
Fotos: @puzzlepictures_moz
@raelsilver_rs
Na última quarta-feira (24), o designer baiano Dih Morais, nascido no Quilombo Barro Preto, no interior da Bahia, levou sua coleção homônima para a passarela do Fancy Africa, em Maputo. O feito entrou para a história: foi a primeira vez que uma grife quilombola brasileira desfilou em um evento de moda no continente africano.
A apresentação, que abriu o bloco de desfiles do evento, materializou um retorno simbólico às raízes africanas pela lente da moda contemporânea. A coleção “Quilombo Barro Preto”, já mostrada no Brasil Eco Fashion Week 2024, ganhou uma nova dimensão ao ocupar o espaço moçambicano — unindo resistência, estética e ancestralidade em um só gesto.
A performance da cantora Delta Acacio deu ritmo ao desfile, enquanto o casting diversificado reuniu modelos locais, nomes vindos da África do Sul e a brasileira Letícia Nascimento, reforçando o caráter coletivo e plural da marca.
“Não é só sobre mim, é sobre um povo, um quilombo, uma história que se conecta com outras”, declarou Dih Morais. Criada em 2016 sob a filosofia Ubuntu, sua marca encontrou no Fancy Africa o palco ideal para afirmar valores de comunidade e bem-estar coletivo. A participação foi viabilizada por meio de uma vaquinha virtual, apoiada por artistas e seguidores, mostrando como sonhos podem se concretizar pela força da coletividade. Para Morais, o desfile não se encerra nele mesmo: “Espero que não parem em mim… que outros quilombolas, periféricos, consigam chegar lá e continuar a contar essa história linda.”