Rocio Canvas na SPFW – Foto: Clara Lobo

O que é a sensualidade moderna? E o que significa vestir a mulher moderna em sua vida cosmopolita? Em sua mais recente coleção neste São Paulo Fashion Week, Diego Malicheski, designer e fundador da Rocio Canvas, faz uma carta de amor à mulher moderna e ao seu ateliê. Pensando na efemeridade das tendências e no ciclo cada vez mais rápido da moda hoje, o designer voltou seu olhar para as raízes da marca culminando numa coleção atemporal e contemporânea com um twist sensual.

“A coleção é muito conectada no momento em que estamos, que é do ateliê, o foco é no ateliê, em nossa técnica e nos processos manuais como uma descoberta. Ser ateliê é mais vantajoso para nós do que virar uma grande marca e produzir em uma grande escala”, explica o estilista no backstage do desfile para a Bazaar.

Mergulhando no cotidiano do ateliê, Diego encontrou o ponto de equilíbrio entre a busca pelo novo na pós-modernidade e um olhar para o passado da marca, uma dualidade de sentidos que busca solidificar ainda melhor a estética e o cliente da marca. Um balanço entre a criatividade e o mundo pragmático, prezando pela perenidade do design mesmo brincando com formas e acessórios.

Nos vinte e quatro looks da coleção, os dois instintos estão presentes como uma base importante e com uma sensação de eficiente descolado. Apesar da alfaiataria estar presente no núcleo da peça, as primeiras aventuras no bordado, cortes a laser e um toque vibrante dão um ar divertido para a coleção.

Em conversa, ele suscita que o trabalho executado na coleção são as palavras “processo” e “técnica”, guiados pela paixão pelos detalhes e a sensibilidade em se inspirar no ateliê como um local sagrado onde todos estão concentrados em criar beleza unida pela técnica manual.

“Olhei para isso porque além de algo pessoal que a Rocio é para mim, afinal vêm do nome da minha mãe, a marca ainda é um negócio e se o foco está no ateliê nos negócios, porque não expressar isso em uma coleção?”, ele completa.

Rocio Canvas na SPFW – Foto: Clara Lobo

Talvez uma das tarefas mais difíceis do design moderno seja transparecer uma sensualidade velada, o sexy que não aparece mas emana na aura. Na Rocio Canvas o momento de estudo de silhuetas e experimentação de formas consegue traduzir isso para as passarelas, do balonê com corset por dentro para estruturar o corpo até a técnica de moulage.

Itens clássicos do guarda-roupa como o trench coat e a calça de alfaiataria são repensados, com diferentes variedades e pontos de partida a alfaiataria sofre intervenções sutis, como blazers de ombros largos, entretanto continuam com a cintura marcada.

Rocio Canvas na SPFW – Foto: Clara Lobo

A sutileza da Rocio Canvas têm as entrelinhas do sensual, mas além disso uma das melhores aventuras com acessórios da temporada. Todos os looks foram acompanhados de bolsas e sapatos que podem ser o novo item desejo da moda nacional de clutches em linhas retas até bolsas multifuncionais inspiradas nos chicotes BDSM, scarpins peludos e acessórios vermelhos, a dualidade dos sinônimos que mostra a mulher multifacetada de Diego Malicheski.