Obra de Bas Kosters – Foto: Divulgação

A relação entre tecido, imaginação e cotidiano ganha novos contornos em São Paulo a partir de 24 de agosto de 2025, quando o Sesc Pinheiros abre as portas para a exposição PLAY, que poderá ser visitada até 25 de janeiro de 2026. A mostra, apresentada pela primeira vez em 2024 no Museu Bargoin, em Clermont-Ferrand, chega ao Brasil como parte da Temporada França-Brasil 2025, iniciativa que celebra o intercâmbio cultural entre os dois países.

Mais de 40 trabalhos de artistas brasileiros e estrangeiros compõem o projeto, concebido dentro da FITE – Bienal Internacional de Têxteis Extraordinários, evento realizado na França desde 2012. Em sua essência, PLAY explora o encontro entre a arte têxtil e o universo do jogo, não apenas como entretenimento, mas como metáfora das regras, desejos e limites que atravessam a vida social.

A exposição foi pensada a partir de uma curadoria coletiva que reúne dez especialistas, entre eles Christine Athenor (HS_Projects), Christine Bouilloc (Museu de Arte Roger-Quilliot), Charlotte Croissant (Museu Bargoin) e as brasileiras Juliana Braga de Mattos, Carolina Barmell e Fabiana Delboni, do Sesc São Paulo. Para Athenor, o têxtil assume hoje um papel central na criação contemporânea: “Ele deixou de ocupar um espaço secundário e se consolidou como suporte para o pensamento crítico, a invenção estética e a expansão de olhares”.

A mostra organiza-se em três eixos principais: a influência das brincadeiras populares e digitais sobre nossa percepção do real; o uso do jogo como ferramenta de manipulação e como estratégia de preservação de tradições; e, por fim, o corpo como território simbólico e identitário. De acordo com Charlotte Croissant, PLAY “convida o público a entrar no jogo, a se mover entre o real e o virtual e a experimentar tanto a leveza e a descoberta quanto o blefe e a simulação”.

Obra de Mark Newport – Foto: Divulgação

Os trabalhos apresentados vêm de diferentes contextos culturais. Estão reunidos artistas de países como Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Marrocos, Holanda e Uzbequistão – entre eles Awena Cozannet, Bas Kosters, Hannah Epstein, Mark Newport, Saïd Atabekov e Dilyara Kaipova, além do coletivo australiano Tjanpi. Também integram a mostra peças da coleção do Museu Bargoin, que incluem quimonos japoneses, bolas de seda chinesas, fantasias nigerianas e móbiles beduínos. Seis artistas internacionais participam ainda de residências ligadas à exposição: Arnaud Cohen, Delphine Ciavaldini, Nikita Kravstov, Roméo Mivekannin e Sabrina Calvo.

O Brasil marca presença com nomes já consolidados e novos representantes da cena artística: Alexandre Heberte, Alex Flemming, Anna Mariah Comodos, Elen Braga, Felipe Barbosa, Gina Dinucci, Leda Catunda, Mestre Nato, Tales Frey e Ivan Cardoso, que apresenta o curta experimental HO (1979) sobre Hélio Oiticica. Parte dessas obras faz parte do Acervo Sesc de Arte, levado para a edição francesa da FITE em 2024 e agora reintegrado ao percurso curatorial em São Paulo.

Obra de Mark Newport – Foto: Divulgação

A parceria entre Sesc São Paulo, Clermont-Ferrand e a produtora HS_Projects reforça a dimensão socioeducativa da mostra. Para Luiz Deoclecio Massaro Galina, diretor do Sesc, a proposta dialoga diretamente com a missão da instituição: “Jogos são exercícios de imaginação que abrem caminhos para a criatividade. Ao acolher PLAY, o Sesc cria um espaço de descontração, mas também de reflexão sobre as estruturas que moldam a vida coletiva”.

A realização no Brasil também integra o espírito da Temporada França-Brasil 2025, fruto de acordo entre Emmanuel Macron e Luiz Inácio Lula da Silva. O programa aborda temas como transição ecológica, diversidade, democracia e diálogos com a África, promovendo atividades em diversas áreas culturais, das artes visuais à literatura, do cinema à economia criativa.

Donna Ferguson – Foto: Divulgação

Com mais de sete décadas de atuação e uma rede de 43 unidades no estado, o Sesc São Paulo reafirma com esta exposição sua vocação para o diálogo internacional e para a valorização de linguagens que atravessam fronteiras sociais, políticas e geográficas. Assim, PLAY chega não apenas como uma mostra de arte têxtil, mas como convite para o público se deixar envolver pela trama entre criação, jogo e imaginação.