Maison Bohème Montmartre – Foto: Divulgação

por Cibele Maciet, de Paris

Já imaginou ficar em um hotel com atmosfera de chalé inglês e vista para a Sacré-Cœur? Esse é o espírito do Maison Bohème, inspirado nos cottages britânicos com estilo rústico vintage, distribuído em duas casas parisienses de 1835.

Com mais de 250 anos de história, o local foi inteiramente renovado. Após um investimento de 8 milhões de euros em reformas, os antigos quartos de artistas foram transformados em uma elegante residência hoteleira com quinze acomodações (de 23m² a 120m²), incluindo quartos, suítes e apartamentos, todos inspirados em artistas renomados.

Entre eles estão Modigliani – antiga residência de Dolores, neta de Charlie Chaplin –, além de Renoir, Picasso, Toulouse-Lautrec, Van Gogh e Monet. Os ambientes graciosos foram redecorados pelo Atelier J.A-Atelier PPMJ, fundado por Matthieu Joubin e Pauline Plegat, ex-colaboradora de Laura Gonzalez, cuja influência pode ser percebida no estilo colorido, floral e acolhedor dos espaços.

Ao chegar, fui jantar no restaurante do hotel, o La Bohème Montmartre, parte integrante do complexo hoteleiro. O restaurante oferece pratos tipicamente franceses, como Terrine de foie gras du Sud-Ouest e Cuisse de canard confite, mas o mais interessante é sentir o ambiente festivo do bairro, com música e o burburinho de turistas e locais. Além do restaurante, o grupo também conta com o Cabaret de la Bohème, que pode ser privatizado para aniversários e eventos.

Meu apartamento, o Matisse Premium, de 70m², conta com dois quartos e dois banheiros, podendo acomodar até seis pessoas. Ele pode ser conectado ao Quarto Anexo Degas, de 23m², que acomoda mais duas pessoas, totalizando 80m² para até oito pessoas. O pequeno quarto sob o telhado tem um charme especial, e a cozinha aberta é perfeita para momentos em família ou com amigos ao redor de uma grande mesa, com um aconchegante salão adjacente, tudo com vista direta para a Sacré-Cœur.

Um pouco de história

Mesmo que Montmartre receba 15 milhões de visitantes por ano, apenas alguns privilegiados se hospedam no bairro. A história da famosa Praça do Tertre – que data do século XIV – é bastante curiosa. O local, onde artistas oferecem caricaturas e gravuras aos turistas e passantes, só foi integrado à cidade de Paris em 1860.

Antes disso, o vilarejo era um enclave preservado, sobrevivendo de seus produtos isentos de impostos. A vida ali era mais barata do que na capital, e os parisienses gostavam de ir a Montmartre para desfrutar das suas guinguettes, cabarés, cafés e tables d’hôtes. Enquanto Haussmann redesenhava Paris, Montmartre ainda era coberta por quinze moinhos e vinhedos, atraindo artistas, boêmios, anticonformistas e libertários, tornando-se o novo epicentro da vida artística.

Em 1894, a casa que abriga o atual Maison Bohème começou a receber viajantes sob o nome de Hotel du Tertre, com uma mercearia no térreo. Curiosidade interessante: em 1895, Puccini escreveu ali a ópera “La Bohème”, baseada na obra de Henry Murger, já um sucesso no teatro.