberta para o que vem, mas também aceito aquilo que bate no meu coração. Às vezes, existem propostas de personagens que não sinto que cabem no meu momento, no que estou sentindo. E outros, como a Cléo, sinto que é exatamente o momento”, finaliza sobre as possibilidades do futuro.