Cantor prepara o single “Spite” para ser lançado em 5 de abril (Foto: Divulgação)

Omar Apollo é uma das atrações do Lollapalooza Brasil neste domingo (24.03), no Palco Alternativo do Autódromo de Interlagos, em São Paulo. O artista se apresentará pela primeira vez no País, às 18h50, depois de ter cancelado no ano passado por um conflito de agendas. Na ocasião, ele era o ato de abertura da turnê de SZA, outra atração do festival de Chicago, que faz sua primeira edição sob o comando da Rock World – mesma empresa que gerencia o Rock in Rio e o The Town – em parceria com a C3, dona do selo.

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Em entrevista à Bazaar, o cantor mexicano-americano contou que performará uma música inédita em solo brasileiro. “Tenho muitas coisas a caminho, música nova. Vou tocar uma música totalmente nova, já com a energia vocal deste 2024. Vai ser demais”, diz, animado. Bem-treinado, Apollo não deixa escapar se no ano haverá singles soltos, um EP, ou um álbum de estúdio, o sucessor de Ivory. “Tenho muito a anunciar este ano. Mas as coisas vão chegar no seu tempo. “O que posso dizer é que vou tocar uma música nova no Lollapalooza, com certeza”.

A faixa em questão se chama Spite, e foi apresentada no último fim de semana no Lollapalooza Chile. Ela é a segunda faixa de um possível álbum, ainda sem data para ser lançado. A música chega às plataformas no dia 5 de abril. No papo a seguir, o artista fala sobre criar um ambiente seguro para seus fãs, a ansiedade de se apresentar na América do Sul, maturidade, moda e o último famoso para quem mandou mensagem e tietou. Scroll!

Como está se sentindo por vir ao Brasil pela primeira vez?
Sim, é a minha primeira vez no Brasil, na América do Sul em geral. Então, toda a turnê vai ser uma loucura. Nunca encontrei ninguém que ouça minha música lá embaixo ou até mesmo tenha visitado ou algo do tipo.

Você conhece algum artista brasileiro?
Hum, não vem nada na minha cabeça… Provavelmente, sim. Arthur Verocai é do Brasil? Então, sim. Muita gente em Los Angeles conhece ele…

E você já está familiarizado com o funk brasileiro?
Na verdade, tenho algumas músicas no meu celular, mas não sei o nome. Teria que procurar (até tenta caçar no celular, mas seguimos o papo)…

Quais são as bandeiras que você apoia enquanto artista? E como acredita que a música pode ajudar comunidades ou grupos, em participar?
Quando eu era mais novo, não tinha ninguém na comunidade LGBT para me ouvir ou com quem (pudesse) me identificar. Mas agora, quando estou no palco, vejo garotas trans na frente e muitas bandeiras gays por toda parte. Todo mundo é bem-vindo, há pessoas heterossexuais. Quando você está no meu show, é como se estivesse em um lugar seguro. Quero que seja um espaço onde todos possam ser eles mesmos, sem preocupações. Não posso controlar como as pessoas me veem ou o que represento, mas estou fazendo o meu melhor para criar um ambiente acolhedor para todos.

Você está prestes a completar 27 anos (em 20 de maio). Quem é o Omar que chega a esta idade?
Eu diria, pessoalmente, que amadureci de muitas maneiras diferentes. Agora, presto atenção em coisas como talheres e em coisas de casa – muito adultas. Adoro organização e adoro saber onde está tudo. Tenho me dedicado ao piano, fazendo aulas e tentando sempre ser uma versão melhor de mim mesmo, sabe? Vou à academia, cuido da saúde, e estou focado na música, na minha carreira e nos meus relacionamentos pessoais.

O que sobrou daquele jovem Omar, que aprendeu a tocar violão sob a influência dos gêneros de Funk e R&B?
Acho que o meu eu mais jovem tinha uma visão de túnel, só conseguia pensar em uma coisa de cada vez, porque era tudo o que eu me permitia fazer. Quando não tinha dinheiro, nem experiência, nem sabia nada sobre a indústria musical. Não sabia que caminho tomar. Não havia ninguém me guiando. Quando era mais novo, estava em modo de sobrevivência, pensando só no próximo passo.

Agora, consigo pensar 10 anos à frente e ter uma visão clara e realista do que é possível. A grande diferença é que agora posso ter mais integridade na minha arte, enquanto antes só estava tentando sobreviver. Embora, recentemente, tenha tido uma conversa sobre como a sobrevivência era uma forma de integridade na música. Achei isso interessante. Como fazer música era uma forma de sobreviver e tudo o que eu fazia era ser sincero porque estava sobrevivendo disso, mas, na época, não pensava dessa forma. Só fazia o que gostava.

