Rokhaya Diallo – Foto: Divulgação

Rokhaya Diallo veio algumas vezes ao Brasil, na última década, para colecionar amigos e tirar suas próprias conclusões sobre a relação entre o País e a França. Neste mês, a jornalista, escritora e cineasta francesa faz sua quarta parada por aqui, na Festa Literária das Periferias (Fupe), no Rio de Janeiro, entre os dias 11 e 17, no Circo Voador. “Minha participação discutirá as fronteiras impostas pelo poder colonial”, diz. “Estar neste evento é uma forma de reafirmar a diáspora negra e criar um espaço para conectar pessoas de diferentes lugares, como Europa, África, Caribe, e discutir como é ser negro em nossos respectivos contextos.”

Rokhaya acredita que expandir o público é fundamental para tornar os temas que defende palpáveis no dia a dia por meio de sua voz. “Para derrubar barreiras, precisamos construir pontes, como disse Audre Lorde. Temos que sacudir o mundo, subverter a ordem estabelecida.” Ela sabe, claro, que isso inclui assumir riscos. “Enfrento insultos e ameaças diariamente, mas esse é o preço a se pagar”.

Atualmente, ela está debruçada sobre dois projetos. O primeiro, previsto para março de 2025, é um dicionário sobre feminismo, e o segundo é uma graphic novel sobre a vida de Angela Davis, que deve chegar às livrarias em setembro do ano que vem. “Entrevistá-la foi um privilégio, e quero abordar aspectos de sua vida que não são amplamente conhecidos.” Espera que, com essa conexão franco-brasileira, possa ter seus trabalhos traduzidos para o português a partir de uma perspectiva brasileira. “Seria um sonho ter meu trabalho prefaciado por intelectuais, como Djamila Ribeiro e minha amiga Alexandra Loras, que é francesa, mas vive no Brasil há décadas”. Se puder servir de exemplo, diz: “Ouça a si mesmo e permita-se expressar todo o seu potencial.”