Rosangela Silva – Foto: Reprodução / Instagram @rosajorosa
Inserida no mercado de beleza nacional, que segue cada vez mais em extensão, Rosangela Silva quer fazer diferente. Formada em administração, ela criou a marca Negra Rosa após sentir falta de produtos específicos voltados para a pele negra. Desta forma, ela foi uma das pioneiras em maquiagem para mulheres negras, além de produtos especializados nos cuidados com o cabelo crespo. “Acredito que a marca é para essa mulher que está espalhada por ai, que está pegando ônibus 4 da manhã e está chegando em casa 22 horas da noite para acordar cedo de novo no dia seguinte”, diz em entrevista exclusiva à Bazaar, que celebra o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha, comemorado nesta quinta-feira (25.06) com uma edição especial do Mulheres que Inspiram.
Parceria de sucesso
Em 2022, a empresária vendeu a empresa que fundou para a Farmax, produtora de cosméticos e de produtos de bem-estar. O resultado da união das empresas garantiu maior tecnologia e expansão dos processos e produtos. Após colher os frutos de um trabalho de 18 anos, ela não tem a pretenção de pular processos para expandir sua linha em um processo rápido ou muito menos viralizar na internet a partir de trends que costumam pautar o mercado e os consumidores. Para a empresária, a beleza real deve ser associada a mulher comum. “Elas [pessoas comuns] ficam relegadas ao que? Meu produto é para elas, porque sou uma pessoa comum. As pessoas precisam tratar bem todo mundo, independente de ser bonita, poderosa ou guerreira”, reflete.
De acordo com Rosangela, focar na eficiência e na mensagem de suas criações é o processo chave para garantir a confiança do público. “Ainda tem essa questão das pessoas quererem produtos de marca X, que fulana usou. A gente ainda tem que fazer um convencimento em várias frentes. Se gasta muito mais energia nesse processo, trabalhando a marca, mas é o que a gente acredita”, comenta a empresária e agora diretora de criação da Negra Rosa. “Uma coisa era quando a gente estava só ali no digital, com nossos primeiros produtos. Agora, a gente tá numa gôndola junto com várias outras marcas gigantes. Inclusive, a gente está chegando em farmácias independentes e grandes redes”, comemora a profissional, que em 2010 falava sobre cabelo natural, testando diversos produtos com mais de 300 vídeos no YouTube sobre o assunto. Até que em 2018, Negra Rosa lançou o gel ativador, que lhe deu uma dimensão gigante no universo capilar.

Campanha Negra Rosa – Foto: Divulgação
Pés no chão
Atualmente, no portfólio são 70 produtos do universo de skincare, maquiagem e produtos capilares. O seu último lançamento, foi o shampoo, condicionador e máscara capilar, criados graças a união com a farmax. O projeto, um desejo antigo, foi realizado com cautela e pés no chão. “Quando começou o projeto capilar, foquei no processo da fórmula. As nossas meninas de pesquisa e desenvolvimento são mulheres negras. Estava todo mundo ali trabalhando com motivação, cada uma com cabelo diferente, trazendo novos pontos”, revela a diretora de criação, realizada com o feedbacks reais das consumidoras após o produto finalizado. “Procuramos um preço bacana de embalagem, rótulo. Diminuímos nossa margem para gerar experimentação nas pessoas”, conta ela sobre o produto desenvolvido no Brasil. Inclusive, a tabela de curvaturas capilares, que normalmente é parâmetro em muitos projetos de desenvolvimentos capilares, foi deixada de lado. “A tabela foi copiada e colada dos Estados Unidos, de anos atrás. Ninguém questionou isso aqui no Brasil, que tem um formato completamente diferente, temos uma miscigenação totalmente diferente, temos muito mais pessoas negras aqui do que lá. São várias texturas capilares. Desta forma, prefiro comunica sobre texturas e tipos de fio”.
Da sua maneira
Rosangela afirma que fica de olho no mercado, mas que não cria produtos para viralizar. “Eu não tenho essa pegada de ser uma pessoa de ostentação nas redes sociais, porque eu não sou na vida real. Não vou criar um personagem para vender Negra Rosa”, diz ela, que também segue comunicando e elaborando conteúdos em seus perfis oficiais, da sua maneira, como seus admiradores esperam. “Hoje em dia, todas as pessoas começam a replicar trends das redes sociais. Eu, como marca, tenho que ter senso crítico e um outro posicionamento. Poderia pegar todas as polêmicas que, incluindo sobre base para peles negras, e fazer videozinhos, mas não faço nada, porque não é sobre isso, meu produto está ali disponível para quem quiser, não precisa ficar me reafirmando. Não quero ser oportunista. Não posso banalizar uma luta para vender um produto”, desabafa. Como o futuro é próximo para quem é do mercado de beleza, Rosangela adianta os próximos passos da Negra Rosa. “Vem uma nova categoria ainda esse ano. Algo que ainda não temos. No segundo semestre vocês vão ficar sabendo”, finaliza, feliz com o processo.
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