Acabou o tempo em que as lojas optavam pelo caminho seguro de paredes brancas e layouts padronizados. Hoje, quanto mais o espaço traduz a identidade e a experiência da marca, melhor para envolver o cliente. E quando esse projeto nasce da colaboração com arquitetos e designers, a imersão é ainda mais potente. Selecionamos oito lojas brasileiras que mostram como unir conceito e execução, criando ambientes que rivalizam — e muitas vezes superam — o que se vê em marcas internacionais.

Foto: Divulgação

MISCI

Nos Jardins, a loja da Misci é resultado da colaboração entre Gabriel Contreira e o fundador da marca, Airon Martin, com o objetivo de traduzir no espaço físico a dualidade presente nas criações. O projeto contrapõe o inox de acabamento preciso à textura terrosa das paredes, enquanto o pau-ferro nobre dialoga com as bolinhas de eucalipto que já se tornaram símbolo da marca. Essa justaposição de materiais evoca ícones brasileiros e, ao mesmo tempo, projeta a Misci para um futuro em construção, preservando sua essência artesanal e afetiva.

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PIET

No número 722 da Rua Padre João Manuel, nos Jardins, a flagship da PIET rompe com o varejo tradicional ao propor uma jornada física e sensorial em dois andares — da atmosfera urbana do metrô à abertura do campo. A arquitetura leva a assinatura da dupla portuguesa Joaquim e Pedro Mantua, enquanto o mobiliário foi criado por Pedro Andrade. O projeto ainda incorpora colaborações criativas, como um café próprio e o aroma exclusivo desenvolvido pela Hero Skin Beauty, transformando a loja em um espaço onde moda, arte e design se encontram.

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HANDRED

Na Rua Bela Cintra, 1941, a nova loja da Handred nos Jardins marca mais um capítulo da parceria entre o diretor criativo André Namitala e o arquiteto Federico Concilio, do Studio Gaibola. O espaço combina tons terrosos, novas materialidades e um pátio interno pensado como área de respiro e convivência. A arquitetura dialoga com o mobiliário e obras selecionadas por André, incluindo peças de Sergio Rodrigues, Fernando Mendes e cerâmicas de Brennand, além de tapeçarias de Genaro de Carvalho e Jacques Douchez. No segundo andar, um ambiente dedicado a peças sob medida e criações artesanais exclusivas reforça a ideia de que a Handred é um espaço para permanecer, trocar e viver a marca além da compra.

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PACE

Na Alameda Itu, 1466, a primeira flagship da PACE traduz o encontro entre raízes okinawanas e brasileiras em um espaço de 410 m² pensado como polo cultural. O projeto, assinado pelo Coletivo de Arquitetos sob liderança de Guile Amadeu em parceria com o fundador Felipe Matayoshi, combina tecnologia, natureza e referências japonesas em ambientes que variam de pé-direito e culminam em um fundo de loja iluminado por abertura zenital e marcado por uma árvore central. Elementos como a vitrine cinética, o café no mezanino, o mobiliário em madeira reflorestada criado por Matayoshi e peças de Paulo Mendes da Rocha reforçam a integração entre design e experiência. Com áreas expositivas para arte e programação musical, a loja se consolida como espaço de encontro e experimentação para a comunidade da marca.

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FRANCESCA

Em Pinheiros, a flagship de 270 m² da Francesca concentra loja, escritório, showroom e acervo em um único espaço, integrando criação e operação. O projeto, assinado pelo arquiteto Marcello Maksoud em colaboração com a fundadora e diretora criativa Francesca Monfrinatti, adota um desenho minimalista e flexível, sem móveis ou araras fixas, permitindo que o ambiente se transforme de acordo com cada proposta. Provadores circulares funcionam como lounges e reforçam a ideia de permanência, enquanto a curadoria de livros, objetos e itens colecionáveis garimpados pelo mundo amplia a imersão no universo da marca.

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NK STORE

Na Rua Haddock Lobo, nos Jardins, a nova nk ocupa mais de 1.000 m² e traduz, em arquitetura, os 20 anos de trajetória da marca. O projeto, assinado por Aldo Urbinati, sócio do Estúdio TUPI, combina a estrutura de uma loja com o acolhimento de uma casa, integrando concreto aparente, mobiliário em pau ferro e araras protegidas por cortinas. O destaque é a escada em espiral inspirada no Palácio do Itamaraty, sob a qual foi criado um bar com piso de pedras portuguesas e menu de Leo Botto. Além de reunir moda, design e hospitalidade, o espaço incorpora soluções completas de acessibilidade, reforçando o compromisso da marca em criar uma experiência inclusiva e sensorial.

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WELCOME SUNNY GARMENTS

Em Copacabana, o showroom reformado da Welcome mantém a estrutura original, mas transforma a experiência. O projeto de interiores, assinado por Nathan Pires, combina madeira escura, latão envelhecido, cortinas pesadas e carpete para criar um espaço que cruza Art Déco e Modernismo com referências ao cotidiano estético do bairro. A marcenaria sob medida reorganiza a área de atendimento e exposição, agora com novos provadores, enquanto o sound system de alta qualidade sustenta os happy hours quinzenais que fazem do endereço mais do que uma loja — um ponto de encontro para a comunidade da marca.

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CRIS BARROS

No Shopping RioMar, em Recife, a primeira loja da Cris Barros no Nordeste amplia a presença da marca para além do eixo tradicional. Com 300 m², o projeto é assinado pelo escritório Carolina Maluhy + Partners, responsável por todos os espaços da marca desde sua criação. Dividido em quatro salas, cada uma com tonalidades exclusivas, o ambiente conduz o visitante por uma sequência imersiva — dos tons verdes e terracota da entrada ao provador amarelo separado por uma tenda azul. Elementos como o mobiliário em madeira de resíduos florestais criado por Pedro Petry, cerâmicas de barro e obras de Francisco Brennand conectam a arquitetura ao contexto local, enquanto a escada metálica central marca o espaço.