Sob o sol de Milão, Armani olha para o norte da África

Milão atravessa dias escaldantes, e a Emporio Armani parece ter respondido diretamente ao termômetro: o cenário desértico de seu desfile não foi apenas uma metáfora visual, mas uma extensão poética dos quase 40 °C que dominam a cidade. Para o verão 2026, a maison aprofunda seu diálogo com o norte da África na coleção “Origini”, traduzindo símbolos, texturas e saberes artesanais da região com a elegância discreta que marca seu DNA.

Essa travessia estética — entre o global e o ancestral — é conduzida com leveza, em peças de silhuetas fluidas, tecidos naturais e uma paleta terrosa que parece emanar calor. O olhar da Emporio Armani sobre essa herança cultural evita exotismos e se aproxima mais de um tributo silencioso: sofisticado, respeitoso, contemporâneo.

Sob o sol de Milão, Armani olha para o norte da África

Mas foi a ausência de Giorgio Armani ao fim da apresentação que marcou o desfile com um gesto inédito. Aos 90 anos, o estilista se recupera em casa, embora tenha acompanhado todo o processo criativo. Coube a Leo Dell’Orco, diretor da linha masculina, representar a maison na reverência final — com a mesma elegância contida que define o espírito da marca.

Ao fim, “Origini” reforça a habilidade única de Armani em costurar narrativas que atravessam fronteiras, tempos e estilos — sem jamais abrir mão da forma, do movimento e da alma.