Sheron Menezzes representou o Brasil no evento promovido pela Merz Aesthetics, em Trancoso – Foto: Divulgação

Buscando entender o comportamento da sociedade atual – ainda um reflexo dos hábitos e necessidades dos anos de pandemia –, com foto na busca por procedimentos estéticos não-cirúrgicos, a Merz Aesthetics promoveu uma pesquisa com mais de nove mil entrevistados, em 14 países da América Latina, sobre o fenômeno chamado “Self Hangover”.

Os resultados foram apresentados em um evento em Trancoso, em que a marca reuniu cinco influenciadores da América Latina. Com participação do time da Bazaar, o assunto foi debatido em uma roda de conversa e, agora, te apresentamos os pontos altos do estudo:

O que é “Self Hangover”

Depois da pandemia de Covid-19, a indústria da beleza notou um movimento da sociedade que recebeu o nome “Self Hangover”, algo como “autorresaca” em português. Ele faz referência a um estado de mal-estar emocional e psicológico decorrente do lockdown, que gera sensação persistente de desconforto e insatisfação em relação ao próprio corpo.

Impulsionado pelo Efeito Zoom, o aumento do uso de telas e de pessoas se vendo sob essa perspectiva – sabe aquele momento de uma reunião digital em que você se pega analisando a própria aparência? Esse é o Efeito Zoom, que contribuiu pelo aumento da busca por procedimentos estéticos. A descoberta do “Self Hangover” foi feita quando o estudo percebeu que o comportamento social das pessoas entrevistadas não voltou a ser como era antes da pandemia, ou seja, como uma ressaca que faz com que ainda sintamos no nosso corpo os efeitos psicológicos desse período.

Os estudos mostraram que, após a pandemia, as pessoas se sentem menos sociáveis, sendo que, no Brasil, houve um aumento em 14% de pessoas que se consideram antissociais. Os entrevistados acreditam que o período de isolamento social prejudica traquejos sociais e capacidade de se relacionar socialmente. Quando olhamos para gênero, as mulheres são as que sentem mais dificuldade em retomar essa socialização.

Medo, isolamento social e profundas mudanças de hábitos trouxeram consequências para a saúde física e mental. Os números de pessoas sedentárias, que têm baixa qualidade de sono, que sentem alteração no apetite, com aumento de peso, além de pessoas com ansiedade, depressão e estresse, só aumenta. Esse cenário fez com que diversos entrevistados sentissem o impacto em sua relação com corpo e beleza: 47% dos latinos se tornaram mais inseguros com o corpo durante a pandemia, e parte significativa deles ainda não voltou a se sentir como antes. No Brasil, a porcentagem aumenta para 55%.

Afinal, com o aumento do tempo de tela e digitalização da vida, passamos a nos comparar muito mais com outras pessoas, e isso só aumenta a nossa insatisfação. No estudo, uma a cada quatro pessoas afirma que a pandemia impacta até hoje a sua noção de beleza. Tudo isso contribui para a procura de tratamentos que prometem resultados rápidos e seguros.

A resposta

Como uma busca de sair dessa sensação de insatisfação, um movimento em resposta foi enxergado pelo mercado: o chamado “Self Esteem Shot”, ou seja, o aumento dos procedimentos estéticos injetáveis não-cirúrgicos. Mais do que a melhora da aparência, quem busca procedimentos estéticos injetáveis está atrás de um shot de autoestima. Afinal, recuperar a saúde mental é um processo demorado e doloroso.

A busca por essas técnicas é gigantesca: 16% dos latinos com mais de 25 anos já realizaram algum procedimento do tipo, que pode incluir preenchedores de ácido hialurônico, botox, lasers ou bioestimuladores. Além desse número, 25% afirmam ter interesse em realizar algo do tipo no futuro, enquanto 17% talvez optem pelos tratamentos dependendo da quantidade de informação disponível e 13% não tem certeza, mas gostariam de saber mais sobre o assunto. Unindo interessados e potencialmente interessados, a porcentagem aumenta para 55%. Aqui no Brasil, essa soma chega a 71% dos entrevistados.

Ao analisar os motivos, o estudo aponta que a maioria das pessoas acredita que esses procedimentos auxiliam na recuperação da autoestima e que podem ser uma forma de autoexpressão. Entre os procedimentos, o que demonstra maior potencial de busca são os bioestimuladores (como Radiesse e Sculptra), seguidos por preenchedores de ácido hialurônico (MD Codes, Juvederm, Restylane), lasers (CO2, Ultrassom Microfocado, Ultherapy, Ultraformer, Fotona) e toxina botulínica.

Mais do que alterar o que as pessoas consideram como imperfeições, esses procedimentos são um shot de autoestima. Não à toa, muitos latino-americanos relacionam esses procedimentos à autoexpressão, recuperação da autoestima pós-pandemia, e a cuidados pessoais e de bem estar.