O verão 2026 de Schiaparelli, Rick Owens e Carven brincou com os diversos tons de preto, passando pelo branco e cinza. Foto: Getty (colagem)

As ruas já apontavam e agora as passarelas confirmam: o preto é a cor que rege o verão 2026. Não se trata apenas de um luto fashion ou de uma monocromia sem frescor, mas da possibilidade de explorar texturas, cortes e contrastes dentro de uma paleta que se move entre o preto, o branco e o cinza. Nos dias que correm rápido em Paris, três desfiles, em especial, traduziram esse movimento de forma distinta: Schiaparelli, Carven e Rick Owens.

Rick Owens manteve seu olhar distópico, quase apocalíptico. Couro e malhas transparentes moldaram a silhueta, enquanto capas fluidas ampliaram os ombros, impondo uma presença quase ritualística. A dramaticidade segue sendo sua assinatura, mas agora reconfigurada em camadas que alternam peso e leveza.

Carven, sob a nova direção de Mark Thomas, buscou o caminho da sofisticação contemporânea. Cortes retos e tecidos franceses criaram um frescor sensual, sem abrir mão da herança da maison. O branco dominou a coleção, em contraste com referências sutis à icônica orquídea da fundadora, reposicionando a marca entre passado e desejo atual.

Já Schiaparelli trouxe o brilho do acetinado para interromper a monotonia do preto. Transparências criaram o efeito de pele como tela, sobre a qual se distribuíam poás e jogos entre o P&B. O resultado foi uma leitura gráfica, quase como um eclipse em movimento, onde preto e branco se encontram para gerar novas tonalidades de cinza. 

O trio de desfiles mostrou que, se a moda vive de ciclos, este é o momento em que a cor mais densa se abre em múltiplas possibilidades,  não como ausência, mas como terreno fértil para novas construções.