
Juliana Bastos – Foto: Divulgação
Por Diogo Mesquita
Juliana Bastos convive desde pequena com uma doença autoimune chamada psoríase. A condição provoca irritação e manchas na pele, além das angústias de quem tem que coçar o seu corpo com a mesma frequência que respirar. Se a cura é por enquanto impossível, amenizar os sintomas é a saída para uma rotina mais tranquila. Através de seu medico, ela descobriu que os materiais que revestiam suas roupas, influenciavam de forma positiva ou negativa seu estado de saúde. Encontrou então seu caminho: a moda não como um fim, mas como um meio de educação e cura.
Manui: made in Bahia
A Manui virou realidade em 2016, resultado do Trabalho de Conclusão de Curso de Juliana na Faculdade Santa Marcelina. As referências e inspirações estéticas para a marca não vieram de Milão ou de Paris. Vieram da mãe, do pai, dos tios, e dos avós da designer, que tem raízes baianas e indígenas. Confeccionada mais para mudar ideias do que aparências, a Manui não usa nenhum tipo de tingimento artificial e tem suas estampas produzidas de forma manualmente. As peças, disponíveis para compra online no site da marca, são em sua maioria, produzidas através de fibras naturais.
Juliana Bastos lembra que no início, lá em 2016, sustentabilidade ainda não estava tão na moda em seu mercado. “Precisávamos educar nossos consumidores, explicando como nossos processos eram diferentes, mostrando sempre os impactos positivos de fazer escolhas mais conscientes”.
Engajada em participar do debate que deu origem e propósito para a marca, além de roupas, a Manui oferece também workshops e cursos online voltados para discutir alternativas sustentáveis no meio da moda e apresentar os impactos positivos em toda a cadeia envolvida, da matéria prima até o consumidor final.
Semeando boas ideias
Juliana tem orgulho por ter conseguido desde o início atingir seu principal objetivo: atrair aliados, e não apenas clientes. “conseguimos engajar consumidores e setores da indústria da moda que começaram a repensar seus próprios negócios e estilo de vida após conhecerem o nosso trabalho”, comemorou ela.
O Instituto C&A, braço social da gigante do mercado da moda, também olhou com carinho e entusiasmo para a Manui. Apoiou o projeto e reconheceu seu valor na última edição de sua premiação anual, o Fashion Futures, na categoria “Marca com impacto ambiental positivo”. “Ser reconhecida pelo Fashion Futures nos deu muita visibilidade e validou o trabalho que temos feito. Esse reconhecimento abriu portas e trouxe novas oportunidades para a Manui continuar crescendo e impactando mais pessoas”.
Sustentabilidade não é moda passageira
Há quem diga que a luta já foi vencida, que os danos são irreversíveis e que começamos a repensar muito tarde o que damos e o que tiramos do nosso planeta. Juliana Bastos não é uma dessas pessoas. “o ser humano esqueceu que somos parte da natureza. Estamos integrados e conectados a ela. Quando desrespeitamos o meio ambiente, estamos, na verdade, desrespeitando a nós mesmos, e a sociedade acaba adoecendo como resultado disso. Essa é uma desconexão que precisa ser reconquistada.”, analisou ela.
Para convocar cada vez mais cabeças e corações nesta causa, a empresária acredita que a visibilidade da mídia especializada em projetos como o dela, é fundamental. “Isso nos conecta diretamente com o público que está interessado em tendências de moda e sustentabilidade”. pontuou Juliana. “Cada pessoa que entende e apoia nossa missão de moda consciente nos ajuda a transformar o setor e a construir um futuro mais sustentável. Seguimos firmes nesse propósito e estamos sempre abertos a novas ideias e colaborações para continuar fazendo a diferença”, completou não a criadora da marca de roupas Manui, mas a idealizadora do movimento Manui.