
Eduardo Toldi – Foto: Fil Inque
POR GILBERTO JÚNIOR
Eduardo Toldi vem de uma linhagem que respirava moda por todos os poros. Seus bisavôs tinham tecelagem; sua mãe pilotava uma confecção de tricô; suas três irmãs foram vendedoras da Daslu; seu padrinho, José Kalil filho, foi sócio da grife Italiana Fiorucci; sua avó, Elena Kalil Mahfuz, foi considerada pela revista americana “Time”, em 1967, como uma das mulheres mais elegantes do mundo. Portanto, uma careira na indústria seria um caminho natural. Mas antes de abrir as portas da Egrey, em 2011, o estilista paulistano se formou em Economia pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e adquiriu experiência e conhecimento em diferentes setores, como mercado financeiro, comércio internacional e avaliação de empresas. “Foi muito bacana e fundamental para montar minha marca”, diz Eduardo. “Sentia falta de uma marca com clássicos atualizados e de qualidade. Comecei pelo mais difícil para mim: a moda feminina. E só lancei a minha masculina em 2017. Não me identificava com outras etiquetas e percebia que havia um nicho não explorado do qual ansiava consumir.”
Foi com a avó Elena que o designer entendeu o poder da atemporalidade. “Talvez ela seja minha maior influência. Poliglota, colecionadora de arte e mobiliário e objetos, sempre muito bem-vestida e cheia de amigos pelo mundo. Seu armário repleto de peças perenes interessantes e de extrema qualidade me encantava. Seus criadores favoritos eram Giorgio Armani e Yves Saint Laurent”, conta o estilista. “Aliás, a moda tem papel importantíssimo na vida de qualquer pessoa, pois reflete o que a gente acredita ser essencial projetar visualmente. É uma grande ferramenta de expressão individual.”

Eduardo Toldi – Foto: Fil Inque
Nessas equações curiosas da vida, a Egrey é praticamente uma expansão do estilo de Eduardo. “Eu considero o meu look um clássico atualizado. São peças-chave e práticas: camiseta, suéter de gola careca em proporções atualizadas e uma boa camisa branca. Pode parecer simples, mas é longe disso. Acho que experimentei mais estilos diferentes durante a adolescência, já na fase adulta fui consolidando esse guarda-roupa. Para mim, elegância está muito ligada à bagagem cultural e comportamental. Quando civilidade, cultura e autoconhecimento se cruzam, naturalmente a elegância aparece.”
Em seu apartamento, em São Paulo, o designer desenvolveu a base de sua marca e de relacionamento com o cirurgião plástico Bruno Zampieri. “Memória é muito importante para me sentir em casa. Misturados com objetos e móveis vintage e contemporâneos que garimpamos. Gosto de colecionar artistas que de alguma maneira cruzaram meu caminho ao longo da vida e me chamaram atenção”, comenta.
Na decoração, elementos que marcaram a vida do casal de alguma forma, como objetos, móveis e quadros que Eduardo ganhou das avós que já morreram, dos pais e do padrinho. Eles também acabaram de comprar mais um apartamento, bem próximo do primeiro. “Nesse segundo endereço, estou vivendo um novo ciclo. Por enquanto, é um espaço em branco em que consigo ficar mais introspectivo e saudável. Nele, criei uma sala de ginástica e pretendo mobiliar aos poucos. Ambos têm o pé direito alto e uma iluminação natural privilegiada.”

Eduardo Toldi – Foto: Fil Inque
Celebrado pela indústria, o estilista afirma que a jornada da Egrey tem sido desafiadora, interessante e prazerosa. “A cada seis meses, tenho a chance de evoluir, aperfeiçoar e colaborar com profissionais inspiradores. Fico muito feliz em participar da vida de tantas pessoas legais. Eu me emociono toda vez que recebo imagens de árvores de Natal repletas de presentes da grife ou fotos de pessoas de diferentes gerações usando meu trabalho. Esse reconhecimento é a maior recompensa de tanta dedicação.”