A baixa taxa de vacinação é a grande responsável pelo cenário atual. Dados recentemente divulgados pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) mostram um quadro preocupante da cobertura vacinação infantil no Brasil. Segundo os números da pesquisa, conduzida em colaboração com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa despencou de 93,1% para alarmantes 71,49%. Essa queda coloca o Brasil em uma posição desfavorável, figurando entre os dez países com os menores índices de cobertura vacinal do mundo.

A pandemia da COVID-19 exacerbou ainda mais o problema – e tudo por conta da divulgação de informações falsas, que descredibilizaram as vacinas. Segundo Andrea, a melhor forma de erradicar essas doenças é justamente pela vacinação. “A principal meta para conseguir erradicação global seria conseguir altas taxas de cobertura vacinal e depois uma mudança da vacinação atenuada para inativada, e assim a parada da circulação desse vírus por todo o mapa. Enquanto existirem países com a circulação do vírus selvagem, todos os outros locais precisam manter altas taxas de cobertura e de forma homogênea (bolsões de regiões com baixas taxas de vacinação colocam o país em risco)”, comenta.

Porém, não é só a resistência da população em se vacinar que provoca a volta desses problemas médicos, explica Thais Farias. “Muitos fatores estão implicando na baixa cobertura vacinal, pois a vacina, muitas vezes, é vítima do seu próprio sucesso, já que as pessoas não veem casos, e acham que não há mais perigo.” Mas engana-se quem pensa que apenas as crianças podem adoecer. De um modo geral, toda a população acaba sofrendo riscos com a introdução dessas moléstias. “Para cada doença teríamos algum grupo mais afetado. Por exemplo, na pólio, o grupo de maior risco é o de crianças, assim como o sarampo, que, em adultos, pode provocar complicações graves, inclusive o óbito”, revela Andrea.

Saiba mais sobre as doenças e vacinas

A vacina recomendada para prevenir a catapora e o sarampo é a “Vacina Tetraviral” (sarampo, caxumba, rubéola e varicela). Os sintomas da catapora, que incluem erupção cutânea, coceira, febre leve, mal-estar, dor de cabeça, dor de garganta e perda de apetite, geralmente aparecem 10 a 21 dias após a exposição ao vírus Varicela-Zoster. O sarampo é altamente contagioso e pode levar a complicações como pneumonia e encefalite. No caso da Poliomielite, a melhor maneira de prevenir a infecção é se vacinar, e o Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe da vacina de forma gratuita. E a vacinação se destina a crianças com menos de 5 anos, e para que adquiram imunidade contra o poliovírus é preciso receber todas as doses. O último caso da doença registrado no Brasil foi em 1990. O resultado foi possível devido à estratégia de vacinação adotada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), que teve início em 1980. “A poliomielite é uma doença em processo de erradicação no mundo, a falta de vacinação, e os riscos de transmissão são os principais fatores. O contágio se dá por meio da boca, a partir do contato direto com fezes contaminadas ou por água e alimentos infectados. Por isso, locais com falta de saneamento, más condições habitacionais e higiene pessoal precária são mais suscetíveis a disseminação da doença”, explica Thaís.

Já a meningite conta com mais de uma vacina disponível, a Meningocócica C é oferecida exclusivamente na rede pública de saúde. Já a rede particular de vacinação oferece a ACWY, que protege contra os sorogrupos A, C, W-135 e Y do meningococo. Segundo Andrea, os sintomas dependem da idade. “Em menores de seis meses, podem ser mais inespecíficos: febre, irritabilidade, vômitos, etc. Para crianças maiores e adultos, a tríade clássica é a febre cefaleia e vômitos. Porém, podem surgir lesões de pele, crises convulsivas e alterações do estado neurológico. Essas doenças são transmitidas por gotículas, então uma pessoa com a bactéria é capaz de transmitir quando fala ou espirra. Além das vacinas, é importante manter o ambiente arejado e usar máscaras quando existe proximidade com alguém enfermo.”