Ana Cichon (Agência Evol Management) usa balaclava Phellipe Bellentani – Foto: Jonathan Zamora, com direção criativa de Kleber Matheus, styling e produção de moda por Gabriel Binow Prescholdt, beleza de Helder Rodrigues (Capa MGT), direção de arte João Pessoni, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuca Hub, produtora responsável Claudia Nunes, nail artist Sônia Lima, assistente de foto Cawe Santos, assistente de styling Renata Bottino, assistente de beleza Juliana Boeno. Locação: Tinoo

É consenso nacional que o ano só começa de fato depois do carnaval, e a contagem regressiva para os dias de folia já começou. Entre as preparações, os acesessórios que no passado eram decididos de última hora, saíram do básico há tempos: são must have da temporada nas produções e cada vez mais planejados, em uma riqueza de detalhes que são pura arte brasileira em processos feitos à mão.

Bazaar conversou com alguns dos principais nomes quando o assunto são os adereços de carnaval mais fashionistas e desejados do país, que contaram sua história, a relação com a folia, e claro, dividiram também suas apostas para a temporada mais festiva do ano.

Fevereiro Atelier

Ana Cichon (Agência Evol Management) usa headpiece Fevereiro Atelier – Foto: Jonathan Zamora, com direção criativa de Kleber Matheus, styling e produção de moda por Gabriel Binow Prescholdt, beleza de Helder Rodrigues (Capa MGT), direção de arte João Pessoni, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuca Hub, produtora responsável Claudia Nunes, nail artist Sônia Lima, assistente de foto Cawe Santos, assistente de styling Renata Bottino, assistente de beleza Juliana Boeno. Locação: Tinoo

A marca slow fashion funciona de maneira sazonal especialmente para atender os foliões, é comandada por Taísa Lira, designer com background entre publicidade e o universo da maquiagem. Com venda exclusiva online, o ateliê é especializado em acessórios de cabeça, após notar uma lacuna de mercado para a área e desenvolver suas próprias técnicas que prezam pelo conforto.

“Temos um período de teste de materiais, se fica leve, confortável e, principalmente, bonito.  Na confecção das peças, tenho usado cada vez menos as colas e apostado na costura e em técnicas de nó manuais”, explica.  Já são cinco anos produzindo em pequena escala, prezando pela exclusividade e peças que vão além do tradicional. “Existe muita cultura e muita arte na América Latina que ainda é vista como artesanato barato e ultrapassado. Diretamente, o carnaval brasileiro tem uma conotação com o floral excessivo e o tropical. Acho que somos bem mais que isso e podemos ressignificar”.

Apaixonada pelo carnaval, a aposta da vez fica por conta da coleção Femme Surreal, inspirada nas mulheres do Surrealismo como Remedio Varos, Leonor Fini e Frida Kahlo, consideradas disruptivas e vozes do poder feminino. “Essa época é a licença poética para ser livre, que a gente não tem o ano todo. E isso é muito potente, pois é um movimento que não tem classe social, o carnaval é para todos” pontua.

Eduardo Caires

Brunela Di Gaetano (Agência Bossa Mgt) usa brinco Eduardo Caires – Foto: Jonathan Zamora, com direção criativa de Kleber Matheus, styling e produção de moda por Gabriel Binow Prescholdt, beleza de Helder Rodrigues (Capa MGT), direção de arte João Pessoni, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuca Hub, produtora responsável Claudia Nunes, nail artist Sônia Lima, assistente de foto Cawe Santos, assistente de styling Renata Bottino, assistente de beleza Juliana Boeno. Locação: Tinoo

Sinônimo de glamour handmade o ano todo, a grife de Eduardo Caires surgiu em 2018, de maneira totalmente orgânica através de uma criação para uso próprio. A peça, uma jaqueta cravejada de brilhantes, foi postada no Instagram e fez sucesso na rede, até que surgiu a primeira cliente: ninguém menos que Anitta, após seu stylist da época entrar em contato com interesse na produção. “Nessa época o ateliê era a minha casa, ele se encantou e disso nasceu uma demanda de clientes interessados em peças de cristal”, relembra o designer.

Eduardo vem dos bastidores da moda, mas foi na criação que se encontrou. “No momento que desenhei e criei aquela peça é como se brotasse das minhas mãos algo que estava adormecido, e nem mesmo eu sabia que tinha”. Localizada em São Paulo, a grife ressignificou o uso de cristais e brilhos que são o DNA da marca. A demanda, claro, sobe muito no Carnaval, quando até mesmo os mais tímidos querem se jogar no brilho.

