“Priscilla” expõe altos e baixos da relação entre Elvis Presley e sua esposa

Se tem algo que Sofia Coppola faz bem é se atentar aos detalhes. Perfeccionista, a cineasta não poupou essa característica para o filme “Priscilla”, sua última obra que conta a história do relacionamento de Priscilla Presley com Elvis. Estrelado por Cailee Spaeny e Jacob Elordi, o longa, que estreia dia 4 de janeiro no Brasil, escancara os dramas, vitórias e traições vividas pelo casal. Com o roteiro em base na autobiografia Elvis and Me, lançada em 1985, o enredo mostra intimidades da relação desde o longo namoro, casamento e separação, com início em uma base militar alemã até à a propriedade dos sonhos em Graceland.

Exibido no 80º Festival de Veneza, Sofia cria o melhor dos mundos após o diretor Baz Luhrmann ter lançado o filme “Elvis” em 2022. As obras curiosamente parecem se complementar e muitas questões não precisaram ser explicitamente exibidas ou explicadas. Desta forma, a cineasta foca em retratar os sentimentos, frustrações e transformações de Priscilla perante as situações que já conhecemos. Com um quê de “Maria Antonieta”, filme de 2007 da própria diretora, Priscilla, assim como a rainha da França, vive em uma “prisão” de ouro. Ambas vieram de outro país e se instalaram em palácios, ou muitas vezes, em confinamentos, por mais luxuoso que pareça.

Por mais que a obra retrate o relacionamento abusivo, casamento problemático e deslizes do Rei do Rock, Coppola consegue trazer leveza em algumas cenas com diálogos cômicos. Inclusive, por mais que a história retrate o passado, muitas vezes ela parece atual. Uma espécie de passeio entre o passado e futuro. A obra fica ainda mais interessante de assistir graças a takes incríveis, roupas magníficas e detalhes interessantes, como a cena inicial de Priscilla fazendo um delineador, ou mais tarde pintando a unha dos pés de vermelho, e até mesmo abrindo sua nécessaire e exibindo o perfume Chanel N°5, marca na qual a roteirista é embaixadora e inclusive estagiou quando era adolescente, em 1986. Sobre o figurino, muitas roupas usadas pela atriz Cailee vieram da marca francesa, inclusive o vestido de noiva. Já Jacob mergulhou no universo da Valentino graças a figurinista Stacey Battat.

Não há como falar dos parceiros de Sofia sem citar Thomas Mars, vocalista da banda Phoenix e seu marido. A Elvis Presley Enterprises, entidade encarregada da administração do legado musical de Elvis Presley, recusou o pedido de Coppola para utilizar as canções do artista na trilha sonora do filme. Foi aí que o músico e sua banda entram em cena. A banda Phoenix gravou versões contemporâneas dos clássicos de Elvis. Ramones, Speedy West, Porches, entre outros artistas também tiveram músicas selecionadas para ajudar a compor a história. Com ar fancy, Priscilla fornece o melhor da Coppola. A história é sedutora, autêntica e encantadora.