Mugler, inverno 2022 – Foto: Reprodução/WWD

O retorno da Mugler às passarelas – depois de um hiato de dois anos preenchido com fashion films disruptivos – começou com um mix de agonia e alívio. O primeiro sentimento surgiu entre os convidados que, no último dia da semana de moda de Paris, atravessaram a capital francesa no frio de 0ºC até Grand Halles de la Villette, ao norte, para assistir ao espetáculo.

Mugler, inverno 2022 – Foto: Reprodução/WWD

Em clima claustrofóbico, muitos se amontoaram nas portas da sala do desfile e os mais fashionistas, com looks que iam pouco além de corpetes e meias-arrastão, esperavam pelo início atrasado da apresentação enquanto tremiam. Quando os seguranças permitiram a passagem, a visão era de um templo industrial – com direito a um altar no fim da passarela, cujos degraus serviram mais tarde como palco para as modelos.

Mugler, inverno 2022 – Foto: Reprodução/WWD

O que seguiu foi uma experiência voyeurista. O espetáculo foi eletrizante e erótico, com visuais desfilados em alta-velocidade e com uma trilha sonora de ritmos eletrônicos, étnicos e pop. Amber Valetta, Eva Herzigova, Irina Shayk, Shalom Harlow, Adut Akech e Arca fizeram parte do elenco poderoso que desfilou enquanto uma enorme tela reproduzia os melhores closes da passarela.

Mugler, inverno 2022 – Foto: Reprodução/WWD

No lado oposto à “escada”, que recebeu performances coreografadas ao longo da apresentação, uma cortina massiva abria ocasionalmente para revelar uma sucessão quase infinita de modelos, cada uma representando o melhor do DNA Mugler: provocação, sensualidade, rebelião.

Mugler, inverno 2022 – Foto: Reprodução/WWD

Na passarela, um carrinho sobre um trilho permitia que as mulheres atravessassem a sala em segundos e, da primeira fila, aqueles que se aventurassem a inclinar demais para olhar de perto podiam perder a cabeça. Valia o aviso: “cuidado com o fetiche!”. No fim, entretanto, não houve quem não a tenha perdido. Havia glamour e muito hedonismo e, não fosse pela Geração Z presente em peso na sala de desfile, bem poderia ter sido uma cena dos anos 1980.

Mugler, inverno 2022 – Foto: Reprodução/WWD

Couros, tules, transparências, recortes e mamilos fizeram da atmosfera um espetáculo sensual digno de roubar a atenção de qualquer sex shop disputado do Boulevard de Clichy. E se as dançarinas do Moulin Rouge estivessem na plateia, teriam achado seus próprios figurinos conservadores demais.

Mugler, inverno 2022 – Foto: Reprodução/WWD

Ainda assim, a vulgaridade passou longe. Casey Cadwallader, diretor-criativo da marca desde 2017, vai muito além de só rimar “provocação” com “sofisticação”. Nas mãos dele, esses dois opostos aparentes se fundem e se materializam diante dos olhos sedentos do mundo da moda.

Mugler, inverno 2022 – Foto: Reprodução/WWD

Depois do orgasmo fashion, foi impossível apenas se “deitar e dormir”. Os franceses, como de costume, acenderam um cigarro. Todo o resto continuou em êxtase para a after-party, que fechou a temporada em grande estilo.

Mugler, inverno 2022 – Foto: Reprodução/WWD