Chanel, primavera-verão 2025 (Foto: Divulgação)

Passarinho, que som é esse? Vou dizer: não é o lançamento de um foguete, nem as prateleiras de um supermercado ou as roletas de um cassino. Na verdade, com a exceção dos suspiros pelo retorno da Chanel ao Grand Palais, o ruído é bem mais suave. Desde que Virginie Viard bateu as asas, ainda ninguém veio ocupar o “poleiro” da direção criativa. E talvez, só talvez, seja melhor assim por enquanto.

Me deparar com a enorme gaiola monogramada (debaixo do teto de vidro e metal do endereço) despertou memórias. Não dos espetáculos de Karl Lagerfeld ali, que não testemunhei por nascer atrasado, mas daquela dourada, toda florida, onde Madame du Barry guardava seu papagaio em Versailles. A ave, treinada para dizer “lá vem a bela condessa”, acompanhou a amante de Luís XV depois de seu exílio do palácio e quem ficou foi apenas a gaiola. Eu sei, a comparação é quase absurda, mas Du Barry e Coco Chanel nasceram no mesmo dia… e eu também!

 

Agora, não sei mais dizer o que preferiria ser: o papagaio da condessa ou um passarinho da Chanel. Da primeira fila, achei as plumas todas um charme (aplicadas em babados, saias e óculos ou mesmo só como estampa) e o clima foi tão leve que quase não deu para lembrar do drama pesado que é a ausência de um novo estilista. “Vem antes do fim do ano”, segundo Bruno Pavlovsky, presidente de moda da maison. Quem sabe é meu presente de Natal, embrulhado em tons pastéis como nos looks?

Enquanto ninguém voa, pelo menos dá para subir nas alturas com as plataformas altíssimas e brincar de acrobata com as golas circenses divinas ameaçando estrangular as modelos. Foi exatamente isso, aliás, que Riley Keough, neta de Elvis Presley, fez enquanto cantava no balanço dentro da tal gaiola. Toda de preto, parecia um corvo inquieto – e não é que eles são mesmo as aves mais espertas?

A revoada terminou exatamente às 11h12 da manhã, coincidência deliciosa para quem tem uma bolsa 11.12 no armário. E ainda que a moda não tenha sido um golpe forte no coração, valeu a pena (pegou o trocadilho?) acordar com os piados para ver tudo de perto. The early bird catches the worm!