Nesta terça-feira (25.07), é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data foi estabelecida pela Organização da Nações Unidas (ONU), durante o primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingo, na República Dominicana, em 1992.
A data tem como objetivo exaltar a luta e resistência das mulheres contra o racismo e a violência dos quais são vítimas. Em homenagem à data, reunimos oito obras de mulheres negras que você precisa ler – veja as sinopses abaixo:
“Heroínas Negras Brasileiras em 15 Cordéis”, Jarid Arraes
Há anos, a escritora Jarid Arraes tem se dedicado a recuperar e contar a história de mulheres negras que foram verdadeiras heroínas brasileiras, mas cujas trajetórias não são lembradas. Em uma coletânea de cordéis, a autora resgata a memória de Tereza de Benguela (que liderou o quilombo de Quariterê), Luisa Mahin (que transmitia bilhetes secretos durante a Revolta de Malês), Eva Maria do Bonsucesso (mulher escravizada que encarou um amigo de Dom Pedro I), entre outras.
“Quando Me Descobri Negra”, Bianca Santana
“Tenho 30 anos, mas sou negra há dez. Antes, era morena.” É com essa afirmação que Bianca Santana inicia uma série de relatos sobre experiências pessoais ou ouvidas de outras mulheres e homens negros. Com uma escrita ágil e visceral, denuncia com lucidez – e sem as armadilhas do discurso do ódio – nosso racismo velado de cada dia, bem brasileiro, de alisamentos no cabelo, opressão policial e profissões subjugadas.
“Cartas para a Minha Mãe”, Teresa Cárdenas
Na obra da autora cubana, uma menina escreve cartas para sua mãe morta. Através delas ficamos sabendo que teve que ir morar com a tia e as primas, que não gostam dela. Não se cansam de lembrar que deveria fazer um esforço para disfarçar sua cor e ficar mais parecida com uma pessoa branca. A autora das cartas começa lentamente a descobrir um mundo além de seus problemas familiares. À medida que faz amigos ― entre outros, um jovem que também tem problemas com a família e uma velha que é ao mesmo tempo jardineira e bruxa ― suas feridas começam a cicatrizar.
“Por um Feminismo Afro-latino-americano”, Lélia González
Filósofa, antropóloga, professora, escritora, militante do movimento negro e feminista precursora, Lélia Gonzalez foi uma das mais importantes intelectuais brasileiras do século XX, com atuação decisiva na luta contra o racismo estrutural e na articulação das relações entre gênero e raça em nossa sociedade. Com organização de Flavia Rios e Márcia Lima, Por um feminismo o livro reúne um panorama amplo da obra desta pensadora tão múltipla quanto engajada. São textos produzidos durante um período efervescente que compreende quase duas décadas de história ― de 1979 a 1994 ― e que marca os anseios democráticos do Brasil e de outros países da América Latina e do Caribe.
“Ponciá Vicêncio”, Conceição Evaristo
A história de Ponciá Vicêncio descreve os caminhos, as andanças, as marcas, os sonhos e os desencantos da protagonista. A autora traça a trajetória da personagem da infância à idade adulta, analisando seus afetos e desafetos e seu envolvimento com a família e os amigos. Discute a questão da identidade de Ponciá, centrada na herança identitária do avô e estabelece um diálogo entre o passado e o presente, entre a lembrança e a vivência, entre o real e o imaginado.
“Quarto de despejo: diário de uma favelada”, Carolina Maria de Jesus
O diário da catadora de papel Carolina Maria de Jesus deu origem à este livro, que relata o cotidiano triste e cruel da vida na favela. A linguagem simples, mas contundente, comove o leitor pelo realismo e pelo olhar sensível na hora de contar o que viu, viveu e sentiu nos anos em que morou na comunidade do Canindé, em São Paulo, com três filhos.
“Uma história feita por mãos negras”, Maria Beatriz Nascimento
Pensadora insurgente à frente de seu tempo, Beatriz Nascimento dedicou-se a resgatar a história do negro no Brasil ― algo ainda a ser construído, ela defendia. Uma história negra, feita por pessoas negras, com o intuito de romper com quatro séculos de invisibilização numa sociedade da qual elas participaram em todos os níveis.
“Um Defeito de Cor”, Ana Maria Gonçalves
Fascinante história de uma africana idosa, cega e à beira da morte, que viaja da África para o Brasil em busca do filho perdido há décadas. Ao longo da travessia, ela vai contando sua vida, marcada por mortes, estupros, violência e escravidão. Inserido em um contexto histórico importante na formação do povo brasileiro e narrado de uma maneira original e pungente, na qual os fatos históricos estão imersos no cotidiano e na vida dos personagens.