La Maison Worth – Inventer la Haute Couture -Foto: Divulgação

Quando ousamos buscar entender a história de uma sociedade, analisamos principalmente a arte desenvolvida naquele período de tempo e também sua indumentária. A vestimenta não conta apenas as nossas histórias pessoais, os momentos das nossas vidas, mas revela muito sobre a história e o contexto político, social e climático de uma época. Quando olhamos para uma roupa, ela revela tanto a intimidade de quem a usa quanto o contexto em que essa pessoa vive.

A palavra moda vem do latim modus — um modo de fazer, um modo de agir, ou um modo de ser. É sobre como nos moldamos e nos modificamos ao longo do tempo. A moda sempre influenciou muitos aspectos da vida, como a arte, os negócios, o consumo e a tecnologia, expressando nossos gostos pessoais desenvolvidos em um contexto social. Ela é uma espécie de segunda pele que transita no tempo.

Neste ano, destacam-se exposições ao redor do mundo que trazem a moda como principal narrativa — mostras que demonstram o impacto do vestuário em diferentes épocas e contextos sociais. De Nova York, passando por Londres, Paris e Roma, confira as exposições imperdíveis para os amantes do mundo fashion que revelam a força do vestuário como expressão criativa, símbolo social e memória afetiva.

Veja os destaques do ano:

Foto: Reprodução/ Instagram/@giorgioarmani

MILÃO – Giorgio Armani Privé 2005–2025: Vinte Anos de Alta-Costura

A exposição, inaugurada em 20 de maio de 2025 no Armani/Silos em Milão, celebra os 20 anos da coleção Giorgio Armani Privé, apresentada pela primeira vez em Paris em 2005. Curada pelo próprio Giorgio Armani, a mostra oferece um mergulho sensorial no universo da Alta-Costura da marca, com foco na elegância atemporal, no artesanato refinado, tecidos preciosos e bordados que remetem a joias.

Organizada em sequência temática, a exposição revela como o estilista experimenta com liberdade criativa, sem perder o pragmatismo e a sofisticação que caracterizam seu estilo. O percurso é enriquecido por sons, formas, cores e pela fragrância Bois d’Encens, além de uma trilha sonora exclusiva composta pelo L’Antidote.

Segundo Armani, esta é uma oportunidade de compartilhar com o público seu sonho criativo, uma jornada marcada por vestidos feitos de imaginação e graça. A exposição estará aberta ao público de 21 de maio a 28 de dezembro de 2025.

Foto: Reprodução/ Instagram/@gianniversaceretrospective

LONDRES — Gianni Versace Retrospective

A partir de 16 de julho de 2025, a capital britânica sedia a aguardada retrospectiva de Gianni Versace no Arches London Bridge. Serão mais de 450 peças originais, incluindo looks usados por Princesa Diana, George Michael, Elton John e Kate Moss, além de croquis, fotografias e vídeos inéditos. Um tributo à exuberância visual, à inovação técnica e ao espírito revolucionário do designer italiano que definiu a moda dos anos 80 e 90.

Com aspirações sexies e raízes na dolce vita, o estilista Gianni Versace teve grande destaque nas décadas de 1980 e 1990. Suas chamativas estampas, o estilo extravagante e sensual evocavam uma impressão de luxo e simbolizavam o consumo exagerado aliado a um glamour intenso.

Gianni lançou sua primeira coleção feminina em 1976, em Milão. Com o brasão da Medusa como símbolo, ele levou a moda italiana a um novo patamar de conceito estético e de consumo.

Em 1989, abriu seu ateliê, tendo o sexy como fundamento de seu estilo — marcado por combinações ofuscantes de cores para os super ricos, sempre produzindo cultura pop entrelaçada com elementos barrocos e gregos. O uso generoso da cor dourada também se tornou assinatura da marca.

La Maison Worth – Inventer la Haute Couture -Foto: Divulgação

PARIS — La Maison Worth – Inventer la Haute Couture

O Petit Palais traz uma exposição que fica em cartaz até dia 7 de setembro, que é considerada “marcante para a história da moda do século XIX e início do século XX”, ocupando o espaço de suas grandes galerias. A mostra é dedicada ao legado da Maison Worth, do britânico Charles Frederick Worth — o primeiro couturier a elevar as modestas técnicas de costura ao que conhecemos hoje como alta-costura.

