Quem viu Maria Grazia Chiuri noite anterior ao desfile, no cinema escondido debaixo do Silencio des Prés, não poderia imaginar que, algumas poucas horas depois, a diretora criativa da Dior já estaria nos bastidores de seu novo desfile. Seria no primeiro dia da semana de moda de Paris e prometia ser mais um de seus espetáculos. E foi.
Na entrada, como é praxe, milhares de fãs apinhados no Jardin des Tuileries para ver as celebridades. Lá dentro, um ambiente orientalista, com bambus do chão ao teto e uma passarela circular onde, no centro, manequins de madeira faziam as vezes de samurais femininas: tudo obra da artista indiana Shakuntala Kulkarni.
Quando as roupas começaram a aparecer, discretas e minimalistas (em tons de preto, branco e bege), era como se gritassem: “Marc Bohan, Marc Bohan!”. O estilista, que dirigiu a Dior entre 1961 e 1989, faleceu no ano passado, mas já havia inspirado Maria Grazia em temporadas anteriores. Aqui, aliás, a referência vai muito além de seu revolucionário ‘Slim Look’.
Em 1967, Bohan foi o responsável por lançar o prêt-à-porte na maison de alta-costura com a linha “Miss Dior”, que ficou sob o lápis e batuta de Philippe Guibourgé. Feminina, moderna e dinâmica (palavras chave nessa estação), é ela quem inspira as linhas da nova coleção e “pichações” nos looks, como estampas.
No mesmo espírito da mulher cheia de atitude e personalidade que ocuparam o palco nos anos 1960, Maria Grazia encontrou inspiração na designer Gabriella Crespi. Italiana, independente e cosmopolita, ela também fez parte do legado Dior, colaborando com esculturas e objetos de arte e decoração durante a era de Bohan.
Enfim, mesmo com ideias de todos os lados, a Dior ainda é de Maria Grazia e sua assinatura é inconfundível. Motivo para duvidar do sucesso comercial? Nenhum!