
Aycoobo Wilson Rodríguez, Calendário, 2024. Acervo MASP
Uma exposição que coloca o ser humano como parte de um todo. Cada obra convida a uma reflexão sobre nossas origens, nosso impacto no planeta, nossas raízes e ancestralidades. Há trabalhos que nos levam à contemplação e outros que provocam, instigam e questionam. A criatividade surge como um poderoso canal de comunicação, especialmente quando desperta emoções e nos faz enxergar além do óbvio.
O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand inaugura no dia 4 de setembro a exposição Histórias da ecologia, que ocupará todos os espaços do icônico edifício de Lina Bo Bardi até 1º de fevereiro de 2026. A mostra reúne mais de 200 obras de artistas, ativistas e movimentos sociais de 22 países, propondo um olhar radicalmente plural sobre a ecologia e os modos de habitar o planeta.
Sob a curadoria de André Mesquita e Isabella Rjeille, a mostra se afasta da visão tradicional de natureza como algo separado do humano. Em cinco núcleos – Teia da vida; Geografias do tempo; Vir-a-ser; Territórios, migrações e fronteiras; e Habitar o clima – a exposição coloca em diálogo perspectivas indígenas, afrodiaspóricas, urbanas e rurais, revelando tanto cosmovisões ancestrais quanto urgências contemporâneas diante da crise climática.
Entre os destaques estão obras como The Political Life of Plants (2021), de Zheng Bo, que reflete sobre as interconexões entre plantas, humanos e ciência; Calendário (2024), de Aycoobo, que traduz a temporalidade cíclica da floresta amazônica; as figuras híbridas de Rosana Paulino e Castiel Vitorino Brasileiro, que questionam fronteiras de gênero e espécie; e a escultura Refugee Astronaut XI (2024), de Yinka Shonibare, que simboliza deslocamentos forçados por catástrofes ambientais.

Marcela Cantuaria, Margarida Alves, 2020. Acervo MASP
A exposição culmina com a instalação inédita Descida da terra/trabalho das águas (2025), de Cristina T. Ribas, que revisita as enchentes no Rio Grande do Sul em 2023 e 2024. Suspenso no espaço expositivo, um tecido translúcido estampado com mapas alterados pela força das águas convida à reflexão sobre memória, perda e reconstrução.
Mais do que uma exposição, Histórias da ecologia é um convite a repensar as relações entre humanos, animais, rios, montanhas e florestas. Um lembrete urgente de que o futuro da arte – e da vida – depende da forma como escolhemos habitar o mundo hoje.
Histórias da ecologia
MASP – Av. Paulista, 1578, São Paulo
4 de setembro de 2025 a 1º de fevereiro de 2026