
Foto: Mattia Guolo
Matteo Bocelli vem ao Brasil na próxima semana para duas apresentações: uma na capital fluminense, no Vivo Rio, em 8 de outubro, e na capital paulista, na Sala São Paulo, no dia seguinte (9 de outubro). Depois de visitar o País com seu pai em maio, agora vem para sua primeira turnê solo, intitulada A Night With Matteo, com um repertório que vai do Pop ao clássico, passando por sucessos da música italiana e outros covers. “Eu simplesmente amei o País. É um lugar muito energético, tanto pelas pessoas que conheci nas ruas, quanto nos shows do meu pai”, conta ele sobre a semelhança do Brasil e da Itália.
O cantor explica que não tinha outro caminho a seguir, senão a paixão pela música. “Acho que todos têm expectativas, e precisamos lidar com elas, sendo filhos de artistas famosos ou não.” Ele ainda brinca que estar no palco, diante de tantas pessoas, “quebra” sua personalidade mais reservada, fazendo-o se sentir mais confiante e com um visual mais elaborado. “Só visto o que me faz sentir confortável e ser eu mesmo.” Em sua terceira vinda ao Brasil [a primeira foi na infância], ele conta que sente conexão com as faixas de Toquinho e quer ouvir mais Tribalistas [grupo formado por Arnaldo Antunes, Carlinhos Brown e Marisa Monte].
Antes de embarcar para o Brasil, o artista falou à BAZAAR, de sua casa na Toscana, Itália, por chamada de vídeo. “Gostaria de convidar todos para os meus shows. O ao vivo é onde o público realmente conhece o artista e pode entender sua personalidade”, conclui. A seguir, ele fala sobre a percepção da fama, o foco na música, pois se prepara para lançar um álbum em 2025 após a turnê, e se tem planos de voltar a atuar ou modelar. Confira a íntegra do papo:
Harper’s Bazaar: Você esteve no Brasil no ano passado. Qual foi sua primeira impressão? Conheceu muitas pessoas? Como foi a energia? Porque as pessoas aqui são muito vigorosas e energéticas, certo?
MB: Eu adorei. Foi minha segunda vez no Brasil; a primeira foi quando tinha uns 15 anos. E simplesmente amei. Como você mencionou, o Brasil é um lugar extremamente energético, não apenas pelas pessoas que conheci nas ruas, mas também pela energia nos shows do meu pai. Tem algo em comum com a Itália, sabe? A energia das pessoas. Somos muito apaixonados, falamos com as mãos…
HB: Você participou de algumas campanhas para a Guess. Como isso aconteceu, considerando que sua família é da música? Como a moda entrou na sua vida?
MB: Essa é uma boa pergunta. Honestamente, nunca fui muito ligado à moda, não sei muito a respeito. Mas, em uma carreira, mesmo sendo músico, muitas oportunidades legais surgem — tanto no mundo da moda quanto, às vezes, no cinema. Tive a oportunidade de atuar no filme “Era uma Vez um Gênio”, dirigido por George Miller, onde cantei a música “Cautionary Tale”. Então, definitivamente, são aspectos importantes de uma carreira que gosto de explorar, mas meu foco principal sempre foi a música.

Foto: Mattia Guolo
HB: Você nasceu no berço da moda masculina. Como consome? Você tem alguém que o assessora na escolha das roupas?
MB: Não tenho um stylist fixo. Visto o que me faz sentir confortável e ser eu mesmo. No dia a dia, é um par de jeans e uma camiseta, sou bem tranquilo. Mas, quando estou no palco, tenho sorte de ser patrocinado por uma marca italiana bem nichada, chamada Stefano Ricci. Eles são clássicos e, até agora, tenho usado smokings no palco — algo bem elegante, e a qualidade das roupas deles é incrível.
HB: Você gostaria de assinar uma colaboração ou algo assim no futuro?
MB: Estou aberto a colaborações. Quando me oferecem algo que se alinha com meu estilo e minha forma de ser. Se eu encontrar uma marca que reflita isso, com certeza me interessa. Mas, no momento, não há nenhuma oportunidade concreta.
HB: Você mencionou que, no palco, se sente diferente em termos de moda. Existe uma persona quando entra no palco?
MB: Normalmente, sou uma pessoa que ama estar em casa, com poucas pessoas, cercado de amigos. Mas, no palco, é diferente, porque estou diante de muitas pessoas que não conheço, e isso quebra um pouco minha personalidade mais reservada. No entanto, não é algo forçado. Eu realmente gosto de estar no palco, de me conectar com o público, de falar com eles. Também visualmente, no palco, eu tento ser mais preciso — no dia a dia, sou mais relaxado, não coloco gel no cabelo, por exemplo. No palco, é tudo mais elaborado, e acho que faz parte da performance.
HB: Quando está em casa, o que gosta de fazer? Tem hobbies?
MB: Claro, a música está presente, mas também gosto de pilotar drones. Tenho vários hobbies; amo carros antigos, especialmente Jeeps antigos e enferrujados; adoro desmontá-los e restaurá-los do zero.
HB: Você sente a pressão de ter um sobrenome tão famoso no mundo da música? Como lida com as expectativas?
MB: Acho que todos têm expectativas, e precisamos lidar com elas, sendo filhos de artistas famosos ou não. As expectativas e os desafios devem ser enfrentados com paixão, porque, quando você ama o que faz, os desafios se tornam mais leves e fáceis de enfrentar.

Foto: Mattia Guolo
HB: O que você está preparando para os shows no Brasil? Terá algo diferente?
MB: Os shows com meu pai foram totalmente diferentes, pois eram os concertos dele, em estádios. Esses agora são meus shows, onde posso mostrar quem eu sou e a música que gosto de tocar. O repertório seguirá o que apresentei ao redor do mundo, misturando minhas músicas e alguns covers que fizeram parte da minha infância. E talvez eu inclua algumas surpresas.
HB: O que você sabe sobre música brasileira?
MB: Honestamente, eu não consumo tanta música em geral. Tento focar na minha própria. Às vezes, é importante olhar ao redor e ver o que está acontecendo, mas acredito que a música precisa ser autêntica, fiel a quem você é. Cresci ouvindo Toquinho, por exemplo. Recentemente, me sugeriram ouvir os Tribalistas, ainda preciso conferir.
HB: Quando você percebeu que seu pai era famoso?
MB: Não houve um momento específico. Acho que percebi porque as pessoas o paravam na rua, pedindo autógrafos e fotos. Também me lembro de estar em casa, e meu pai estava em turnê nos EUA; eu o via cantando na TV. Foi um processo gradual.
HB: Em quais projetos você está trabalhando atualmente?
MB: Música é meu foco principal. Tive uma experiência incrível trabalhando com George Miller no filme Era uma Vez um Gênio (2022). Foi único, e se no futuro houver outra oportunidade no cinema, eu aceitaria, mas agora estou focado em terminar essa turnê e em escrever e produzir meu próximo álbum, que deve ser lançado no início de 2025.
HB: O que você gostaria que as pessoas soubessem sobre você que talvez nunca tenha tido a chance de contar?
MB: É uma pergunta difícil. Acho que preferiria responder a perguntas específicas, mas, em geral, gostaria de convidar todos para os meus shows. Os shows ao vivo são onde o público realmente pode conhecer e entender a personalidade do artista. Gostaria de ver todos lá, para passarmos uma noite juntos, curtindo música e nos divertindo.

Foto: Andre Veloso