
Luca de Meo – Kering – Foto: WWD
A Kering, um dos maiores grupos de luxo do mundo, está prestes a iniciar um novo capítulo. A partir de 15 de setembro, Luca de Meo, atual CEO da Renault, assume o comando executivo da holding francesa, trazendo consigo três décadas de experiência no setor automotivo e uma reputação de turnaround em grandes empresas. Sua missão agora é outra: ajudar a resgatar o brilho de marcas emblemáticas como Gucci, Saint Laurent e Alexander McQueen.
A escolha de de Meo marca uma guinada ousada — e não inédita — da Kering ao contratar líderes de fora da moda. Mas é a primeira vez em 20 anos que François-Henri Pinault, herdeiro da holding familiar, abre mão do cargo de CEO, ainda que permaneça como presidente do conselho com foco estratégico.
O desafio é imenso: em meio a um cenário econômico instável e a transformações estruturais no comportamento de consumo, a Kering viu suas ações despencarem 78% desde o pico em 2021, impulsionadas por quedas consecutivas nas vendas da Gucci — que registrou baixa de 25% só no primeiro trimestre de 2025. A transição, no entanto, animou o mercado: as ações da Kering subiram 11,8% após o anúncio da sucessão.
Com forte histórico em inovação, transição elétrica e reposicionamento de marcas, de Meo é visto por analistas como a figura certa para reestruturar a casa. Ele contará com apoio interno de nomes como Francesca Bellettini, CEO da Saint Laurent e hoje vice-CEO de todas as marcas da Kering, e Jean-Marc Duplaix, CFO e também vice-CEO de operações.
Enquanto isso, Pinault encerra uma era marcada por decisões corajosas: da mudança de nome de PPR para Kering em 2013 à venda das operações de varejo e esportivas, consolidando a Kering como uma potência puramente de luxo. Em 2023, o grupo deu passos decisivos com a aquisição da marca de perfumes Creed, a parceria estratégica com a Mayhoola e mudanças nas lideranças criativas da Gucci e McQueen.
A nova fase da Kering será, portanto, um teste de reinvenção — com Luca de Meo à frente de uma transformação que busca unir tradição, inovação e desejo em tempos de incerteza.