França foi palco de reflexos graças a união da moda com questões sociais | Foto: Divulgação

por Cassio Prates – Strategic e creative partner do Gid estudio

Quem estava correndo de um desfile para outro na última Paris Fashion Week, foi surpreendido por uma explosão de alegria nas ruas, ao som de Beyoncé em “Who run the world? (Girls)”. A festa era em comemoração a grande notícia da semana, no dia 4/3 a França se tornou o primeiro país do mundo a incluir na constituição a liberdade da mulher abortar. Hoje, dia internacional da mulher, a lei será promulgada pelo presidente francês Emmanuel Macron. No mesmo dia 4/3, Marine Serre e Stella McCartney, diretoras criativas de suas próprias marcas, desfilavam ideias em meio a um universo ainda surpreendentemente liderado por homens, mostrando que o direito de uma mulher decidir é um ato revolucionário e que merece destaque na recém concluída Paris Fashion Week (e na vida).

A estilista Chemena Kamali fez sua estreia na Chloé. Uma ode ao estilo da francesa, que foi construída como conhecemos hoje, sob a influência da criadora da marca Gaby Aghion. Com inspiração nos anos 70 e a liberação que a década trouxe para as mulheres, sob rendas e transparências. Segundo Kamali, essa liberdade ainda não foi suficientemente contada para as novas gerações de garotas Chloé. Na Chanel, Virginie Viard, que tem estado cada vez mais atenta a novos movimentos e mulheres, apresentou uma homenagem à Deauville, lugar da primeira boutique aberta por Coco Chanel, de forma contemporânea e atualizada. A Miu Miu é a maneira pela qual Miuccia Prada se mostra ao mundo, o que repercutiu no crescimento de 82% nas vendas da marca no último ano. Uma mulher decisiva, que mantém suas raízes estudantis e seu fascínio pelo estilo feminino libertário.

França foi palco de reflexos graças a união da moda com questões sociais | Foto: Divulgação

Esse é o tipo de combinação de moda e não moda, que Miuccia adora, fazendo com que diferentes estilos e desejos sejam legalizados e se tornem cool. Como ela disse, não é sobre peças de roupa e sim, peças de vida.” Rei Kawakubo, aos 81 anos e uma das mulheres que mais tomou decisões expressivas na moda, ao ser questionada como gostaria de ser lembrada, disse que gostaria, na verdade, de ser esquecida! Ta aí um direito que toda a mulher deveria ter, ser lembrada (ou esquecida) como bem entender, sem passar por um olhar masculino. Livres para criar e decidir. Feliz todos os dias pra mulheres que criam desde sempre desvios de olhar.