Obra “Push-Pull” (2008), já instalada no novo espaço cultural da cidade, que abre as portas em 15 de setembro (Foto: Joana França)

Incensado nome da arte contemporânea, Anish Kapoor será o primeiro artista a expor no novo centro cultural de São Paulo, a Casa Bradesco, um hub de criatividade próximo ao corredor cultural da Avenida Paulista. Tida como “a maior exposição” do artista britânico [e origem indiana] no Brasil, a mostra Inflamação ocupa a sala Aqui com 20 trabalhos – entre esculturas, instalações, além de uma site-specific inédita. Esta última foi criada especialmente para o espaço, “já está no Brasil, mas ainda não foi instalada porque precisa de uma preparação”, segundo apurou Bazaar. Com curadoria de Marcelo Dantas, será aberta ao público no dia 15 de setembro e ficará em cartaz durante quatro meses.

Entre as obras de Kapoor que já estão no espaço e vêm ganhando os últimos ajustes, há formatos conhecidos, como uma empilhadeira de cera, telas em vermelho-sangue, espelhos em tamanhos monumentais e outras mais delicadas, mas não menos impactantes. “O espaço permite uma conversa entre as instalações com a arquitetura, pela profundidade, pé direito e luz natural. Parece que foi feito para cá”, explica Benjamin Ramalho, responsável pela vertente de Cultura do complexo. As criações do britânico obras são, ao mesmo tempo, objetos e não-objetos, luz e sombra, presença e ausência, volume e vazio, profundidade e protuberância. E o mais importantes: provocam sensações.

Na expo, Kapoor ainda brinca com as cores, como o vantablack, um material descrito como “a substância mais escura feita pelo homem” e o vermelho bastante intenso, seu elemento mais característico. “Em um corredor lateral, ele optou por não ter peças ali, porque gosta da vista.” As grandes janelas arqueadas desembocam no Jardim das Oliveiras e, à direita, na capela Santa Luzia – locais que também podem ser apreciados pela vista no segundo andar do prédio em estilo industrial, que carrega marcas do passado na sua estrutura.

“É um dos maiores artistas do mundo. Queria mostrar que até para os meus artistas (favoritos), o Brasil é uma terra de inspiração. Isso nos desafia. Nós cumprimos nossa missão, que é fazer a melhor exposição do Anish de toda sua carreira. O lugar, a história, o momento, a profundidade e a Casa, tudo permite acontecer essa magia”, afirma Alex Allard. O empresário fez dois pedidos ao artista: “queria que falasse de tempo”. Para ele, é o que iguala todos os seres vivos, além do interior de cada pessoa. Isso motivou a mostra ser bastante visceral, com o vermelho-sangue que aparece em uma piscina ou na cicatriz de uma obra em contraste com a parede expondo a história do lugar e o preto-escuro, que cria ilusões de ótica. “Fiquei emocionado com o trabalho sobre a feminilidade. E dessa necessidade de religar a humanidade ao arquétipo feminino.”

Ainda não há informações sobre a venda de ingressos, mas, assim como outras instituições da cidade, o público terá acesso gratuito ao novo equipamento cultural às terça-feiras. O hub contará ainda com espaço kids, café com lounge, e na área externa pequenas lojas voltadas ao fazer manual e à gastronomia. O projeto é assinado pelo arquiteto italo-francês Rudy Ricciotti. Em uma segunda etapa, além da sala Aqui (com 2 mil metros quadrados), serão abertos os espaços Ali, dedicado às crianças, e o Acima, focado na economia criativa. No subsolo, a Abaixo poderá ser usada como espaço de eventos e outras manifestações culturais.

Foto: Getty Images