
Marina Ruy Barbosa usa full look Saint Laurent por Anthony Vaccarello – Foto: Fernando Tomaz, com direção criativa de Kleber Matheus, styling de Pedro Sales, beleza por Silvio Giorgio (Capa MGT), direção de arte de Victor Endo, retoque de Bruno Rezende, coordenação de Mariana Simon, produção executiva Zuca Hub e Eden Production, produtores responsáveis Claudia Nunes e Marc Edenburg, produção de moda e assistentes de styling Marcelo Felippe e Luiz Freiberger, assistentes de foto Murilo Uchôa e Jorge Escudeiro, assistente de beleza Julia Boeno, assistente de produção Caio Nogueira e Carol Rabelo, camareira Daniela Campelo e manicure Rose Luna
“A última vez que te vi fazíamos a mesma academia”, lanço essa para quebrar o gelo naquela tarde fria de feriado em São Paulo. “Confesso que ando meio preguiçosa nestes últimos tempos”, me diz Marina Ruy Barbosa. “Mas tenho uma dica infalível. Coloco a roupa de academia e engano meu cérebro. Ele pensa que eu já malhei e está tudo certo. Agora, mesmo estou com roupa de ginástica”. Rimos e seguimos falando, falando, falando. Mulheres adoram falar, e falamos de tudo. Carreira, moda, vida pessoal, projetos, fama, desejos de liberdade e de maternidade. Aos 29 anos (recém-completados, ela faz questão de frisar), Marina Ruy Barbosa é uma mulher under construction. Mas, prefiro desconstruir Marina. Tudo o que os haters e os fãs gostariam que ela fosse, mas ela não é.
Marina é celebridade, das gigantes. Daquelas que param uma festa quando chegam. Surge deslumbrantemente firme em tapetes vermelhos internacionais. Atrai todos os olhares — e também as críticas. Mas é aquele tipo “gente como a gente”. Vai do salto ao chinelo sem afetação, e transita muito bem nesses dois mundos. Pode estar de cara lavada, cabelos despenteados, mas jamais recusa uma foto. “Eu me sentiria muito culpada de dizer não para quem se dispõe a vir falar comigo”. E não tem essa de acordar e dormir diva. “Preciso destes momentos mais descontraídos para curtir também quando tenho que me arrumar”. Vida é equilíbrio e Marina entende que, entre mocinhas e vilãs, o balanço dessa equação funciona na vida e na arte.
Dou um Google para entender o que estão falando sobre ela nesse momento. “Noivo milionário de Marina Ruy Barbosa expõe qual é o principal defeito da atriz” é uma das manchetes. “Marina sensualiza de biquíni em praia de milionários”, “Bruna Marquezine surpreende e deixa comentário em foto de Marina Ruy” são outras. Volto um pouco no tempo: “Marina fica um mês sem falar com a mãe” (essa fui correndo ler e descubri que a mãe ficou brava porque Marina esqueceu de sua data de aniversário!). Vejo as perguntas que fazem sobre ela no mesmo Google: “qual é a fortuna de Abdul Fares (seu noivo)?”. “Por que Marina terminou com Alexandre Negrão (seu ex-marido)?”. Acho graça e penso como deve ser ter a vida exposta nesse nível. “Hoje estou mais amorosa comigo mesma e não preciso me provar para os outros. Isso afeta demais a saúde mental, ser julgada, observada. Já acelerei processos, terminei relacionamentos antes da hora por ter minha vida exposta. Tinha que resolver logo para dar uma satisfação.” Ela conta ainda que, quando se pega sofrendo além da conta por certas coisas, lembra da frase que ela e um amigo costumam usar: “Tá, mas e no final? No final a gente morre”. Ou seja, ela não quer mais dar importância ao que não faz sentido. Entendeu que a vida é mais simples do que isso.

Marina Ruy Barbosa usa fake fur coat Stella McCartney, joias Bvlgari e botas Uza Shoes – Foto: Gabriela Schmidt, direção criativa de Kleber Matheus, styling por Renata Correa, beleza de Silvio Giorgio (Capa MGT), set designer Ana Arietti, direção de arte Victor Endo, retoque Bruno Rezende, coordenação Mariana Simon, produção executiva Zuca Hub e Eden Production, produtores responsáveis Claudia Nunes e Marc Edenburg, produtor de locação Ale Rocha, produção de moda e assistentes de styling Layse Araújo, Gabriel Binow e Luan Gabriel, assistentes de foto Marina Scanavez, Bruno Alfredo e Flávio Lucas, assistente de beleza Júlia Boeno, assistente de set design Maju Camargo, ajudante de set JC Velicev, assistentes de produção Caio Nogueira, Carol Rabelo e Andre Gustavo, camareira Magnalva Silva e manicure Laís Loronha
É para poucos, muito poucos, crescer aos olhos do público e não sucumbir. Marina estreou aos 9 anos em sua primeira novela. Foram 14 até aqui, além de filmes e séries. Depois de 20 anos de contrato com a Globo, decidiu encerrar a exclusividade. “Não quero mais negar trabalhos que gostaria de fazer. Tenho muitos planos”. Não pode adiantar muito, mas tem uma série prevista para este ano ainda. Marina, aliás, ama atuar. “É a raiz de tudo, da minha história, como tudo começou”, justifica. “Todo o resto veio como consequência”.
E veio a Ginger, sua marca de roupas, que já completou 4 anos. A elegância da atriz/estilista está no DNA da label. “É muito consistente com o que acredito como moda, um braço meu, em que coloco minha arte e visão de estilo de um jeito autoral e independente, onde tenho voz”. Marina conta que isso despertou nela um desejo de fazer o mesmo como atriz. “Quero ir atrás de projetos pensados e desenvolvidos por mim, mais autorais. Isso é muito comum lá fora”. E ela repete várias vezes durante esta entrevista: “não quero mais nada imposto na minha vida”. É esse o seu grito de liberdade.
Já teve crises de pânico, pensou em operar o nariz (mas contornou o desejo com uma maquiagem simples), é ansiosa por natureza, tem paladar infantil. “Sou canceriana, sensível, tudo é muito para mim”. Quer ter filhos, mas não sem antes entender se o homem que seguirá ao seu lado vai estar preparado para viver com uma mulher forte e independente. Gosta de papos profundos e amizades idem. Confessa que fez muitos amigos ao longo do caminho e que a vida lhe proporcionou ótimos encontros. Mas sofreu com egos inflados, vaidades e competitividades nocivas. Aprendeu a se aceitar. “Não adianta querer se encaixar, no fim das contas, minhas imperfeições me fazem única”, se convence. “Aliás, minha palavra do momento é ressignificar. Não deixo de enfrentar situações que me causam dor, mas tento dar novos sentidos para elas”. Está certo, e ela talvez tenha razão. A ideia não é desconstruir, mas ressignificar Marina.