Worth transformou a confecção de vestidos em um verdadeiro negócio. O couturier foi responsável por vestir a imperatriz Eugénie, esposa de Napoleão III, em diversas ocasiões formais, assim como nos encontros sociais do Segundo Império. Ele não apenas ditou moda à alta sociedade europeia, mas também aos novos ricos da América do Norte.

Com cerca de 400 peças, a exposição reúne modelos confeccionados com tecidos suntuosos, especialmente aqueles produzidos pelo fabricante Gagelin, com quem Charles Frederick Worth iniciou sua carreira em Paris por volta de 1850, antes de fundar seu próprio ateliê.

A mostra revela os fundamentos do sistema de moda como o conhecemos hoje: coleções sazonais, criações assinadas e desfiles exclusivos. Uma verdadeira viagem à origem do luxo moderno.

Foto: Divulgação

NOVA YORK — Superfine: Tailoring Black Style no MET

A exposição de primavera de 2025 do Costume Institute no Metropolitan Museum of Art mergulha em mais de 300 anos de estilo negro por meio do conceito de dandyismo. Superfine: Tailoring Black Style investiga como a moda se tornou um instrumento de distinção, identidade e resistência para pessoas negras na diáspora atlântica, em especial nos Estados Unidos e Europa.

Organizada em 12 seções temáticas — como Respectability, Beauty e Heritage —, a mostra reúne roupas, acessórios, retratos, fotografias e obras de arte decorativa, explorando o vestir como um gesto político, estético e social. Fica em cartaz até dia 26 de outubro de 2025.

Foto: Divulgação

ROMA — Dolce & Gabbana: Dal cuore alle mani

Na capital italiana, Domenico Dolce e Stefano Gabbana ganham uma mostra intimista e sensorial dedicada ao seu processo criativo. Em exibição, as peças mais emblemáticas da maison, com foco no trabalho artesanal e no imaginário por trás de suas coleções. Um mergulho profundo na alma da marca, da emoção à materialização.

A mostra permite ao público entrar na mente dos dois célebres estilistas, percorrendo desde suas peças mais icônicas até suas criações mais inovadoras, como os vestidos desenvolvidos com impressão 3D. Com uma abordagem imersiva, a exposição possibilita ao espectador observar de perto os detalhes das peças e chega ao Palazzo delle Esposizioni de 13 de maio a 13 de agosto.

Os ingressos já estão disponíveis para o público em Roma.

Musée Yves Saint Laurent Paris – Foto: Divulgação

PARIS – Yves Saint Laurent et la photographie /Aux Rencontres d’Arles

Com curadoria primorosa, Yves Saint Laurent e a Fotografia propõe uma imersão sensível no universo visual de um dos maiores nomes da moda do século XX. A mostra — fruto da colaboração entre o Rencontres d’Arles, o Musée Yves Saint Laurent Paris e a Fondation Pierre Bergé–Yves Saint Laurent — evidencia como a fotografia não apenas documentou, mas também ajudou a construir o imaginário em torno da maison.

Em um diálogo entre arte e moda, mais de 80 retratos assinados por mestres como Irving Penn e Richard Avedon encontram ecos em um gabinete de curiosidades composto por mais de 200 objetos, entre revistas, folhas de contato e imagens íntimas, revelando o poder da imagem na consagração de um mito. A exposição dará inicio em julho e ficará até dia 10 de outubro de 2025 em cartaz no Musée Yves Saint Laurent Paris.

LONDRES – Leigh Bowery!

Com curadoria da Tate Modern e em colaboração com Nicola Rainbird, diretora do espólio de Leigh Bowery, a exposição convida o público a mergulhar na mente inquieta de um artista que desafiou as fronteiras entre o corpo e a imagem, entre o palco e a vida real. Muito além de suas criações extravagantes e performances provocativas, Bowery operava como um catalisador cultural — um elo entre as cenas criativas de Londres e Nova York. Ao reunir peças originais, registros audiovisuais e depoimentos de figuras-chave como Boy George, Princess Julia e Lady Bunny, a mostra traça um panorama plural e indomável, revelando a força transgressora de Bowery em tempos onde o corpo se tornava política, manifesto e obra de arte.

