Helmut Lang primavera verão 2024, estreia do diretor criativo Peter Do – Foto: WWD

As expectativas foram altas para a estreia de Peter Do como diretor criativo da Helmut Lang, e se tornou rapidamente – desde da nomeação oficial do designer – a apresentação mais aguardada da semana de moda em Nova Iorque. Inaugurando o calendário oficial do circuito da moda internacional, o designer escolheu fazer uma homenagem tanto a sua trajetória como pela apreciação a rica história da marca e seu fundador.

Entre os meados de 1980 e 1990, Helmut Lang apareceu para repensar a moda entre sua lendária linha de jeans e peças atemporais que juntavam funcionalidade com um apego fashionista, mesmo em seu mar de cores neutras alguns pulos vibrantes de color block apareciam, algo que serviu como forte inspiração para a estreia do novo diretor criativo.

As apostas de retomar a relevância e o cliente fiel que a Helmut Lang cativava eram altas, uma das escolhas de Peter Do foi construir sua apresentação da Helmut Lang em torno de carros. Mais especificamente, dos táxis amarelos de Nova Iorque que carregavam a campanha icônica da marca e circulavam pela metrópole, momento que virou até mesmo a estamparia da coleção de primavera verão 2024.

Nas palavras do designer, nas mãos de pessoas queer o carro não é apenas o veículo da realização do “sonho americano” pela família perfeita, não apenas um símbolo do progresso industrial linear, mas também, um lugar para se esconder do mundo e ser mais do que aquilo que era permitido ser dentro dele.

Em colaboração com o poeta vietnamita radicado em Nova Iorque, Ocean Vuong, poemas estampavam camisas e camisetas por toda coleção, intitulada “Born to Go”, também faz referência a um dos poemas do escritor “We were not born to die, We were born to go” (Em tradução para o português: “Não nascemos para morrer, nascemos para ir”).

Helmut Lang primavera verão 2024, estreia do diretor criativo Peter Do – Foto: WWD

Existe uma junção entre esse simbolismo da marca e a vida de Peter Do. Ainda como imigrante nos subúrbios da Philadelphia, em 2008 quando perdeu seu pai e começou a costurar nas cortinas de sua mãe como uma das formas de se curar: “De palavra em palavra, ponto a ponto, estávamos nos aproximando, dois artistas que nem tanto perseguiam um sonho – mas questionavam se o sonho era suficiente para manter nosso desejo de viver e morrer pelo que fizemos”, ele escreve nas notas do desfile.

O magenta e as cores não são por acaso, relembrando detalhes vibrantes com a cor nas passarelas de primavera verão entre os anos de 2000 e 2014 na Helmut Lang, nos visuais que misturam cores como vermelho e amarelo em tecidos leves que retorcem no corpo, os pontos coloridos nas calças, braços e as faixas que passavam pelos torços vieram de inspiração da coleção de primavera verão 2003 na marca.

A essência criativa que fez com que Peter Do se destacasse no mundo da moda, a alfaiataria como elemento principal com twists contemporâneos e pontos de cor, são elementos-chaves na coleção. É uma harmonia entre as características de design de Peter Do e a homenagem a Helmut Lang.

Uma coleção mais pessoal do que de costume para o estilista, expressa suas perdas e seu começo rústico na moda em conjunto com uma sinergia quase elementar entre a história da marca, é uma apreciação tanto de seu passado como do futuro. Seus familiares se emocionaram em conjunto com o designer na primeira fila do show.

Este futuro, parece promissor para Peter Do, ainda com uma apresentação de sua marca homônima desembarcando na semana de moda de Paris nesta temporada e parece que seu novo cargo de diretor criativo da Helmut Lang vai fazer o que prometeu: trazer novos ares para a NYFW.