Sha’Carri Richardson em campanha da Nike – Foto: Divulgação

Por Cassio Prates e Eve Barboza

O fim das Olimpíadas de Paris acontece neste domingo (11.08) e, nessas últimas três semanas, muito se avançou na relação entre esporte e moda, entre o poder midiático que o evento tem e a quebra de padrões das competidoras. Atualmente, as competições esportivas são um dos poucos tipos de transmissões que atingem o grande público ao vivo. E aí, a moda ganha dos dois lados.

De um lado, porque o grande desafio da indústria é chegar em outros consumidores e crescer em faturamento. Esse fenômeno já vinha sendo construído, com atletas se tornando celebridades para marcas de luxo e, até mesmo, com trends das redes sociais, como o balletcore e o blokettecore.

Do outro lado, o mundo entendeu o uniforme da Mongólia; viu Rayssa Leal – capa da Harper’s Bazaar Brasil de julho – misturar Nike com Adidas e sambar com muito estilo nas pistas de skate; se atentou nas unhas de Sha’Carri Richardson; vibrou com Rebeca Andrade que, junto com a equipe de ginastas brasileiras, ganhou destaque global pelo seu jeito de competir; e conheceu Beatriz Souza por sua força e beleza, entre outros vários exemplos. Claro que ainda existe muito a ser feito em termos de incentivo ao esporte por gêneros, mas podemos dizer que este momento deve ser comemorado.

A principal batalha travada na moda desde o final da Segunda Guerra Mundial tem sido a de dissociá-la das mãos da burguesia. O surgimento do ready-to-wear, os movimentos de contracultura, a música e a moda de rua são alguns desses momentos, no entanto, todas as conquistas culturais vêm sendo gradualmente corroídas, fazendo com que o consumo ostensivo e a exibição de status continuem vigorando. Nas Olimpíadas, voltamos a falar e ver o que não se via em Paris há bastante tempo. À parte da abertura, aqueles que ainda vivem no século anterior, foram obrigados a entender que existem outros luxos e outras formas de expressar a moda – que não ficam só na Europa e no passado.