
Nicolau Facchinetti – Baia de Botafogo, de 1875 (Foto: Sergio Guerini)
O Rio de Janeiro ganha nova galeria de arte, intitulada Flexa (fala-se flé-quis-sa). O nome, derivado do adjetivo flexo denota a natureza flexível, adaptável do espaço, que vai atuar no mercado secundário de arte. O olhar contemporâneo virá dos diálogos entre distintas gerações, promovendo resgates históricos, apoiando instituições e fomentando a formação de coleções. A exposição Rio: a medida da terra abre a casa e joga luz à exuberante geografia natural e o seu tortuoso desenvolvimento urbano.
A galeria, aberta no último fim de semana, conta com a expertise e o acesso ao acervo da paulistana Almeida & Dale, de Antônio Almeida e Carlos Dale, junto com os cariocas Pedro Buarque (diretor executivo), Luisa Duarte (diretora artística) e Maria Ferro (diretora comercial). A reforma do projeto arquitetônico do prédio na Rua Dias Ferreira, no Leblon, é do escritório paulistano Vão, responsável pela expografia da última Bienal de São Paulo. Já a identidade visual da galeria é assinada pelo renomado diretor de arte Giovanni Bianco.

Adriana Varejão – Panorama da Guanabara, 2012 (Foto: Sergio Guerini)
A abordagem artística e curatorial que norteia o funcionamento da galeria, a diferencia de outras casas do mercado secundário – aquele em que são comercializadas obras que já estão circulando, num momento posterior ao da relação direta (mercado primário) entre o artista e seu galerista. O convite de Pedro a Luisa Duarte para ser diretora artística reflete esta visão. Ela cresceu cercada de artistas – é filha do crítico e professor de história da arte Paulo Sergio Duarte – e atua como crítica de arte e curadora há vinte anos. “Temos acesso a um acervo amplo, muito rico para se traçar diálogos entre diferentes capítulos da história da arte brasileira. A nossa primeira exposição, que cobre um arco temporal de mais de 100 anos, tendo o Rio de Janeiro como tema, traduz tal amplitude e variedade”, diz.
Maria explica que, além de poderem contar com o acervo da Almeida & Dale, a Flexa vai atuar captando obras novas de artistas com potencial de colecionismo no Rio. “Cada mercado tem suas particularidades, e é importante poder atender a elas”, diz. Maria cita como exemplo o artista baiano Rubem Valentim, atualmente participando da Bienal de Veneza, como um nome que tem aceitação na cidade, e que terá algumas obras oferecidas pela galeria. “Além disso, será importante para nós atender tanto aos novos modos de colecionismo quanto aos colecionadores mais experientes, que buscam enriquecer ou girar suas coleções, por exemplo.”
A Flexa vai também atuar representando espólios e realizando parcerias com outras galerias associadas, como a Cerrado, em Goiânia e Brasília, e a Marco Zero, em Recife.

Heitor dos Prazeres – Sem Título, 1953 (Foto: Sergio Guerini)
Exposição
A exposição “Rio: a medida da terra” aborda essas tensões, mostrando paisagens do Rio, obras neoconcretas e contemporâneas, e discutindo questões sociais como a violência urbana e a resistência cultural. O título remete à origem da palavra geometria, destacando-a como uma medida da vida e da terra, em vez de uma abstração ideal. A antiga capital do Brasil, é um palco de tensão entre a racionalidade urbana moderna e a paisagem natural resistente. Essa disputa ressoa no neoconcretismo, movimento artístico iniciado em 1959 por Hélio Oiticica, Lygia Pape e Lygia Clark, que subverteu a abstração geométrica europeia ao integrar a arte ao cotidiano e à natureza.
Entre os artistas presentes na mostra, estão: Agrippina Roma Manhattan, Alair Gomes, Allan Weber, Carlos Vergara, Giovanni Castagneto, Henry Chamberlain, Glauco Rodrigues, Georg Grimm, Gustavo Dall’Lara, Heitor dos Prazeres, Hélio Oiticica, Ione Saldanha, Ivens Machado, Jonas Arrabal, Laercio Redondo, Laura Lima, Lívio Abramo, Luiz Zerbini, Lygia Pape, Marcia Falcão, Marcos Chaves, Nicolas Antoine Taunay, Nicolau Facchinetti, Oswaldo Goeldi, Panmela Castro, Raymundo Colares, Timóteo da Costa, Victor Arruda, Wanda Pimentel, Wilma Martins, Zé Tepedino.

Luiz Zerbini – Chinatown,1994 (Foto: Sergio Guerini)
Flexa Galeria
Rua Dias Ferreira 175, Leblon
Entrada gratuita – Funcionamento: De seg. a sex., das 10h às 19h; e sáb., das 11h às 17h