Foto: Divulgação

À frente (e atrás) da Louis Vuitton há uma década, o diretor criativo Nicolas Ghèsquiere anunciou, em novembro, a renovação de seu contrato com a maison por mais cinco anos, começando a desafiar os dezessete em que seu antecessor, Marc Jacobs, liderou a casa, entre 1997 e 2014. É fácil verificar seu sucesso, com as cascatas de gente enchendo as boutiques e filas da marca pelo mundo, que, agora, também vão se encher com os modelitos da temporada Cruise, desfilada em maio na paradisíaca Isola Bella, na Itália. Rodeada pela água do Lago Maggiore, a ilha, que, por 400 anos, pertenceu à aristocrática família Borromeo, foi o cenário barroco perfeito para a coleção que chega agora às araras, pincelada, com força, por referências marinhas e botânicas em todo tipo de forma e textura. Brocados cintilantes, bordados perolados, escamas coloridas e sereianas… tudo é enlouquecidamente dramático e operístico – com a exceção de neoprenes despojados, na onda esportiva em que a moda tem adorado surfar.

Foto: Divulgação

Entre babadinhos e babadões (um convite a se afogar nos volumes), o que surpreendeu mesmo foram os acessórios. As bolsas, claro, vão vender como água (há até mesmo uma em formato de concha), mas as máscaras e os chapéus, perturbadoramente chics com guelras e barbatanas, dão um baile na tendência minimalista que tem sido resga- tada dos anos 1990. Plumas vertiginosas, em volumes arquiteturais, dividiram o rosto com óculos escuros “diferentões”, mais parecidos com figurinos de teatro do que com o que se vê por aí no street style. Considerando o poder persuasivo de Ghesquière, entretanto, não é nem um pouco improvável que, logo logo, as ruas mais fashionistas já estejam aderidas a esses frufrus charmosos.

Não há como escapar: a moda deve e precisa ser lúdica. Com todo o seu senso de fantasia e exploração intermináveis, Nicolas sabe bem disso e deve continuar na brincadeira, que ainda é puro frisson. Com a beleza nos seus palcos-passarela, as cortinas continuam erguidas!