Fashion & Interiors. A Gendered Affair MoMu – Foto: Divulgação

ANTUÉRPIA – Fashion & Interiors. A Gendered Affair

Na ideologia doméstica do século XIX, a mulher ocupava um papel central como “embelezadora” de si mesma e de seu lar. Atenta ao conforto, era ela quem decorava os interiores com almofadas macias, tecidos suaves, cortinas, trabalhos manuais e toda sorte de bibelôs. Seu próprio corpo também era adornado com camadas de tecidos e enfeites, de modo que acabava se fundindo ao ambiente — quase a ponto de desaparecer dentro dele.

Essa fusão visual ganhou corpo por meio do olhar de alguns criadores do sexo masculino, como Henry van de Velde, que passou a desenhar roupas femininas. Em busca de harmonia total, esses artistas integravam arquitetura, mobiliário, decoração, vestuário e acessórios em uma única obra de arte total. Arquitetos modernistas e designers de interiores como Adolf Loos, Lilly Reich e Le Corbusier também expressaram suas opiniões sobre a moda, sempre coerentes com seus ideais de projeto: defendiam a funcionalidade e rejeitavam o ornamento supérfluo.

Criações contemporâneas de nomes como Maison Martin Margiela, Ann Demeulemeester, Raf Simons e Hussein Chalayan, presentes nesta exposição, servem como ponto de partida para refletir sobre a histórica correlação entre moda e interior — e como os limites entre o corpo, o espaço e o estilo continuam a se confundir ao longo do tempo.

Marc Bohan, diretor criativo da Dior, em 1964 -Foto: Getty Images

BORGONHA – Marc Bohan: The Dior Years Musée du Pays Châtillonnais

Do dia 1 de junho até dia 30 de junho sob o alto patrocínio de S.A.S. Princesa Stéphanie de Mônaco, a exposição Marc Bohan: The Dior Years celebra a elegância atemporal e a discrição sofisticada de um dos grandes mestres da alta-costura. Realizada no Musée du Pays Châtillonnais – Trésor de Vix, na cidade que Bohan escolheu como lar, a mostra homenageia não apenas o estilista que comandou a maison Dior entre 1961 e 1989, mas também o homem profundamente enraizado na paisagem e cultura de Châtillon-sur-Seine. Por meio de criações emblemáticas, arquivos raros e contribuições de instituições como Christian Dior Couture, o Palais Princier de Monaco e a Cinémathèque française, a retrospectiva revela a sutileza de um talento que modernizou os códigos da maison sem jamais romper com sua essência. Uma oportunidade rara de revisitar um legado que alia rigor, fluidez e uma elegância silenciosa que continua a inspirar a moda contemporânea.

Foto: Divulgação

PARIS – Rick Owens, Temple of Love 

Pela primeira vez em Paris, o Palais Galliera dedica uma exposição à obra singular de Rick Owens, estilista que redefiniu os códigos do avant-garde com uma estética marcada pelo contraste entre brutalismo e espiritualidade. Com curadoria em colaboração com o próprio Owens — que também assina a direção artística da mostra — a retrospectiva percorre desde seus primeiros trabalhos em Los Angeles até suas coleções mais recentes. A exposição transforma o museu em um verdadeiro manifesto visual, expandindo-se para além das salas expositivas, alcançando a fachada e o jardim do edifício. Entre referências literárias como Joris-Karl Huysmans, o expressionismo do cinema hollywoodiano e a arte moderna e contemporânea, o universo de Rick Owens se revela em peças que desafiam o corpo, a silhueta e os limites entre moda, performance e arte. A exposição acontece do dia  28 de junho de 2025 e fica em cartaz até  dia 04 de janeiro de 2025.

