Nannai Muro Alto – Foto: Divulgação

A caminho da praia de Muro Alto, em uma viagem de menos de uma hora partindo do aeroporto de Recife, pergunto a Neyton, o motorista que me leva ao NANNAI, como é trabalhar no resort: “olha, é difícil entrar e difícil de sair”, ele me conta. Só aí o hotel já me conquistou. O luxo dos anos 2020 tem que passar, obrigatoriamente, pelo cuidado, empatia e bem-estar de todos os envolvidos — hóspedes e funcionários. E a frase dá uma boa medida do que posso esperar.

Chego ao resort & spa para uma experiência de alguns dias e sou recebida com um drink na recepção enquanto me preparo para conhecer meu bangalô.
Estive no NANNAI dez anos atrás e, para minha surpresa, muita coisa mudou, mas a essência não se perdeu. Parece uma grande casa de praia, um lugar low profile, para relaxar ao som do mar, com um staff de simpatia genuína e sem esforço, onde o tempo passa lentamente.

A praia de Muro Alto é uma das mais belas do País com seus extensos recifes e águas calmas, perfeitas para atividades como caiaque e stand-up paddle. Entre idas ao mar e mergulhos nas piscinas (individuais e coletivas, elas se comunicam pelo hotel inteiro, formam 6 mil m2 de águas), dá para passar o dia só admirando as belezas naturais. Ao longo do dia, os hóspedes são surpreendidos com algumas delícias para petiscar sob o sol, como o impecável caldinho de peixe.

Almoço no Bar Salero, uma agradabilíssima surpresa com suas tapas de origens mediterrânea e raízes brasileiras. O polvo é a pedida certa para apreciar com uma taça de vinho branco, com vista para a praia e seus coqueiros. Recentemente, foi inaugurado o Tiatê (que tem uma filial no NANNAI de Fernando de Noronha) com receitas da culinária brasileira e nordestina, criadas pela tia do proprietário do resort. Sabe aquela comidinha comfy, para ficar feliz? É exatamente isso. De carne de panela, arrumadinho (que não pode faltar!) e frutos do mar, como a pescada grelhada com risoto de castanha de caju, o menu é uma coleção de pratos deliciosos. Não deixe de provar as receitas secretas dos docinhos cartola e beijo caboclo, à base de leite de coco, com textura de pudim. Imperdíveis!

Ao cair da tarde, um sino toca convidando para a hora do chá. Bolos caseiros, docinhos e salgados são delicadamente oferecidos pelo hotel para rechear o entardecer. De volta ao bangalô, ainda dá para aproveitar a piscina particular e ler um livro no deck da varanda. O jantar é no restaurante principal onde, apesar da fartura e da variedade, existe um cuidado com os ingredientes e respeito às cadeias de fornecedores. A gastronomia é uma parte importante da cultura do NANNAI. Mescla o regional e o internacional (caso do balcão de sushis que não deve em nada aos melhores restaurantes japoneses do País), com graça e inventividade.

Recomendo muito a mesa da bartender. Explico: mediante reserva, a experiência inclui uma degustação de drinks feitos pela mixologista Karine Xavier, que tem especialização internacional. Enquanto prepara clássicos da coquetelaria com toque pessoal como Cosmopolitan e Cover Club, vai explicando o ritual e os ingredientes, com iguarias para harmonizar. O grand finale é uma receita da própria Carine à base de cachaça e maracujá e, na minha opinião, o melhor de todos.

Para equilibrar os excessos culinários, amanheço na porta da academia, onde são oferecidos treinos individuais, aulas de dança, yoga, funcional e clínicas de tênis e beach tennis. Na sequência, uma ida ao spa — e esse é um capítulo à parte. Um oásis dentro do oásis, o Spa by L’ Occitanne oferece massagens revitalizantes, relaxantes, drenagens, esfoliação, tratamentos faciais e, claro, um relax quase privativo na piscina com hidromassagem do spa. Entre as saunas úmida e a seca, um chazinho de ervas frescas cai bem. O spa fica ao lado da boutique NANNAI, com uma curadoria impressionante de marcas de beachwear, óculos, bolsas e sapatos de todo o Brasil. Vale uma visita com calma para achar preciosidades.

O NANNAI me encanta por tudo isso. E porque abraça a comunidade local — de artistas da região com obras expostas pelo hotel, caso das xilogravuras de João Borges e das peças de arte da oficina Francisco Brennand, a projetos sociais que apoiam a comunidade local. Um deles me encantou particularmente. Fui conhecer o Iannan, NANNAI invertido, que tem o propósito de retribuir à comunidade tudo o que ela proporcionou. O instituto é uma plataforma de capacitação de jovens que aprendem, com o staff do próprio hotel, funções de hotelaria. Uma forma de empoderar meninos e meninas de Nossa Senhora do Ó e arredores, no município de Ipojuca. Já está na terceira turma com um bom índice de aproveitamento de funcionários. Não basta ganhar, mas saber devolver. Ponto para o NANNAI.