Solano Benítez: quem é o arquiteto que deve projetar o Centro Pompidou brasileiro?

Vencedor do Leão de Ouro da Bienal de Veneza de 2016, sócio do escritório Gabinete de Arquitectura e agora cotado para construir o novo Centro Pompidou em Foz do Iguaçu, Solano Benítez tornou-se um grande nome da arquitetura latina. Desde o início de sua carreira, ele demonstrou profundo interesse por soluções arquitetônicas simples, sustentáveis e enraizadas nas condições locais do Paraguai, seu país de origem.

Formado em arquitetura pela Universidad Nacional de Asunción em 1986, fundou o Gabinete de Arquitectura ainda jovem, em 1987. O ateliê colaborativo e experimental viria a se tornar um dos nomes mais expressivos da arquitetura latino-americana contemporânea. Explorando o tijolo cerâmico, o cimento, o barro e outros materiais de baixo custo, Benítez diz que “uma arquitetura que não é experimental, é inútil”, e que a crise arquitetônica não se refere aos materiais, mas sim à criatividade dos arquitetos.

Para o pavilhão paraguaio da Bienal de Veneza de 2016, Solano Benítez, Gloria Cabral e Solanito Benítez idealizaram um arco de barro e tijolos. Intitulada Breaking The Siege, a mostra vencedora do Leão de Ouro entendeu o tijolo como um material tradicional, barato, de fácil fabricação e que oferece moradia digna a pessoas marginalizadas.

Em 2014, o mesmo time (com adição de Maria Rovea e Ricardo Sargiotti) construiu um muro feito de cimento e lama crua que imitam tijolos para a mostra MUVA, em Córdoba. Após a secagem dos tijolos, eles eram desmanchados com água e deixavam uma espécie de negativo nas paredes.

Prezando pela reinvenção das técnicas arquitetônicas, Benítez projetou obras paraguaias com materiais característicos do país. Aqui, destaca-se o Centro de Reabilitação Infantil Teletón, destinado ao tratamento de pessoas com mobilidade limitada, localizado entre as cidades de Assunção e Lambaré. O complexo foi erguido em alvenaria de tijolos e telhados feitos com materiais reciclados.

Em sua casa de campo em Piribebuy, o arquiteto construiu uma estrutura quadrada em concreto armado para o túmulo de seu pai, intitulada Quatro Vigas. Imerso em uma vegetação densa, o projeto visa desaparecer na natureza, com paredes revestidas de espelhos no interior.

Nos últimos dias, negociações entre Brasil e França prometeram a inauguração de um novo Centro Pompidou, o primeiro da América Latina, em Foz do Iguaçu. A missão de Benítez para o projeto, que tem inauguração prevista para novembro de 2027, é projetar um edifício “inovador e respeitoso do meio ambiente”.