Iris van Herpen: Sculpting the Senses – Foto: Divulgação

SINGAPURA – Iris van Herpen: Sculpting the Senses

Em Iris van Herpen: Sculpting the Senses, a moda ganha contornos quase extraterrestres ao fundir ciência, arte e tecnologia em uma experiência imersiva que desafia a própria noção do que é vestir. Exibida no ArtScience Museum de Singapura, a mostra — originalmente concebida pelo Musée des Arts Décoratifs de Paris — reúne 140 criações icônicas da designer holandesa, acompanhadas por fósseis, corais, esqueletos e obras contemporâneas. Dividida em 11 zonas temáticas, a exposição convida o público a mergulhar em universos que vão das profundezas do oceano ao cosmos, passando por um ateliê recriado que revela seu processo de “craftolution”: uma alquimia entre plissados ancestrais, impressões 3D e cortes a laser. Com peças usadas por Lady Gaga, Björk, Beyoncé e Grimes, van Herpen demonstra que a alta-costura pode ser também investigação científica, poesia visual e performance sensorial — vestígios do futuro materializados no presente.

Cartier exposição – Foto: Reprodução/Instagram/@vamuseum

LONDRES- Cartier no Victoria and Albert Museum

Com mais de 350 peças deslumbrantes, a exposição Cartier, The Design of Time no Victoria & Albert Museum, em Londres, traça a trajetória da maison que redefiniu o luxo e a inovação no universo da joalheria. Em cartaz de 12 de abril a 16 de novembro, a mostra mergulha na evolução estética da Cartier desde sua fundação em 1847, destacando como a marca se tornou sinônimo de sofisticação e desejo. Joias lendárias, relógios e gemas raras do acervo da maison se somam a obras emprestadas de coleções particulares, museus internacionais e até da Coleção Real britânica, revelando o diálogo entre arte, moda e prestígio. Ícones como a atriz Anita Ekberg, clicada nos anos 1960 com peças da grife, ilustram a presença marcante da Cartier na cultura pop e na história do glamour, do fausto aristocrático ao estrelato de Hollywood.

Georges Lepape — As escolhas de Paul Poiret vistas por Georges Lepape , Paris, Paul Poiret, 1911 Exemplo n° 176/300. Fototipia colorida em pochoir © Les Arts Décoratifs – Foto: Divulgação

PARIS – Paul Poiret: Fashion is a Feast

Com curadoria envolvente e cenografia imersiva, Paul Poiret. A Moda é uma Festa, no Musée des Arts Décoratifs, lança um olhar vibrante sobre o estilista que libertou o corpo feminino do espartilho e inseriu a moda no terreno das artes totais. Ícone da Belle Époque e dos efervescentes anos 1920, Poiret não apenas revolucionou o vestuário com silhuetas soltas e orientais, como também expandiu seu universo criativo para os perfumes, a decoração e os grandes eventos sociais. Reunindo 550 obras — entre roupas, acessórios, peças de arte e objetos de design —, a mostra revela a grandiosidade de sua visão e o impacto de seu legado, que ecoa de Christian Dior a Alphonse Maitrepierre. Mais do que uma retrospectiva, é um convite a mergulhar na fantasia exuberante de um dos primeiros estilistas a entender a moda como espetáculo e estilo de vida. Ela estará em cartaz em 25 de junho até 11 de janeiro de 2026.

Exposição Splash! – Foto: Divulgação

LONDRES – Splash! A Century of Swimming and Style

A historiadora de moda e rosto conhecido da BBC, Amber Butchart realiza a curadoria da  a exposição Splash! no Design Museum celebra cem anos de fascínio coletivo pela água — e o papel transformador do design em nossas experiências com a natação. Dividida em três núcleos temáticos — piscina, lido e natureza —, a mostra investiga como o design moldou práticas, espaços e imaginários em torno do ato de nadar. Entre mais de 200 objetos emblemáticos, destacam-se o icônico maiô vermelho de Pamela Anderson em Baywatch, a polêmica LZR Racer banida por “doping tecnológico”, e uma maquete do centro aquático projetado por Zaha Hadid para as Olimpíadas de Londres. Da libertação dos corpos nos anos 1920 à discussão contemporânea sobre sustentabilidade e autonomia corporal, Splash! revela como a natação é muito mais do que um esporte — é um espelho fluido das transformações culturais, sociais e ambientais do último século.