E como gasta dinheiro hoje em dia, já que não está mais neste modo de sobrevivência?
Gasto dinheiro em… luminárias. Adoro luminárias! Acho que você pode ver uma ali, de Afra Scarpa. Também gasto em roupas, viagens, bons hotéis, restaurantes, carros, tem muita coisa… Sempre coloco minha família em primeiro lugar. Tenho muitos sintetizadores caros nesta sala. Tenho praticamente todos. Este estúdio é como um sonho para mim.

Tudo o que grava é em casa, então?
Na maior parte das vezes, sim. Vou a estúdios, mas levo meu equipamento algumas vezes e as minhas coisas.

Já que você foi o rosto da campanha da Loewe, como o mundo da moda te influencia como artista?
Acho que expressar-se através das roupas é, para mim, uma das minhas coisas favoritas. Com todas as viagens, entendi diferentes culturas, o modo como as pessoas se vestem, e o que cai bem no meu corpo. Sou bem alto, então gosto de usar peças largas. Se vestir de acordo com o seu corpo, faz você se sentir mais confiante e confortável.

E você é o louco das compras?
Eu me tornei obcecado por fazer compras. Meio que faço compras pelo menos três vezes por semana, e, às vezes, vou às lojas ver o que há de novo por causa das coleções das semanas de moda. É como olhar para arte, ver a roupa como algo inspirador. Acho que o espírito da criatividade e do design é algo pelo qual sou realmente apaixonado. Então, mesmo quando entro nessas lojas, adoro como as luzes estão posicionadas, adoro os provadores, e os pequenos detalhes. Acho isso, realmente, muito legal. Por exemplo, na campanha da Loewe, as roupas são tão bonitas. Fiquei super inspirado e elas meio que funcionaram perfeitamente para o que eu estava buscando e tudo mais.

É a marca do momento aqui no Brasil, por exemplo. Vão abrir loja em breve…
Sim, e deveriam ser mesmo. Aliás, estou usando Loewe agora mesmo… Meu guarda-roupa inteiro está cheio de peças deles. Tenho de um tudo. Na verdade, recebi muita coisa quando fiz a campanha. Ganhei muita coisa…

E você tem um ritual para compor ou as músicas vêm em uma toada só?
O humor realmente não importa. Posso estar de mau humor ou de bom humor. Acho que o que importa é o meu esforço. Se alguém me visse fazendo música, pensaria: “Que maneira estranha de fazer música”. Fico no microfone por uns 45 minutos sem dizer nada, apenas fazendo barulhos, e depois volto e arrumo tudo. Mas é diferente toda vez. Às vezes é imediato, às vezes exige mais pensamento. Mas é sempre o mesmo esforço e a mesma dedicação, sabe. Não é como se uma coisa fosse mais fácil do que a outra, sempre é difícil. Mas é por isso que amo isso, é estimulante porque tenho TDAH. Preciso que as máquinas (e pensamentos) se movam rápido o suficiente. Senão, começo a surtar.

E como classificaria esta nova era de composições? O que está por vir?
Bom, com certeza tenho me entendido muito melhor como artista, sabendo como quero me apresentar ao mundo e à música. Então, definitivamente será muito mais refinado, com temas e energias intencionais. Até paleta de cores. Tudo está muito mais focado e planejado, sabe. Este próximo ano vai ser emocionante, mal posso esperar para compartilhar tudo o que tenho de melhor. Sim, vai ser incrível.

Você não disse muita coisa, né? Tá conseguindo se segurar…
Cara, estou preparado. Não se engane. Estou preparado. Sei o que estou fazendo, sei como falar com as pessoas. O que posso te dizer é que vai ser incrível. Não quero entrar em detalhes específicos porque pode estragar a surpresa, mas vou dizer que estou apresentando uma nova música no Brasil, então será muito empolgante. É uma das minhas músicas favoritas e acho que será muito divertido. Mal posso esperar!

Qual é a proteção de tela do celular?
A proteção de tela é uma imagem da cor roxa (mostra o celular, sem dizer a razão).

E quem foi a última pessoa famosa com quem trocou mensagens?
Deixe-me pensar… (risos envergonhados) A pessoa que eu troquei mensagem ou só mandei?

Pode ser a que trocou, vai…
Eu não quero dizer porque todo mundo vai ficar louco.

Ok, pode falar a mensagem que você mandou, então…
Eu mandei mensagem para a Sofía Vergara, só… eu acho que disse que a amo. Eu só queria dizer isso, meu Deus, eu a amo. Sempre amei, mas achei que ela arrasou no papel (de Griselda, Netflix) e sempre que alguém se sai muito bem em algo, adoro dizer a eles. Então, só disse a ela que amo o programa. Mas ela não respondeu de volta. Não vou mentir, geralmente eles respondem, mas não, tudo bem. Eu não ligo, na verdade eu ligo, mas…

Mas você está esperando, só não quer admitir na frente de todo mundo. Você quer dizer: “Oh, mandei uma mensagem para você.”
É minha vibe. Eu a adoro. Acho ela ótima.

Foto: Cam Hucks