
Imagens de campanha da linha feminina de Willy Chavarria. – Foto: Divulgação
Quem ainda não conhece Willy Chavarria talvez não tenha notado o fenômeno que vem tomando a semana de moda de Nova York. Um dos nomes mais aclamados do calendário, ele apresentou sua primeira coleção dedicada às mulheres. Conhecido por unir política e estética em desfiles marcantes, desta vez o estilista deixou de lado as bandeiras para focar na roupa em si, em um formato de salão intimista na Printemps, onde exibiu 17 looks numerados prontos para encomenda.
O que se viu na passarela foram peças que transitam do streetwear às roupas de noite, em diálogo com o repertório masculino que projetou o nome de Chavarria. Uma camisa “sad mami” ecoa a versão masculina “sad papi”, enquanto um trench coat croppado se transforma em vestido ao ganhar saia. Também estreou uma linha de bolsas, incluindo uma clutch em couro chocolate envelhecido que o próprio designer apelidou de “big ass clutch”.
A ausência de mensagens ativistas nesta apresentação marcou uma mudança clara em relação ao histórico recente de Chavarria. Em junho, em Paris, ele encenou 35 homens ajoelhados em uniformes brancos para protestar contra o US Immigration and Customs Enforcement, evocando imigrantes detidos e enviados a prisões de segurança máxima em El Salvador. E, em setembro de 2024, sua coleção América trouxe bandeiras americanas invertidas e cópias da Constituição dos Estados Unidos distribuídas ao público em parceria com a ACLU.
Agora, a virada aponta também para o mercado. Chavarria define essa primeira coleção feminina como uma expansão “não agressiva”, em resposta ao interesse de grandes lojas de departamento que ainda ditam parte do ritmo global. Ele admite que começou o projeto para “fazer uma declaração”, mas que as vendas superaram as expectativas. “Quero fazer com as mulheres o mesmo que fiz com os homens, deixar acontecer por si só”, afirmou.
A coleção, que chega às lojas em janeiro de 2026, já tem espaço garantido em endereços de peso como Bergdorf Goodman, Dover Street Market, Net-a-Porter e a própria Printemps. Os preços variam de US$ 250 por uma malha até US$ 2.000 por peças de couro, sinalizando a intenção de ocupar um espaço comercial mais amplo sem abrir mão de identidade.