
Fendi, desfile de primavera-verão 2026 (Foto: Getty Images)
O lado bom (só posso imaginar) de ultrapassar os cem anos é que, depois, já dá para parar de contar. É um novo século para a Fendi e, finalmente, o peso-pesado do legado passou. A coisa ficou leve, colorida, e sem o drama histórico que flerta perigosamente com o “too much”. Nessa temporada, a diretora criativa Silvia Venturini Fendi desabrochou em sua versão mais fresca e hipoalergênica: trocou o pó da vez passada pelo pólen de estampas e bordados floridos.
Em clima descontraído, desfilou a coleção na passarela geométrica vibrante (assinada por Marc Newson) com conjuntinhos lúdicos, recortes botânicos, shorts, minissaias, camisolas, alfaiatarias basicamente minimalistas e minimamente básicas… tudo bem arejado, em couro, tricô ou organza.
É roupa urbana de usar no parquinho, brincar de ser fashionista (no estilo italiano) e dar aquele passeio para sentir a brisa. Enfim, é possível respirar… mas só. Suspirar, afinal, é um exagero (ainda dá para esperar um pouquinho mais) e o momento pede mesmo só brincadeira. Cada bolsa, unicamente decorada em materiais tridimensionais diversos, quase vira brinquedo e os acessórios (assimetrias descoladas de brincos e pulseiras) ajudam a não levar tudo tão a sério.
Essa moda, para meninas e meninos, é uma ciranda cromática e o convite é para entrar na roda – um novo ciclo de (mais) cem anos para gerações menos pretensiosas.