
Suíte do Palazzo Petrvs – Foto: Divulgação
Antigo lar do notário Petrus Facienus, o Palazzo Petrvs tornou-se “o” destino de hospitalidade cinco estrelas para quem admira uma união harmoniosa entre história e contemporaneidade. A construção do século 15, restaurada de forma primorosa pelo arquiteto Giuliano Andrea Dell’Uva, tem apenas 9 quartos e fica fica no coração de Orvieto — antiga capital dos Etruscos, a cidade foi construída sobre uma formação rochosa vulcânica e é conhecida pela belíssima Capela de São Brízio.
O trabalho de renovação começou com a remoção de alterações do século 19, revelando afrescos, portais de pedra, tetos trabalhados e lareiras da era renascentista. A equipe trouxe de volta as dimensões originais dos cômodos e os afrescos. As paredes foram cobertas por argilas naturais em tons quentes de terra que são realçadas pelos tons de verde. Equilibrar antigo e novo é para poucos e Dell’Uva trabalha com precisão. Uma estratégia é a charmosa mistura de materiais, texturas e cores. Os pisos de algumas áreas são de terracota — uma homenagem à história etrusca da cidade e à sua cultura artesanal — enquanto os de outras são pretos, de tábuas de madeira corrida ou uma composição de finas chapas de ferro.
Em muitos momentos nos deparamos com cores contrastantes das faixas de basalto preto alternadas com travertino loiro — a dinâmica é inspirada na fachada gótica da catedral de Orvieto e é um motivo recorrente tanto nos elementos estruturais, quanto em alguns móveis ou acabamentos decorativos — caso da escada que leva à cobertura, a base da cama do meu quarto e as cortinas de alguns ambientes. As esquadrias de metal funcionam como molduras e o bem-sucedido diálogo entre diferentes tempos e estilos continua nas peças projetadas pelo próprio arquiteto e nos mobiliários vintage dos anos 1950 e 1960 que encontram nova vida nos espaços renascentistas.
Outro destaque é o restaurante Coro, comandado com sutileza e criatividade pelo chef Ronald Bukri, na antiga igreja do palácio. O espaço, também restaurado por Giuliano Andrea Dell’Uva, mantém o drama e a grandiosidade arquitetônica da edificação original, com paredes de pedra maciça aparentes, tetos altos e iluminação teatral que resultam numa elegância atemporal à experiência gastronômica.

Coro – Foto: Divulgação
Bukri nasceu na Albânia (algumas influências aparecem no menu), mas foi criado na Toscana, onde desenvolveu um profundo apreço pela qualidade dos insumos e precisão técnica, mas também um twist próprio que transforma combinações inusitadas em pratos que aparentam simplicidade, mas são extremamente complexos — mais uma vez: um quiet luxury da gastronomia no ar.
Apesar do menu mudar a cada estação, alguns clássicos ficam. Provei o espaguete com parmigiano Reggiano, limão e páprica defumada (impressionantemente delicado) e o camarão vermelho cru com azeite, limão e mel — são algumas horas de preparo para chegar na textura perfeita, quase uma gelatina de azeite.
Sensacional a alcachofra grelhada servida com homus de girassol, anis e passas; e os mexilhões defumados com limão preto fermentado. Mas o que me deixou mais enlouquecida foi o suflê de chocolate com azeitona preta. Vale provar, ainda, a “manteiga” feita do mais puro azeite da região e a sobremesa “Miele” — um delicioso e elegante creme floral com mel.
O nome “coro” faz referência ao conjunto de vozes envolvidas no projeto — além de Bukri e o sócio Francesco Perali que recebe os clientes no salão e comanda a experiência com precisão, simpatia e gentileza.