Por Juliana A. Saad

Da Bahia ao Ceará, passando pelo Maranhão e Alagoas, a rota sugerida aqui não é geográfica — é atmosférica. São lugares no Nordeste brasileiro onde o vento define caminhos, atravessa janelas, molda a areia e dita o ritmo dos dias. Lugares com águas sedutoras que convidam para mergulhos refrescantes ou para um esporte revigorante.

Maranhão

O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses ocupa 155 mil hectares entre o litoral e o sertão. São dunas móveis, lagoas cristalinas de água doce formadas pela chuva de maio a setembro e uma vegetação rasteira que o vento desloca a esmo, mudando a paisagem. Pelos trajetos, cruzam igarapés, campo aberto, areia solta e sol forte. Um território inabitado e em transformação constante. A Travessia AtinsSanto Amaro, organizada pelo OIÁ Casa Lençóis, percorre 27 km a pé em dois dias.

O pernoite é em Patacas, vila isolada, onde se dorme em antiga morada de pescador. De junho a setembro, a OIÁ Pop-up funciona em Atins, em parceria com a Casa Gota dAya, com bangalôs elevados entre decks de madeira. A programação inclui cavalgadas, caiaque, revoada dos guarás, yoga e jantares na areia. Em Santo Amaro, a OIÁ, com projeto de Marina Linhares, reúne peças de nomes como Carlos Motta, Jean Gillon e Neca Abrantes, além de criações de mestres artesãos e artistas como Lídia Lisboa, Zimar e Gê Viana. Na cozinha, sabores da região ganham protagonismo prove a pescada amarela no vapor com crosta de milho ao molho de cogumelos e castanhas de caju. Luxo natural, como deve ser.

Bahia

Na Costa do Cacau, Itacaré combina floresta, mar e caminhos de terra batida. A praia Tiririca recebe surfistas o ano todo, a Engenhoca, São José e a Prainha pedem caminhada em silêncio – observando o verde, ouvindo a água, sentindo o aroma domato. O Rio de Contas serpenteia até o mar, entre cachoeiras e areais largos. Você pode remar de stand-up paddle, sair de canoa, passear de barco, atravessar trilhas, nadar em água doce, provar o que vem da terra e do mar. No alto da encosta, o Barracuda Hotel & Villas se encaixa na paisagem. Piscina infinita e suítes voltadas para o verde com varandas abertas, brisa constante e vista para o Atlântico.

As villas seguem a mesma vibe: decks com piscina e espaços amplos integrados à natureza. Em ambos, a decoração é pura bossa móveis de Sergio Rodrigues, Carlos Motta e Jader Almeida, arte indígena, objetos artesanais garimpados em diferentes regiões do país e fotos com curadoria de Renata Ghiotto. No restaurante, o chef Fernando Luz valoriza os sabores da região: moqueca com leite de coco artesanal, arroz de polvo, robalo na brasa com purê de batata-doce e vinagrete de manga, camarão na manteiga de garrafa com farofa crocante e lagosta grelhada. E mais: criado pelo Barracuda, o Instituto Yandê apoia projetos sociais e ambientais com 2% da receita de hospedagem.

Ceará

O litoral norte do Ceará desperta a aventura com seus ventos firmes, passeios de buggy ou embarcação de Jericoacoara a Camocim, passando por Guriú, Preá, Barrinha e Tatajuba. Entre julho e dezembro, o vento chega com força para kitesurfistas experientes e praticantes de downwind. Mas aqui não é só sobre voar: vale caminhar até Barrinha, pedalar de fat bike ou cruzar até Jeri pela faixa de areia. Camocim, ainda pouco movimentada, é uma cidade histórica e, a partir dela, vale seguir até a Baía das Caraúbas, uma enseada de águas calmas.

No Preá, vale ficar o Casana Hotel, com apenas oito bangalôs dois deles com piscina privativa. A gastronomia é comandada pelo chef André Wunderlich, com pratos que reinterpretam a cozinha brasileira do bobó de camarão às ostras com mignonette de cajá, óleo de manjericão e limão-siciliano. A adega bem selecionada e os coquetéis autorais de Hugo Silfrer completam a experiência. A escola de kite oferece estrutura completa, incluindo downwinds com lancha de apoio.

Alagoas

Milagres, que até pouco tempo passava fora do radar, já virou spot do verão para além dos casamentos. A Rota Ecológica atravessa pequenos vilarejos, mar quente, coqueirais extensos e recifes visíveis na maré baixa. As piscinas naturais se formam perto da areia, rasas, cristalinas, boas para nadar ou chegar de jangada. A maré subiu? Uma imensidão para remar de stand-up, deslizar de canoa ou seguir devagar nas típicas jangadas. Entre o Rio Tatuamunha e a praia, vale fazer piquenique no fim da tarde, observar o peixe-boi no santuário natural e sentir o tempo da natureza.

O Mahré Hotel & Spa tem acesso direto para a areia, de frente para a segunda maior barreira de corais do mundo, com 30 suítes com banheiros abertos, piscina e terraços privativos. O projeto, desenvolvido pelos arquitetos Waleska Agra e Daniel Lemos, tem consultoria de João Armentano e paisagismo de Tatiane Macedo. No restaurante Tahí, comandado pelo masterchef Rafa Gomes, peça pelo crocante de milho e pimentões assados ou pela moqueca de peixe, arroz de coco e farofa. O tartar de banana é um show à parte. Ele vem acompanhando a moqueca e o pastel de lagosta.