Eduardo Caires – Foto: Divulgação

Para 2024, a aposta fica nos metalizados da coleção “Jardim Surreal”, inspirada em nomes do surrealismo e na natureza, e também a incorporação de novos materiais à linha de produção, como latão bruto e metal, que são moldados à mão. Embora um dos grandes nomes quando o assunto são os acessórios da folia, Eduardo é do time dos que preferem os bastidores: “Não sou de pular no carnaval, sempre fui caseiro, mas adoro acompanhar as produções. Minha forma de bilhar no carnaval é fazer as pessoas brilharem”, revela.

Ramon Cabeças

Ariane (Agência Prime Model Management) usa headpiece Eduardo Caires e Ramon Cabeças – Foto: Jonathan Zamora, com direção criativa de Kleber Matheus, styling e produção de moda por Gabriel Binow Prescholdt, beleza de Helder Rodrigues (Capa MGT), direção de arte João Pessoni, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuca Hub, produtora responsável Claudia Nunes, nail artist Sônia Lima, assistente de foto Cawe Santos, assistente de styling Renata Bottino, assistente de beleza Juliana Boeno. Locação: Tinoo

Com veia carnavalesca, Ramon Quinhares se divide como cabeleireiro à frente de seu studio de beleza e o ateliê, onde cuida das peças que são objetos de disputa, fazendo a cabeça de foliões durante o carnaval, mas também noivas e festas em geral.  “Desde a infância eu amava assistir aos desfiles de rua da minha cidade em Penápolis, era super curioso sobre os bailes de salão. Via minha família toda se arrumando e cada noite era uma opção diferente, produzida e costurada em casa. São memórias que tenho muito carinho”.

Foi frequentando eventos de carnaval que o negócio nasceu, ao fazer um arranjo de última hora para uma amiga usar. O resultado foi um sucesso, e da própria festa, o designer voltou com uma fila de clientes querendo um adereço. “Agora, começo a pensar o Carnaval já em setembro, importar os materiais e pensar em peças de editoriais e os temas dos grandes bailes. Quando chega o Carnaval de fato, eu já estou pensando nas peças para o Halloween”, revela.

Ramon Quinhares – Foto: Divulgação

Para este ano, Ramon observou um aumento na procura masculina para os adereços, que exige cuidados diferenciados, já que os arranjos são mais difíceis de fixar confortavelmente em cabelos curtos. A solução aparece nos ear cuffs, cheios de brilhantes. Além dos adereços temáticos, as apostas para 2024 ficam para os geométricos, dourados e as cascatas de brilho, que devem tomar o lugar das penas.

Gansho

Nicholle Carvalho (Agência Way Model Management) usa headpiece Gansho – Foto: Jonathan Zamora, com direção criativa de Kleber Matheus, styling e produção de moda por Gabriel Binow Prescholdt, beleza de Helder Rodrigues (Capa MGT), direção de arte João Pessoni, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuca Hub, produtora responsável Claudia Nunes, nail artist Sônia Lima, assistente de foto Cawe Santos, assistente de styling Renata Bottino, assistente de beleza Juliana Boeno. Locação: Tinoo

Acessórios divertidos e cheios de personalidade são o DNA da Gansho, criada por Fernanda Rabelo em 2017. A marca nasceu da busca pela expressão autoral da designer após longas passagens como criadora em outras marcas. Em 2021, a grife ganhou uma sócia, Tomie, com quem que hoje divide o posto criativo da grife.

Para a criadora, a inspiração está em todas as partes. “Quando você é uma pessoa que cria, você tá o tempo inteiro absorvendo estímulos. Então, me inspiro desde um meme a uma memória antiga, de infância, que vai trazendo outras informações, acho que isso tudo vai se tornando algo no processo”, revela Fernanda.

Fernanda Rabelo, designer da Gansho – Foto: Divulgação

Frequentadora assídua do carnaval carioca, a designer sempre quis ser parte da produção nas escolas, mas sua história produzindo para a folia surgiu com a sugestão de uma amiga para testar uma coleção festiva. “Foi uma loucura, eu não esperava. A gente só queria fazer umas peças, mas de repente todo mundo queria comprar. E naquele momento, a gente meio que acessou uma linguagem nova e acabou criando essa linguagem de roupas de miçanga que ninguém estava fazendo na época”. A aposta para 2024 vem com inspirações nos acessórios usados por Hedy Lamarr no clássico Ziegfeld Girl, e também mira, além das miçangas, em metalizados e muito volume.