Maior feira de arte do Hemisfério sul acontece até domingo (07.04), no Pavilhão da Bienal (Foto: Divulgação)

A SP-Arte abriu as portas para colecionadores e imprensa nesta quarta-feira (03.04) e segue até domingo (07.04), no Pavilhão da Bienal, em São Paulo. Com obras de mais de 190 expositores e 1.500 artistas, a seleção inclui medalhões do passado, como Di Cavalcanti, Tomie Ohtake, Tarsila do Amaral, Tunga, além de mais recentes, como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, OsGêmeos, entre outros. A obra mais cara este ano é uma de autoria de Candido Portinari, intitulada Casamento na Roça, avaliada em R$ 15 milhões.

Obra de Candido Portinari é a mais bem-avaliada neste 2024, na sp-arte (Foto: Google Artes&Culture)

Fundadora da SP-Arte, Fernanda Feitosa, compartilha sua sensação ao completar 20 anos de feira. “É uma uma emoção compartilhada com todo mundo que está aqui, porque a SP-Arte não completou vinte anos sozinha. É um aniversário coletivo de todas as galerias, artistas, curadores, críticos e também da imprensa, trabalhando junto pela promoção da arte brasileira”, explica. A expectativa é receber mais de 31 mil pessoas, como no ano anterior.

Ela ainda expressa a felicidade e um espírito jovem do projeto que teve início em 2004: “Prontos pra fazer mais vinte anos pela frente.” A empresária ressalta o papel do evento como plataforma, além de se consagrar no calendário de feiras internacionais. “Embora não tenha havido grandes alterações, a cada ano trazemos novidades, e a evolução ao longo dos anos resultou em um evento ainda melhor. Impossível dizer que a gente repete, porque as paredes estão recheadas de coisas diferentes. Hoje, a gente faz tudo que a gente fazia no início, mas muito melhor.”

Pedro Mana – MAHKU, Yame Awa Kawanai, datada de 2023 (Foto: Divulgação)

A curadora de arte e colaboradora de Bazaar, Carollina Lauriano fez uma seleção de artistas must-see na feira, que incluem a homenageada da Bienal de Veneza este ano, Anna Maria Maiolino, na galeria Luisa Strina (E3), a saudosa e eterna Tomie Ohtake, presente em diferentes galerias, mas destacando o trabalho na Nara Roesler (E1), o coletivo Movimento dos Artistas Huni Kuin (Mahku), na Carmo Johnson Projects (F12), além da ceramista paraguaia Julia Isídrez, na Gomide&Co (A1), e Sônia Gomes, na Mendes Wood DM (E8).

Outra seleção foi feita por Adriana Lerner, correspondente de arte em Miami, que está no Brasil especialmente para a feira. Entre seus destaques, estão: o antiquário Passado Composto Séxulo XX (DS5), recheado de itens do século passado; Andrey Rossi, na OMA Galeria (G20); Livia Moura, na Andrea Rehder (F14); Francisco Nuk, na Inox + Radiante (D4), além de Daniel Senise, na Nara Roesler (E1), com uma obra “deslumbrante”, espelhando a frente da rampa do Pavilhão da Bienal.

Expectativa é receber mais de 31 mil pessoas, como em 2023 (Foto: Divulgação)

Rodas de conversa

A Iguatemi apresenta uma arena dedicada às rodas de conversa. Nesta quinta-feira (04.04), o programa Talks SP-Arte traz conversas entre artistas e curadores, incluindo Vik Muniz com Catarina Duncan e Gervane de Paula com Carollina Lauriano. Sexta-feira (05.04), Adriana Varejão bate-papo com Catarina Duncan. No sábado (06.04), destaca-se o lançamento do livro Julia Kater, com a presença da artista. Além disso, Artur Barrio conversa com João Fernandes no Collectors Lounge, enquanto a Teo apresenta um debate sobre design com curadores da mostra Dar forma à Forma: Teo Vilela Gomes, Tainá Azevedo e Amanda Carvalho.

