Arte de Bianca Foratori | Foto: Divulgação

por Matheus Evangelista

A cidade de São Paulo é efervescência pura quando o assunto é arte – e arte urbana passou a entrar no roteiro de quem sabe que tem muito para ver numa metrópole nonstop. Galerias, museus, centros culturais e instituições são prato cheio para consumir arte, além das ruas, claro. Há alguns anos a cidade vem recebendo murais urbanos que complementam a paisagem e deixam regiões mais vivas – é o caso do Minhocão, que passou a ser uma galeria de arte a céu aberto, por exemplo.

Porém, nem tudo são flores e esse tipo de arte “para todos” tem sofrido com o apagamento de algumas obras, como por exemplo o mural “A Cidade é Nossa”, feito pela artista Rita Wainer, encomendado pelo bloco de carnaval Acadêmicos do Baixo Augusta e entregue em 2017. A obra está sendo apagada da lateral de um prédio na Rua da Consolação. A notícia causou comoção nacional com matérias e posts sobre o acontecido a ponto do ex-secretário de cultura da capital paulista, Alexandre Youssef e um dos fundadores do bloco, se posicionar nas redes sociais. “Um dos nossos principais trabalhos, talvez o mais emblemático do Baixo Augusta, sendo apagado. É uma vergonha isso que está acontecendo. É um retrocesso gigante”, comentou.

 

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Porém, um squad de artistas mulheres estão na contramão dessa tendência de exclusão artística – ainda bem! Verena Smit, Luz Ribeiro, Liana Ferraz, Ryane Leão, Bianca Foratori e Hanna Lucatelli juntas dão vida à terceira edição do Contemporâneas Vivara, projeto de arte de rua cujo fio condutor é a arte e a poesia. A iniciativa tem como objetivo trazer um olhar feminino e inclusivo à cidade. Para essa primeira etapa do projeto foram selecionadas quatro poetas, sendo duas para cada ato da edição. A primeira dupla, Verena Smit e Luz Ribeiro assinam as poesias das empenas “Ato I – Maternidade”, enquanto Liana Ferraz e Ryane Leão ficam responsáveis pelo “Ato II – Amor”. Além disso, Bianca Foratori e Hanna Lucatelli foram as responsáveis por trazer cores para a metrópole: uma inspirada pelo sol e a outra pela lua; com cores, formas e sentidos diversos para o dia e a noite – as duas forças que agem continuamente sobre nosso dia a dia. Olhe para cima, contemple!

Verena Smit e Luz Ribeiro / Ato I – Maternidade: R. da Consolação, 1372 – Higienópolis
Liana Ferraz e Ryane Leão / Ato II – Amor: R. Teodoro Sampaio, 487 – Pinheiros
Bianca Foratori / Sol – Seu corpo era a luz acesa de uma casa em festa.
Hanna Lucatelli / Lua – não era envelhecer o verbo de seu sono, tudo o que dorme floresce quando acorda.