Até domingo (07.04), Iguatemi promove rodas de conversa de artistas de diferentes gerações (Foto: Divulgação)

Exposição

A feira ainda apresenta a exposição Tátil: materiais no design contemporâneo, com curadoria de Livia Debbane. A expo mergulha na exploração de matérias-primas, exibindo 25 peças de designers renomados como os irmãos Campana e Lucas Recchia. Desde a rocha vulcânica de Pedro Reyes até o uso criativo de resina natural por Patricia Urquiola, a curadoria destaca como os materiais informam e inspiram o processo criativo, promovem práticas sustentáveis e resultam em estéticas inovadoras.

Como uma joia

O Estúdio Campana apresenta a obra Coração Coroado, na Firma Casa. A escultura única funde uma pedra do futuro Parque Campana, em Brotas (interior de São Paulo), com rebarbas de alumínio reciclado. A peça simboliza a conexão profunda com as origens dos irmãos Humberto e Fernando Campana – este último, morto em 2022. A pedra, carregada de memória e significado, é tratada como um ser vivo por Humberto, que descreve sua essência como um coração latente. “Imagino-as como corações, latentes em seu próprio ritmo. A coroa de alumínio foi a forma de destacar a preciosidade desse tempo de existência, elevando-a a algo majestoso”, define o designer.

Escultura “Coração Coroado”, de Fernando Campana (1961-2022) e Humberto Campana, na Firma Casa (Foto: Divulgação)

Design

Em sintonia com as expressões contemporâneas da brasilidade, a Itens apresentará uma seleção de suas luminárias clássicas, juntamente com os lançamentos das linhas Pétala e Pêndulo, criadas por Ana Neute; Cipó (foto abaixo), de Juliana Pippi; e Cúpula, de Mariana Amaral, diretora criativa da Itens. Destaque também para uma coleção exclusiva de luminárias de palha, concebidas por Jayme Bernardo.

Lustre Cipó, de Juliana Pippi (Foto: Divulgação)

Móveis

A Teo, loja e galeria, apresenta o tema Dar forma à Forma, exibindo peças emblemáticas da empresa original Forma, fundada nos anos 50 por Lina Bo Bardi, Pietro Maria Bardi e Giancarlo Palanti. Com curadoria de Tainá Azeredo, a seleção destaca móveis de como Sergio Rodrigues e Warren Platner, além de Bauhaus. A exposição antecipa a mostra na Galeria Teo, que ocupará 850m² em Pinheiros a partir de 16 de abril, com mais de 50 peças expostas e Núcleos de Memórias sobre a história da Forma.

 

Outros destaques

Na Galeria Vermelho, Carmela Gross, conhecida por suas intervenções urbanas, apresenta uma grande churrasqueira de cimento. Jaime Prades, destaque no grafite, retorna ao circuito comercial pela Galeria Andrea Rehder. Na Fortes D’Aloia e Gabriel, OSGEMEOS se destacam, assim como a seleção de Paulo Kuczynski, com obras de artistas brasileiros e internacionais, a exemplo de Alberto da Veiga Guignard, Candido Portinari e Pablo Picasso. Rikrit Travanija apresenta uma obra feita com jornais da data da morte de Marielle Franco.

Obra de Rikrit Travanija em exposição na feira (Foto: Divulgação)

Na DAN Galeria, há ainda nomes como Adriana Varejão, Alfredo Volpi, Candido Portinari e Di Cavalcanti. Gabriel Wickbold (G-17) apresenta a série Maze (labirinto), onde explora imagens, questionamentos e identidade. As obras, feitas a partir de mangueira e pintura, antecipam uma exposição do artista na Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, prevista para maio. Por fim, o artista Alê Jordão lança o livro God Save the Sneakers, na Choque Cultural, onde também está exposto o néon attenzione pickpocket, em referência ao meme italiano.

Imagem do livro “God Save the Sneakers”, de Alê Jordão